Cena do espetáculo 'Carta para Mercedes'

A apresenta��o do grupo de bal� carioca integra a programa��o do projeto Palco Girat�rio, neste ano voltado � dan�a

laudia Ferreira/Divulga��o


A Cia. �tnica de Dan�a, do Rio de Janeiro, apresenta neste s�bado (10/6) em Belo Horizonte o espet�culo “Carta para Mercedes”, que integra a 25ª edi��o do projeto Palco Girat�rio. Em sua volta ao modo presencial, o projeto adotou, neste ano, um recorte voltado para a linguagem da dan�a. A programa��o inclui apresenta��es, interven��es e atividades formativas sobre a presen�a e a atua��o de artistas negros na dan�a brasileira.
 
“O Palco Girat�rio � um projeto do departamento nacional do Sesc, em parceria com os departamentos regionais, de difus�o e interc�mbio da arte. Agora, depois de quatro anos on-line, ele retoma seu formato presencial. Nosso principal objetivo � circular com as artes c�nicas no pa�s inteiro, com grupos locais de diversas regi�es do pa�s”, afirma Priscilla D’Agostini, gerente do Sesc Palladium, que sedia as atividades do Palco Girat�rio em BH.  
 
“Cartas para Mercedes” se baseia na hist�ria de Mercedes Baptista (1921-2014), primeira bailarina negra a passar no disputado concurso para fazer parte do corpo de baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Seu nome � identificado com a cria��o do bal� afrobrasileiro, que promoveu inova��es coreogr�ficas e a presen�a de artistas negros em espa�os tradicionais da dan�a. 
 
 
Com quase 30 anos de atua��o, a Cia. �tnica de Dan�a faz sua estreia na grade do Palco Girat�rio. A carioca Carmen Luz, fundadora da companhia, ressalta a necessidade de mais a��es que ampliem as oportunidades e incentivos para a atua��o de artistas vindos das periferias.
Sobre seu trabalho, especificamente, ela diz: “Penso sempre no imagin�rio da popula��o negra. � isso o que mais me interessa. Os percursos biogr�ficos, a observa��o do cotidiano das popula��es negras ao redor do mundo”. 
 
“Carta para Mercedes”, segundo ela explica, “vem de uma pesquisa muito longa sobre a Mercedes e todo o universo atravessado por ela, desde o primeiro desejo dela de ser alguma coisa diferente do que era destinado �s meninas pretas do interior at� todo o prest�gio conquistado por ela”.

Em cena, a coreografia � feita a partir de objetos relacionados �s experi�ncias de vida de Mercedes, que s�o colocados no ch�o e provocam o deslocamento das bailarinas pelo palco. A trilha sonora � executada ao vivo e promove um encontro entre as sonoridades tradicionais e contempor�neas, girando em torno da constru��o da identidade negra na dan�a brasileira.
 
De acordo com Carmen, embora seja um trabalho sobre as experi�ncias de vida de Mercedes, o espet�culo tamb�m dialoga com o universo das pr�prias bailarinas e dela mesma. “� uma conversa que o trabalho estabelece com uma s�rie de biografias, tomando a Mercedes como essa grande figura da dan�a brasileira, que tem uma determinada trajet�ria da qual, de certa maneira, todas n�s somos continuidade, seja continuidade para o bem ou para o mal”.
 
Ela pontua que diz “para o mal no sentido de que muitas das situa��es que Mercedes passou ao longo de sua trajet�ria ainda hoje representam um desafio para muitas das bailarinas negras brasileiras”. 
 
Na opini�o da core�grafa, o maior feito de Mercedes Batista foi o legado deixado para as futuras gera��es. “Ela deixou uma metodologia, um conjunto de t�cnicas em que v�rias culturas s�o colocadas em contato e que convencionou-se em ser chamada de dan�a afro-brasileira. O que ela inventou eu poderia resumir como uma esp�cie de uni�o diasp�rica da dan�a”, afirma. 
 
Carmen relembra os tempos em que fundou sua companhia , em 1994, com o objetivo de trazer mais destaque para pessoas negras, principalmente mulheres, nos ambientes do teatro e da dan�a. “Na �poca, na nossa cidade (Rio de Janeiro) n�o era comum ver diretoras e core�grafas, principalmente de dan�a contempor�nea, que fossem negras. Hoje a gente j� v� em muitos lugares, mas, naquele momento, a companhia nasceu com o desejo de fazer essa interven��o na cena.”
 
Desde ent�o, a companhia se dedica a realizar projetos sociais e culturais, que envolvem a montagem de espet�culos, a produ��o de v�deos, pesquisas e interven��es. 


“CARTAS PARA MERCEDES”

Com a Cia �tnica de Dan�a. Neste s�bado (10/6), �s 21h, no Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Ingressos a R$ 20 (inteira), � venda pelo site Sympla.  

*Estagi�ria sob supervis�o da editora Silvana Arantes