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Ingressos s�o esgotados, f�s se desapontam, a produtora adiciona uma nova data e a euforia toma conta

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� bem conhecido o ritual do bis em um show, com o p�blico clamando por 'mais um' e o artista, ap�s uma despedida breve, retorna ao palco para uma �ltima performance. Contudo, uma t�tica similar tem sido empregada muito antes do show come�ar: ingressos s�o esgotados, f�s se desapontam, a produtora adiciona uma nova data e a euforia toma conta.
 
Para insiders da ind�stria, isso n�o � uma surpresa. Shows extras de artistas como Harry Styles, Coldplay e Taylor Swift (com ingressos � venda nesta quinta, �s 10h) t�m gerado grande expectativa entre os f�s, mas como s�o negociadas essas datas adicionais?

Entrevistas com profissionais de grandes produtoras de show lan�am luz sobre o processo. Mesmo no caso do Coldplay, que anunciou gradativamente at� um total de 11 apresenta��es no Brasil em 2023, todas as datas j� estavam pr�-estabelecidas.
 
'Esse � um m�todo antigo e reconhecido no mercado, de revelar as datas gradualmente. H� um elemento psicol�gico de oportunidade �nica, a sensa��o de exclusividade', afirma Andr� Barcinski, produtor de eventos e propriet�rio da ag�ncia MAR, em parceria com Leandro Carbonato.
 
 
Andr�, que trabalha com shows de m�dio porte, explica que para megashows, � altamente improv�vel que uma data adicional seja genuinamente uma surpresa. 'S�o produ��es que envolvem centenas de pessoas e alteram agendas extremamente apertadas dos artistas.'
 
Ele tamb�m faz um coment�rio que os f�s mais observadores j� conhecem: lacunas na agenda do artista sugerem a possibilidade de um show extra. 'Se um artista programava uma apresenta��o no Brasil, e de repente passa para duas, isso significa que nos dias subsequentes ele n�o tinha nenhum compromisso em qualquer outro lugar do mundo. N�o � uma coincid�ncia.'

Um produtor an�nimo, que trabalhou nas maiores ag�ncias de shows do pa�s, esclarece as vantagens e riscos de se manter datas reservadas para posterior divulga��o. 'O show adicional sempre est� pr�-arranjado. Adquire-se dois shows do artista.
 
O primeiro � vendido, e ent�o � ativado o segundo. � arriscado divulgar dois shows simultaneamente, porque o risco � dobrado.' Ele enfatiza que a proposta inicial precisa ser certeira, sem margem para erro.

Errar para menos significa agendar menos datas do que a demanda exige. Se essa discrep�ncia for percebida tarde demais, � dif�cil de ser corrigida, j� que a agenda do artista estar� cheia globalmente. J� o erro para mais pode resultar em vendas fracas do primeiro show e a falta de demanda para um extra, mas o artista ainda receber� o pagamento pelas duas datas.
 

Outro produtor an�nimo sugere duas op��es para o caso de n�o haver demanda para um show adicional j� contratado: realizar o show de qualquer maneira, tentando minimizar as perdas com promo��es e, em �ltimo caso, procurando um local menor para a apresenta��o. A outra alternativa, no caso de um 'flop', � n�o divulgar a data e cancelar o evento. O pagamento ao artista ser� realizado, mas pelo menos os custos com a produ��o do show podem ser evitados.

A concentra��o do mercado nas m�os de poucas empresas tem reduzido este tipo de preju�zo, segundo o produtor. 'Eles s�o propriet�rios dos locais de shows e das ag�ncias dos artistas. Se precisam cancelar em uma cidade, basta reagendar em outra. Produtores independentes t�m o risco, mas essas megaempresas t�m cada vez menos.'

As maiores produtoras do Brasil, T4F e Live Nation, respons�veis pelos shows de Harry Styles, Coldplay, Roger Waters e Taylor Swift, n�o quiseram comentar sobre o assunto.