Escritor Roberto Drummond no Viaduto Santa Tereza, em BH

Apaixonado por Belo Horizonte, Roberto Drummond fez da cidade o cen�rio de seu livro mais famoso, 'Hilda Furac�o'

Beto Novaes/EM/D.A Press/16/7/2001


Roberto Drummond (1933-2002) estar� de volta � Savassi, seu lugar preferido em Belo Horizonte. O escritor ser� homenageado neste domingo (25/6), no quarteir�o fechado da Rua Ant�nio de Albuquerque, no espa�o de bares, a partir das 10h. E uma parte de sua vida, que poucos conhecem – e ele era tamb�m compositor –, ser� revivida por seus amigos.

A ideia partiu do m�sico e compositor Alexandre Sales, que reuniu companheiros do cronista, falecido h� 21 anos, devido a problemas card�acos. S�o pessoas que trabalharam e viveram com Roberto Drummond desde o in�cio de sua carreira, nos anos 1950.

Na Savassi, os amigos contar�o as hist�rias de Roberto, ler�o suas cr�nicas e, entre uma fala e outra, haver� m�sica, muita m�sica, inclusive as que trazem versos que ele escreveu, como “Ora��o � santa Marilyn Monroe” (com Breno Milagres), “Esta noite eu estarei com Martha Gellhorn” (tamb�m com Breno Milagres) e “Voc� n�o consegue matar esse amor” (com Alexandre Sales).

O roteirista, documentarista e compositor Breno Milagres conta detalhes da parceria com Roberto Drummond. “Mostrei as m�sicas para ele, e ele disse que iria music�-las, como fez. Me entregou as letras, que falam de Marilyn Monroe, de quem era f�, e Martha Gellhorn, mulher de Ernest Hemingway.”

Celso Adolfo, Mirtes Helena, S�lvio Scalione, Fernando �ngelo, S�rgio Moreira, Selmma Carvalho, Eduardo Filizzola e Celso Amorim, al�m de Alexandre Sales, est�o entre os m�sicos e amigos que v�o homenagear Roberto Drummond.

Reinaldo vai relembrar causos

J� o ex-jogador Reinaldo, do Atl�tico, � um dos contadores de causos do escritor, que era torcedor apaixonado do time mineiro e autor da frase imortalizada pela torcida do Galo: “Se houver uma camisa branca e preta pendurada no varal durante uma tempestade, o atleticano torce contra o vento”.
 

A carreira de Roberto Drummond como jornalista come�ou por acaso. Estudante de filosofia na UFMG, ele foi � reda��o da extinta Folha de Minas para pedir nota sobre uma manifesta��o que o movimento estudantil faria no dia seguinte, na Avenida Afonso Pena.

Foi recebido pelo redator-chefe, que perguntou qual era o seu nome. Da�, veio o di�logo:

– Eu n�o gosto do meu nome, disse Roberto.

– E qual � o seu nome?

– � Robert.

– Ent�o, como posso cham�-lo?, perguntou o jornalista

– Eu gosto que me chamem de Roberto, respondeu.

– E o sobrenome?

– Drummond.

O futuro escritor n�o sabia, mas � sua frente estava outro Drummond, Felippe, que logo puxou conversa sobre a fam�lia. E disse: “Ent�o voc� � meu parente”. Roberto explicou que era de Ferros. O redator, ent�o, disparou: “N�s somos parentes. Meu pai e sua m�e s�o primos.”

E Fellipe Drummond emendou outra pergunta: “Voc� sabe bater m�quina de escrever?”

Ap�s o “sim” do ent�o estudante,  veio a proposta: “Voc� n�o quer trabalhar aqui?”

Nascia ali o rep�rter Roberto Drummond, que foi escalado para cobrir a zona bo�mia de BH. As andan�as por l� o inspiraram a escrever um dos seus maiores sucessos, o livro “Hilda Furac�o”, que ganhou adapta��o em miniss�rie hom�nima da TV Globo.

Jornalista ganhou o Pr�mio Esso

Roberto Drummond, jornalista, tamb�m fez hist�ria. Ganhou um Pr�mio Esso quando simulou a compra de retirantes nordestinos que vieram a Minas Gerais em busca de trabalho. Morreu trabalhando, escrevendo cr�nicas no Estado de Minas.

“O Roberto parecia escrever um livro 24 horas por dia. Vivia imaginando hist�rias. Ele era muito criativo, como poucos”, relembra Alexandre Sales, o amigo que idealizou a homenagem ao amigo Roberto Drummond.