Atrizes Nadia Tereszkiewicz, Isabelle Huppert e Rebecca Marder com roupas dos anos 30 em cena do filme O crime meu

Nadia Tereszkiewicz (Madeleine Verdier), Isabelle Huppert (Odette Chaumette) e Rebecca Marder (Pauline Mauleon): o trio de estrelas do filme de Fran�ois Ozon

Imovision/divulga��o


Um texto teatral dos anos 1930 se tornou uma deliciosa (e atual�ssima) com�dia feminista. Com estreia nos cinemas nesta quinta-feira (6/7), “O crime � meu” � o 22º filme de Fran�ois Ozon em 25 anos. Mais prol�fico cineasta franc�s da atualidade, a exemplo de um de seus filmes mais populares – “8 mulheres” (2002) –, ele re�ne um homem assassinado e v�rias figuras femininas suspeitas.

O ponto de partida do longa � a pe�a “Mon crime” (tamb�m o t�tulo original do filme), espet�culo em dois atos lan�ado por Georges Berr e Louis Verneuil em 1934. Na adapta��o, Ozon manteve o per�odo.
 
Na Paris dos anos 1930, duas jovens amigas – a atriz Madeleine Verdier (Nadia Tereszkiewicz) e a advogada Pauline Maule�n (Rebecca Marder) – suam para pagar o aluguel vencido do pardieiro que dividem.

Madeleine, a loira, � linda, mas n�o consegue bons pap�is – n�o h� nenhuma raz�o para que ela realmente seja uma boa atriz. Pauline, a morena, � sempre sua coadjuvante. Inteligente e sem papas na l�ngua, formou-se em direito mas n�o consegue clientes.

Em casa, Pauline � avisada do despejo pelo senhorio. Madeleine chega pouco depois, irritada e frustrada. Havia ido ao encontro de um rico (e velho) produtor teatral. Ele lhe ofereceu um papel m�nimo, mas tamb�m uma quantia vultuosa para que ela se torne sua amante regular.

Al�m da carreira que n�o sai do lugar, Madeleine tem de lidar com o jovem noivo Andr� Bonnard (�douard Sulpice), de fam�lia rica e nenhuma vontade (ou talento) para trabalhar. Sem o menor pudor, ele lhe oferece uma solu��o (�tima para ele, deprimente para ela). Vai se casar com uma rica e feia herdeira e Madeleine ser� sua amante.
 
 

Sob suspeita

Nesse meio tempo, o inesperado acontece. O velho produtor foi assassinado em casa, pouco depois da sa�da de Madeleine. Rapidamente, ela � apontada como a principal suspeita pelo investigador Gustave Rabusset (Fabrice Luchini). Resolver esse caso de grandes propor��es ser� �timo para a carreira dele.

Madeleine n�o tem muitas op��es e Pauline lhe d� o caminho a seguir. Ela confessa o assassinato e, no julgamento, a partir das palavras escritas pela amiga advogada, surge a grande atriz. A vida est� finalmente sorrindo para a dupla. S� que uma pessoa do passado aparece, atrapalhando os planos.

Odette Chaumette (Isabelle Huppert, que a partir do momento em que entra em cena toma o filme para si) foi estrela do cinema mudo. Mas ningu�m se interessou por sua carreira com a chegada do som, e a incontin�ncia verbal da pr�pria Odette n�o a ajudou nem um pouco. No ostracismo e com a idade avan�ando, ela v� no crime a sua chance de dar a volta por cima.
 
 
O cen�rio est� montado para v�rias discuss�es pertinentes tanto ontem quanto hoje: a voracidade da imprensa; homens abusivos; autoridades corruptas; guardi�es da moral e dos bons costumes. Etarismo e sexismo tamb�m, � claro. Os di�logos s�o desfiados com eleg�ncia – ningu�m � realmente inocente, e ningu�m tampouco se importa com isso.

A partir de uma quest�o deliciosamente amoral – o assassinato not�rio do qual todos querem tirar proveito –, o “O crime � meu” diverte com elenco formado por diferentes gera��es de atores franceses. Que, pelo andar da carruagem, devem ter se divertido � be�a durante as filmagens.

“O CRIME � MEU”

(Fran�a, 2023, 115min., de Fran�ois Ozon, com Nadia Tereszkiewicz, Rebecca Marder e Isabelle Huppert). Estreia nesta quinta-feira (6/7), com sess�es no Ponteio 4, �s 16h35, 18h50 e 21h10, e UNA Cine Belas Artes 2, �s 14h, 16h10, 18h20 e 20h30.