A cantora Claudia Manzo

A cantora chilena Claudia Manzo, do BaianaSystem, apresenta no domingo o show de seu �lbum solo "Re-voltar", na programa��o do festival

Luciana Diniz/Divulgac�o

Feiras de ruas, shows, performances teatrais e rodas de conversa destacam a cultura de pa�ses como Peru, Haiti, Chile, Argentina, Col�mbia, Venezuela e Rep�blica Democr�tica do Congo, a partir desta sexta-feira (21/7) at� a pr�xima segunda, em Belo Horizonte. A primeira edi��o do Festival Migrante � uma iniciativa do coletivo de mulheres migrantes Cio da Terra.

“A proposta do festival � reunir toda a diversidade da migra��o que existe no Brasil e em Belo Horizonte, tanto que � um evento todo protagonizado e organizado por n�s, imigrantes, para que as pessoas possam conhecer melhor nossas culturas”, afirma a peruana Marinela Herrera, uma das organizadoras do projeto.

A abertura, �s 19h de hoje, ter� um encontro sobre o tema “Mulheres e migra��es”, transmitido ao vivo pelo canal do YouTube do festival.

Cantora e compositora chilena que integra o grupo Baianasystem, Claudia Manzo participa do festival apresentando o show do �lbum “Re-voltar” (2022) pela primeira vez na capital mineira.


Nascida em 1985 no Chile, Claudia Manzo se instalou no Brasil em outubro de 2012 e viveu durante uma d�cada em Belo Horizonte, onde participava ativamente das atividades do coletivo Cio da Terra. Hoje, a artista est� radicada em Salvador. “Estar de volta a BH � muito bom. Aqui foi minha casa por mais de 10 anos, ent�o tenho uma rela��o profunda com a cidade, com os artistas, com tudo”, diz.

Nas 10 faixas de seu �lbum solo “Re-voltar”, Claudia aborda temas relacionados � sua viv�ncia como estrangeira no Brasil e as saudades de casa.

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Acontecimentos recentes da hist�ria chilena, como os megaprotestos de 2019 em favor da altera��o da Constitui��o datada do per�odo da ditadura Pinochet, tamb�m s�o tratados. “O disco � um olhar para o futuro da humanidade, � um trabalho que fala sobre olhar para tr�s e pegar impulso para ir para a frente”, diz ela.

O show dela no Festival Migrante ocorre neste domingo (23/7), �s 19 horas, na Casa Circo Gamarra. Na segunda-feira, a artista ministra uma oficina de canto no Centro de Refer�ncia da Juventude, tamb�m �s 19h.

Sobre o coletivo Cio da Terra, fundado em 2017, ela afirma: “Acho importante ter um coletivo desses porque mulheres imigrantes sempre s�o v�timas de muita viol�ncia. Mulheres j� s�o v�timas por si s� e, quando elas migram, n�o t�m rede de apoio, n�o t�m fam�lia e, �s vezes, acabam em relacionamentos violentos, nos quais o parceiro � a �nica pessoa que elas t�m”.

Conscientiza��o

Ela ainda chama a aten��o para a falta de conscientiza��o sobre a discrimina��o no pa�s. “Acho que o Brasil, �s vezes, n�o tem muitas ferramentas ou informa��es que ensinem a popula��o sobre imigra��o. Sinto que, por exemplo, esse n�o seria um tema tratado numa conversa no churrasco de domingo, sabe? E isso � um problema, porque muitos brasileiros come�am a compreender sobre discrimina��o apenas quando saem do Brasil.”

Marinela Herrera, radicada na capital mineira h� 21 anos, diz que a cidade vem mudando sua rela��o n�o t�o amig�vel com os estrangeiros vindos de outros pa�ses da Am�rica Latina e da �frica. “Sinto que as pessoas est�o aprendendo a conviver de uma maneira mais tranquila com quem � de fora. Quando cheguei aqui, era muito mais estranho. Estamos vivenciando essa mudan�a, e o festival vem justamente para fortalecer esse processo”, afirma.

Ela aponta, no entanto, que a quest�o tem que contar com aten��o governamental, tendo em vista casos de viol�ncia contra imigrantes no pa�s, como o assassinato do jovem congol�s Mo�se Kabagambe, no Rio de janiero, em 2022. “Acredito que a inclus�o das pol�ticas p�blicas pode ajudar muito nessa visibilidade e na aceita��o da popula��o imigrante. Isso j� acontece em outros estados, como S�o Paulo. Estamos lutando para que isso se estabele�a em BH e acreditamos que tempos melhores est�o por vir.”

A programa��o do Festival Migrante inclui oficinas de capoeira angolana, dan�a r�tmica cubana e apresenta��es circenses no Centro de Refer�ncia da Juventude, nos centros culturais S�o Geraldo e Venda Nova e na Casa Circo Gamarra.

“Desejamos chegar em outros bairros e lugares al�m do Centro, que tem muitos imigrantes. Queremos tamb�m que isso n�o se restrinja s� a n�s. As oficinas s�o para a popula��o em geral. O festival � uma oportunidade para vivenciar uma diversidade art�stica. Fa�o um convite para que a popula��o venha nos conhecer, conhecer o coletivo. Somos mulheres de diversas nacionalidades, culturas e costumes. Vai ser muito interessante”, diz Marinela.

FESTIVAL MIGRANTE

Desta sexta (21/7) a segunda (24/7), com atividades no Centro de Refer�ncia da Juventude (Rua Guaicurus, 50, Centro), Centro Cultural S�o Geraldo (Rua Silva Alvarenga, 548, S�o Geraldo), Centro Cultural Venda Nova (Rua Jos� Ferreira dos Santos, 184, Comerci�rios) e Casa Circo Gamarra (Rua Conselheiro Rocha, 1.513 - Santa Tereza). Entrada gratuita. Programa��o completa no instagram: @ciodaterramigrantes.

*Estagi�ria sob supervis�o da editora Silvana Arantes