Humorista Esse Menino, vestido de terno, sorri

Mineiro de Te�filo Otoni, Esse Menino estourou nas redes em 2021, deu um tempo e agora apresenta espet�culo solo pelo pa�s

Lorena Dini/divulga��o

'O que mais me d� paz � a liberdade de poder fazer os conte�dos que fa�o no Instagram'

Esse Menino, humorista


Os mais ligados nas redes v�o reconhecer os bord�es “Aqui quem fala � ela, a P-fizer”, “T� passada?” e “Beijinhos cient�ficos”. Trata-se do “meme da Pfizer”, que viralizou em 2021, protagonizado pelo mineiro Esse Menino – ele prefere n�o revelar seu nome de registro.

Naquela produ��o caseira, gravada dentro do quarto com c�mera de celular, o humorista de Te�filo Otoni ironizava o ent�o presidente Jair Bolsonaro, a quem chamava de “Naro”,  por n�o responder a 101 e-mails da farmac�utica Pfizer, propondo a venda de vacinas ao pa�s em plena crise da COVID-19.

Fingindo ser representante da empresa, Esse Menino criava potenciais correspond�ncias, todas em tom de humor, que a Pfizer poderia ter enviado ao governo brasileiro.
 
 

Sucesso e trauma

A s�tira “bombou”. E, conforme ele mesmo diz, sua vida mudou depois do v�deo. Em quest�o de dias, ganhou milhares de seguidores, fechou parcerias comerciais com marcas de peso, virou presen�a constante em podcasts e sites de not�cias.

Contudo, o sucesso repentino n�o fez bem ao rapaz de 26 anos. Passados seis meses do estouro, Esse Menino se afastou das redes sociais, anunciou pausa na carreira e foi cuidar da sa�de mental.

O retorno �s atividades ocorreu no ano passado, com o stand-up “Esse Menino ao vivo”, estreia do artista em espet�culo solo. A turn� foi bem recebida e prossegue este ano, rodando cidades do Nordeste, Sul e Sudeste.

Em setembro, ele desembarca em Belo Horizonte para se apresentar no Cine Theatro Brasil Vallourec. Parte dos ingressos j� acabou. H� entradas dispon�veis apenas para a plateia superior, � venda na bilheteria do teatro e no site Eventim.

“Agora estamos vindo mais preparados, com um circo mais armado”, avisa o comediante. “Sinto que a galera que tem ido ao show finalmente consegue entender que Esse Menino n�o � personagem que eu criei. Sou eu mesmo, � como se fosse meu apelido. Assim, as pessoas conseguem estabelecer conex�o melhor, porque stand-up � isso: eu ali, falando de v�rias quest�es. � uma sess�o mais intimista”, afirma.

Isso n�o quer dizer, no entanto, que Esse Menino vai assumir personalidade mais comedida no palco, contrastando com seu jeito espalhafatoso. E, sim, abordar� temas recorrentes em sua vida, como a perspectiva da comunidade LGBTQIA+ em rela��o � sociedade e o sexo gay.

A pol�tica estar� no repert�rio, mas sem entrar muito em quest�es partid�rias a ponto de transformar o espet�culo em pe�a panflet�ria.

Tais assuntos, ali�s, j� fazem parte do repert�rio dele na internet. “S�o temas muito pouco explorados na com�dia, sobretudo no stand-up, ambiente majoritariamente heterossexual”, destaca. Contudo, as piadas feitas para o teatro n�o ser�o as mesmas que foram contadas nas redes sociais.
 
 

Embora tenha conquistado popularidade na internet – al�m do “v�deo da Pfizer”, Esse Menino mant�m a periodicidade de publica��es humor�sticas em suas redes –, ele n�o pretendia fazer das plataformas digitais seu principal meio de trabalho.

Ex-estudante de cinema, come�ou a gravar pequenos esquetes no Instagram a fim de avaliar como o p�blico receberia as piadas de seus roteiros. N�o funcionou do jeito que imaginava. “As pessoas comentavam ‘kkkk’ ou ‘ri muito’, mas se tratava de v�deo de um minuto e meio, com v�rias piadas seguidas, uma depois da outra. Eu n�o sabia qual piada funcionava e qual n�o funcionava”, lembra ele.
 

'Muito da minha carreira eu fiz de maneira independente. Ent�o, sei como � a cena independente. Sei como � desenvolver um projeto sem ter cheque de milh�es no bolso. Sei como funciona'

Esse Menino, humorista

 

Em 2019, j� morando na capital paulista, ele resolveu contar suas piadas no palco e assistir em tempo real � rea��o do p�blico. 

Come�ou fazendo pequenos shows de cinco minutos – muitas vezes, abrindo espet�culos de outros comediantes. Quando j� estava amadurecendo e ganhando traquejo, veio a pandemia. “A�, tive que dar dez passos para tr�s e voltar para Te�filo Otoni”, conta.

Foi l� que gravou o “v�deo da Pfizer”. Esse Menino jamais imaginaria que a s�tira que o al�ou ao estrelato poderia lev�-lo ao esgotamento mental.

“O ambiente (art�stico) �s vezes te engole”, comenta. “Quebrei minha cara muitas vezes com a realidade desse ambiente. As coisas n�o s�o t�o organizadas como deveriam ser. Nem todo mundo tem a boa inten��o que a gente pensa. Ent�o, isso foi me machucando muito. Tinha receio de que minha carreira acabasse ali e me cobrava para que isso n�o acontecesse”.

Ele confessa: chegou ao n�vel m�ximo de estresse. “Foi o famoso burnout”, diz. Da� a decis�o de dar um tempo. “Sempre escrevo tudo o que fa�o, mas, naquele momento, n�o estava conseguindo escrever nada. N�o tinha nenhuma ideia. E, ao mesmo tempo, estava me cobrando”, afirma.
 

'Quebrei minha cara muitas vezes com a realidade desse ambiente (art�stico). As coisas n�o s�o t�o organizadas como deveriam ser. Nem todo mundo tem a boa inten��o que a gente pensa. Ent�o, isso foi me machucando muito'

Esse Menino, humorista

 

Terapia

A recupera��o veio com a terapia. No in�cio do ano passado, ele voltou a ter autoconfian�a para tocar seus projetos, montou a pr�pria equipe, encabe�ada pelo irm�o mais velho, Felipe, al�m de um social media, um maquiador e um estilista.

Esse Menino conta tamb�m com assessoria de marketing da Mynd8, empresa que tem Preta Gil como s�cia e gerencia as redes sociais de quase 300 perfis de artistas, digitais influencers e p�ginas de fofoca.
 

Com a confian�a readquirida, ele passou a escolher projetos de que gostaria de participar. Deixou de ter medo de rejeitar propostas que n�o o agradassem.

“Muito da minha carreira eu fiz de maneira independente. Ent�o, sei como � a cena independente. Sei como � desenvolver um projeto sem ter cheque de milh�es no bolso. Sei como funciona. Ent�o, tudo pode rolar”, ressalta.

Para o futuro, Esse Menino tem planos de gravar seu stand-up e lan��-lo nas plataformas. Tamb�m negocia com plataformas de streaming projetos escritos por ele e outros em que atua. At� o pr�prio show ele est� negociando.

“O que mais me d� paz � a liberdade de poder fazer os conte�dos que fa�o no Instagram. Se apresento um trabalho hoje para a Netflix e ela me fala n�o, amanh�, dependendo do or�amento, consigo fazer por conta pr�pria (nas redes). Gra�as a Deus, sei que vai ter p�blico, vai ter quem assista. Isso � o que me d� paz”, conclui.

“ESSE MENINO AO VIVO”

Stand-up do humorista Esse Menino. Em 16 de setembro (s�bado), �s 20h, no Cine Theatro Brasil Vallourec (Pra�a Sete, Centro). Ingressos: R$ 80 (inteira/plateia superior) e R$ 40 (meia/plateia superior), � venda na bilheteria do teatro ou no site eventim.com.br. Informa��es: (31) 3201-5211.