O dançarino Haninne, que venceu disputa de ballroom

O dan�arino Haninne, vestido de azul, venceu disputa de ballroom

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

'A cultura ballroom celebra os corpos marginalizados pela sociedade, por isso � muito importante um evento como este, que d� visibilidade e apresenta o movimento para a popula��o'

Haninne, dan�arino de ballroom


A Rua Guaicurus, no Centro de Belo Horizonte, foi palco de um movimento pol�tico que celebra diversidade de g�nero, sexualidade e ra�a: a cultura ballroom – “convidada especial” da Virada Cultural, encerrada ontem.

Surgida em Nova York nos anos 1970, as ballrooms reuniam pessoas negras LGBTQIA+ em festas onde elas podiam dan�ar e se expressar sem ser alvo de preconceito e discrimina��o.

“Ballroom � a sala do baile. Mulheres trans e travestis pretas que trabalhavam nos bailes da alta sociedade se reuniam em locais alugados para fazer as pr�prias festas”, explica Malena Rodrigues, de 20 anos, bailarina conhecida na cena mineira do estilo, onde todas as pessoas t�m nomes art�sticos.
 

Cultura de resist�ncia

Lyra Cosmo, outro destaque do ballroom, diz se trata da “cultura de resist�ncia de mulheres trans, pretas e perif�ricas LGBTQIA , pessoas � margem da sociedade da cultura cisg�nero heteronormativa em que a gente vive”.

De acordo com Lyra, a Ballroom chegou � capital mineira por volta de 2015, tendo como pioneiros o Trio Lipstick, grupo de performance, pesquisa e produ��o da cultura, e Cristal Lopes, artista transativista e diva do carnaval de Belo Horizonte.

Na apresenta��o de ontem, as artistas apresentaram ao p�blico algumas das modalidades da ballroom, que tem por tradi��o promover batalhas de performances, uma esp�cie de concurso. Uma das categorias � a runway, inspirada em desfiles de moda e em caras e bocas das top models nas passarelas tradicionais.

Todo produzido, com vestido longo em tons de azul, o enfermeiro Halisson Nanine, de 30 anos, foi aclamado vencedor da categoria e desfilou pela Rua Guaicurus, transformada em passarela.

“A cultura ballroom celebra os corpos marginalizados pela sociedade, por isso � muito importante um evento como este, que d� visibilidade e apresenta o movimento para a popula��o”, diz o enfermeiro, cujo nome art�stico � Haninne.

Baiano, ele se mudou para Belo Horizonte h� pouco mais de um ano para estudar a cultura ballroom. Quem quiser conhecer o movimento que coloriu a Guaicurus na tarde ontem pode participar dos bailes realizados semanalmente em v�rios locais. A agenda sempre � divulgada na p�gina @mgballroom no Instagram”.

“� muito importante ocupar espa�os como festivais e eventos culturais, porque a ballroom � feita exclusivamente por mulheres trans, mulheres pretas e pessoas cujos corpos n�o s�o aceitos pela sociedade normativa. A cultura surgiu justamente para que pessoas que performam ou s�o transg�neras possam caminhar com sustentabilidade no mundo normativo”, defende Haninne.
 

Al�m do Baile de Todas as Cores, o Palco Guaicurus recebeu ontem a festa Alta Fidelidade 100% Vinil, realizada na capital mineira h� 14 anos. O evento celebra todos os estilos de m�sica, desde que o som venha do disco de vinil.
 
Quarteirão fechado da Praça Sete virou quadra de baile domingueiro durante a Virada

Quarteir�o fechado da Pra�a Sete virou quadra de baile domingueiro

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

'Dan�a � terapia. Ela cura qualquer coisa, por isso � uma alegria poder dan�ar com as pessoas na rua'

Latrel, dan�arino

 

A terapia chic no Quarteir�o do Soul

A chuva forte da tarde n�o desanimou o p�blico da Virada, que dan�ou como se o quarteir�o fechado da Pra�a Sete fosse quadra de baile. O DJ A Coisa e Evandro MC, destaques da cultura urbana de BH, apresentaram o show “Imaginaras”, com hip hop e soul. Tamb�m apresentaram os primeiros vinis de rap produzidos na capital mineira.

Os grupos Enigma e Turma do Passinho Raul Latrel convocaram o p�blico a se soltar. “Dan�a � terapia. Ela cura qualquer coisa, por isso � uma alegria poder dan�ar com as pessoas na rua”, contou Latrel, de 55 anos.

Dan�arino desde a d�cada de 1980 e coordenador da Turma do Passinho, fundada h� 16, Latrel usava terno de cetim em dois tons de azul. Contou que tem 23 ternos no arm�rio. “� tradi��o do soul os dan�arinos se apresentarem sempre bem-vestidos”, comentou.

Eduardo Siqueira, de 48, professor de matem�tica, era um dos mais animados do Enigma, tradicional grupo de dan�a que se apresenta desde a d�cada de 1980 nas quadras da capital.

O grupo surgiu no Bairro Goi�nia, na Regi�o Leste, na d�cada de 1990. No in�cio, dedicava-se � techno dance e depois passou a fazer coreografias de v�rios estilos, mas sempre se apresentando nos bailes de quadra aos fins de semana.

“Dan�ar � bom para a sa�de f�sica e mental”, garante Siqueira. “Quem quiser, � s� vir dan�ar com a gente”, convida. O grupo mant�m p�gina no Instagram (@enigmadance), com informa��es e agenda de eventos.