Os integrantes da companhia Luna Lunera, de pé, em meio a vegetação do parque municipal

Elenco no novo espet�culo da Luna Lunera conta com os atores do grupo Marcelo Soul e Cl�udio Dias e as atrizes convidadas Joyce Athi� e Renata Paz

PABLO BERNARDO/DIVULGA��O

E se...? Uma pergunta absurdamente simples est� na g�nese do novo espet�culo da Cia. Luna Lunera. Com estreia na pr�xima sexta-feira (25/8), no Teatro 1 do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-BH), “Aquela que eu (n�o) fui” parte de um questionamento que qualquer pessoa fez (ou far�) a certa altura da vida. 

"Em 2020, em plena pandemia, n�o sab�amos se ir�amos sobreviver. Se sobreviv�ssemos, come�amos a pensar no qu� e em como seria. Todos j� tivemos encruzilhadas, acontecimentos na vida que nos fizeram mudar, seja uma doen�a, uma morte ou uma pandemia. Ent�o (o espet�culo) foi uma tentativa de pensar o que ser�amos se tiv�ssemos tomado outros caminhos", explica o ator Cl�udio Dias.

“Aquela que eu (n�o) fui” � o nono espet�culo do grupo criado no curso de teatro do Centro de Forma��o Art�stica e Tecnol�gica (Cefart) da Funda��o Cl�vis Salgado. � tamb�m a primeira montagem desde a estreia, com "Perdoa-me por me tra�res" (2001), em que o grupo chegou para a sala de ensaio com o texto pronto.

Mas isso n�o quer dizer que o processo para a cria��o da pe�a tenha sido convencional. Muito antes pelo contr�rio. A dramaturgia � assinada por Diogo Liberano. A dire��o teve oito m�os: Vin�cius Arneiro, Marina Arthuzzi, Lucas Fabricio e Isabela Paes. Al�m disso, Z� Walter Albinati, um dos membros do Luna Lunera, fez a assist�ncia de dire��o, estabelecendo a ponte entre o trabalho desenvolvido pelos quatro diretores.

Cap�tulos

Em cena, est�o quatro atores: Marcelo Soul e Cl�udio Dias, da companhia, e as atrizes convidadas Joyce Athi� e Renata Paz. A narrativa � apresentada em quatro partes, que eles chamam de cap�tulos. Cada um deles foi conduzido por um diretor.

"N�o � uma hist�ria cont�nua, linear", comenta Dias. A narrativa apresenta fragmentos das trajet�rias de personagens que se deparam com situa��es de ruptura ou mudan�a. "No processo do trabalho, fomos atr�s de personagens que buscam suas vers�es mais satisfat�rias. Tais mudan�as seriam promovidas pelo desejo pr�prio ou de outro."

S�o 10 personagens nas diferentes cenas. Alguns deles, explica Dias, aparecem em mais de um cap�tulo. "Os pr�prios cap�tulos s�o muito diferentes (entre si). Mas houve um di�logo da dire��o com a dramaturgia. Mesmo com quadros diferentes, � um espet�culo s�, com a mesma unidade."

Para criar a encena��o, cada cap�tulo foi trabalhado durante um m�s com elenco e diretor. Albinati acompanhou o processo completo, fazendo a liga��o entre o cap�tulo anterior e o que estava sendo ensaiado. 

Ainda que a crise sanit�ria tenha sido o evento que motivou a cria��o da pe�a, ela n�o est� presente na narrativa. "O assunto � a reflex�o que parte do momento agudo da vida", afirma Dias. De toda maneira, “Aquela que eu (n�o) fui” � o primeiro espet�culo in�dito da Luna Lunera desde 2019, quando o grupo estreou "E ainda assim se levantar", montagem nascida a partir da ascens�o da direita no Brasil da pr�-pandemia. "Diante da desesperan�a e daquele momento pol�tico t�o assombroso, um tanto de quest�es nos vieram", aponta Dias. 

Neste meio tempo, o grupo completou 20 anos de atua��o. Como era o ano de 2021, a pandemia n�o permitiu que a celebra��o fosse como o Luna Lunera havia pensado. "Foi a comemora��o poss�vel", comenta Dias, fazendo refer�ncia � s�rie de a��es on-line, al�m do lan�amento do livro "Urgente" e do curta "Nessa data querida", nascido a partir do espet�culo hom�nimo, de 2003.

Agora com a vida normal - ou o que pode ser chamado de normal ap�s um evento mundial de forte impacto como foi a crise detonada pela COVID-19 -, o grupo volta de bra�os abertos para o p�blico.

A temporada de “Aquela que eu (n�o) fui” ter� um m�s, seguindo at� o final de setembro. Ap�s a sess�o deste s�bado (26/8) e tamb�m na de 16 de setembro, os atores e toda a equipe da pe�a v�o promover no CCBB um debate com a plateia. E j� no final da temporada, entre 22 e 24 de setembro, o Luna Lunera vai promover a oficina "A atua��o criadora".

“AQUELA QUE EU (N�O) FUI”
Espet�culo da Cia. Luna Lunera. Estreia nesta sexta (25/8), �s 20h, no Teatro 1 do Centro Cultural Banco do Brasil, Pra�a da Liberdade, 450, Funcion�rios. Temporada de sexta a segunda, �s 20h, at� 25 de setembro. Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia para estudantes, idosos e clientes do Banco do Brasil com cart�o Ourocard). � venda na bilheteria e nosite do centro cultural

Estreia marca anivers�rio do CCBB-BH

A estreia de “Aquela que eu (n�o) fui” no CCBB precisamente nesta semana tem uma raz�o de ser. Foi tamb�m a Luna Lunera quem inaugurou, em outubro de 2013, o Teatro I do CCBB. Na �poca, a companhia apresentou um de seus melhores espet�culos, "Prazer".

inda que o teatro tenha entrado em atividade em outubro daquele ano, o CCBB-BH foi inaugurado antes, em 27 de agosto. Uma d�cada mais tarde, o espa�o cultural de maior programa��o e p�blico do Circuito Liberdade (soma 7 milh�es de visitantes em seus 10 anos de exist�ncia, 866 mil pessoas somente de janeiro a junho de 2023, um recorde de p�blico semestral da institui��o) promove a��es e lan�a algumas atra��es bem interessantes.

o pr�ximo domingo (27/8), a data do anivers�rio, ser� aberta a exposi��o "Studio Drift - Vida em coisas". Criado em 2007, em Amsterd�, pelos artistas holandeses Lonneke Gordijn e Ralph Nauta, o Drift traz obras que hoje integram cole��es permanentes do Rockefeller Center, em Nova York, e do Albert Museum, em Londres. 

Da pr�xima quinta (24/8) a domingo, o CCBB Educativo vai apresentar o espet�culo "Nas paredes da mem�ria", que promove uma viagem pelo espa�o cultural, mostrando a obra de grandes artistas cujas obras foram apresentadas nesta primeira d�cada.

Outra iniciativa, j� em cartaz, � uma visita no segundo andar do pr�dio, onde est�o expostas fotografias antigas da edifica��o (finalizada em 1930, quando se tornou sede da Secretaria do Interior do Estado de Minas Gerais), bem como da restaura��o e da reforma empreendidas pelo Banco do Brasil entre 2009 e 2013. Cartazes dos projetos que ocuparam o centro cultural, bem como cat�logos das exposi��es est�o dispon�veis para o p�blico, at� 4 de setembro.