Novo 'Dr�cula' � misto de terror tradicional em alto-mar e true crime

N�o faltam vers�es de vampiros nas telas do cinema e da televis�o. Encontrar um caminho para adaptar "Dr�cula", de Bram Stoker, sem soar repetitivo ou ser ofuscado por cl�ssicos como os filmados por F.W. Murnau, Tod Browning, Terence Fisher e Francis Ford Coppola �, portanto, um desafio quase sobrenatural.

Mas n�o o suficiente para intimidar Andr� Ovredal, noruegu�s que j� se estabeleceu no horror com uma ajudinha de Guillermo Del Toro, para quem dirigiu "Hist�rias assustadoras para contar no escuro", e Stephen King, que o elogiou por "A aut�psia".

Agora, ele leva aos cinemas "Dr�cula: A �ltima viagem do Dem�ter", baseado num pequeno cap�tulo do livro, pouco sugado pela m�quina de adapta��es de Hollywood. Nele, acompanhamos a viagem do tem�vel conde da Transilv�nia, na Rom�nia, � Inglaterra, num navio repleto de caix�es.

 

 

Parece ousado voltar a um cl�ssico do tamanho daquele escrito por Stoker por um prisma t�o estreito, num filme que tem suas duas horas ambientadas em alto-mar. Talvez por estar ciente disso, Ovredal renegou parte do c�none vamp�rico e fez de seu Dr�cula um monstrengo, incapaz de lan�ar charme, como Gary Oldman fazia em "Dr�cula de Bram Stoker", ou de controlar seus anseios animalescos, como Bela Lugosi em "Dr�cula".

 

"Ele nunca foi retratado dessa forma, e n�s buscamos uma abordagem original. Quando li o roteiro, imaginei que essa vers�o de um Dr�cula desconhecido pela tripula��o desse barco, que se aproxima de um dem�nio, daria um filme de terror incr�vel, no estilo de 'Alien, o oitavo passageiro'", diz Ovredal por v�deo.

A men��o faz sentido, j� que o cl�ssico de Ridley Scott tamb�m espalhou p�nico e caos numa embarca��o, esta espacial, enquanto uma criatura maligna e desconhecida transformava os personagens num saboroso banquete.

� o que faz o conde desta nova vers�o de "Dr�cula". Sua apar�ncia, revelada logo no in�cio da trama, remete mais aos dem�nios dos filmes de terror gen�ricos que chegam aos montes nas salas de cinema do que a um ser verdadeiramente enigm�tico, capaz de se misturar � alta sociedade londrina, onde tanto anseia chegar.

Ovredal garante que tentou usar CGI, as imagens geradas por computadores, o m�nimo poss�vel, fazendo o ator Javier Botet, espanhol que j� viveu dem�nios nas telas antes, vestir um enorme figurino que o transformava num morceg�o, uma vers�o dezenas de vezes ampliada do mam�fero alado. O barco onde a a��o se passa, de forma semelhante, era mesmo de madeira, e estava atracado na Alemanha.

"N�s quer�amos um visual que estivesse enraizado na apar�ncia de morcegos, mas tamb�m que lembrasse um homem velho, fr�gil, prestes a morrer. Era importante que eu me envolvesse na concep��o do visual do Dr�cula, e isso � algo que aprendi com o Guillermo Del Toro", diz o cineasta noruegu�s.

 

 

� como se "Dr�cula", em sua vers�o, virasse um misto de vampiro, obviamente, com um dem�nio de filme de possess�o e um serial killer, num aceno � onda de true crime atual. Em "Dem�ter", os tripulantes do navio que d� nome ao filme se tornam v�timas pouco a pouco, sem ter ideia do perigo que est� a bordo.

Primeiro, acham que pode ser algum tipo de praga. Depois, pendem para o sobrenatural e acreditam que o embarque clandestino de uma mo�a teria trazido m� sorte � viagem. Demora at� que o capit�o vivido por Liam Cunningham, seu bra�o-direito interpretado por David Dastmalchian e o m�dico interpretado por Corey Hawkins dimensionem o problema que enfrentam.

O resultado, no entanto, n�o agradou. "Dem�ter" chega ao Brasil nesta quinta (24/8), depois de sangrar nas cr�ticas e bilheterias dos Estados Unidos. No agregador Rotten Tomatoes, teve apenas 45% de aprova��o.

Se a ideia era entrar para o rol de grandes vampiros do cinema, Ovedral vai ter que tentar de novo, talvez com mais apego � obra imortal de Bram Stoker. 

(EUA, 2023, 119 min.) Dire��o: Andr� Ovredal. Com Javier Botet, Corey Hawkins e Liam Cunningham. Classifica��o: 16 anos. Estreia nesta quinta (24/8), em salas dos complexos Cineart, Cinemark, Cin�polis e Cinesercla.