Juliette

Juliette na capa do disco 'Ciclone'

Reprodu��o/Instagram
Dois anos ap�s ficar famosa e milion�ria, a ex-BBB Juliette Freire diz estar finalmente no controle do furac�o que varreu a sua vida. � da� que vem o nome do seu primeiro disco, "Ciclone", lan�ado nesta quinta-feira, dia 24.

 

O �lbum sucede o EP "Juliette", que chegou �s plataformas quatro meses depois de ela ser coroada campe� do Big Brother Brasil 21.

 

A paraibana venceu o programa da Globo com 90,1% dos votos, maior aprova��o numa final entre tr�s participantes. Ela ganhou ainda 23 milh�es de seguidores no Instagram durante o reality, um recorde entre ex-BBBs.

 

Com o novo "Ciclone", Juliette quer se firmar na m�sica. "Gosto de MPB, samba, forr�, funk, trap, eletr�nica. Por que n�o fazer um som que misture tudo isso com uma letra que me represente? Se eu fizesse do zero, poderia construir algo muito bonito", diz a paraibana num hotel de luxo em S�o Paulo.

 

O projeto � mais pop e menos acanhado que o anterior. Nas novas faixas, Juliette enaltece a pr�pria sensualidade, diz ser bela e dura como um diamante, fala sobre romances fracassados, e discute sua rela��o com a fama.

 

 

 

 

No single "Sai da Frente", por exemplo, ela enfrenta quem duvida da sua carreira. "Se tu n�o bota f�, no fim vai aplaudir/ at� quando vai ficar esperando meu tombo?/ voc� vai cansar de esperar", diz a can��o.

 

Soa como uma resposta para a atriz Samantha Schm�tz. No ano passado, a comediante insinuou que a ex-BBB n�o poderia ser considerada artista em um coment�rio no Instagram. "Acho �timo se posicionar, mas ela � artista?", escreveu Schm�tz ap�s Juliette afirmar no programa Altas Horas que funcion�rios da arte t�m obriga��o de se posicionar sobre problemas sociais.

 

A paraibana nega que a m�sica fa�a refer�ncia direta ao epis�dio. "Sempre vi [Samantha] como uma pessoa que enxerga arte de uma forma ampla. Foi decepcionante. Mas n�o foi s� ela quem falou aquilo. In�meras pessoas t�m essa percep��o. Essa letra fala para uma coletividade que n�o s� duvida do meu potencial como artista, mas tamb�m como mulher", diz.

 

Nova fase 

 

Com o "Ciclone", Juliette quer minar a autoestima baixa que diz ter sentido ao sair do BBB. Ela conta ter tido um aumento de crises de ansiedade por causa dos momentos em que pensa ter sido humilhada no programa.

 

� essa fragilidade emocional que Juliette tem como maior empecilho para convencer o p�blico da sua carreira musical. A avalia��o � de Gis de Oliveira, especialista em rela��es p�blicas que trabalha desde 2002 guiando a carreira de pessoas que est�o prestes a entrar ou que acabaram de sair do BBB.

 

"Eu teria feito um trabalho mais forte no psicol�gico dela ap�s o reality. Para ser bem-sucedida [como cantora], ela tem que estar com a mente fortalecida. Se a pessoa n�o tiver um acompanhamento psicol�gico, pode p�r tudo a perder", afirma ela, que j� teve os atores e ex-BBBs Arthur Aguiar e Carla Diaz como clientes.

 

 

 

 

Com a terapia em dia, Juliette se sentiu pronta para criar seu primeiro disco. Mas, dessa vez, quis monitorar o processo desde o in�cio.

 

� que o EP de 2021 quase n�o tem dedo dela. Foi Anitta, unida a colegas da paraibana, quem preparou um cat�logo de m�sicas para apresentar a ela ap�s o BBB. Juliette escolheu suas favoritas e as empacotou, num processo um tanto apressado.

 

O projeto, que unia ritmos como forr�, MPB, sertanejo e pop, n�o convenceu a cr�tica especializada, que viu pouca originalidade nele. Sem hits nas paradas, ela tampouco conseguiu furar a bolha dos seus f�s.

 

"Meu primeiro trabalho representa a fase que eu estava vivendo –um pouco fr�gil e vulner�vel", relembra ela. "Minha voz soa comedida, assustada, como se fosse uma crian�a cantando. Eu estava muito machucada. Hoje as minhas feridas est�o saradas."

 

Antes de ver nascer o "Ciclone", Juliette se reuniu com compositores e produtores, ao longo do �ltimo ano, para contar detalhes �ntimos de sua vida sobre os quais queria cantar.

"Eu me meto em tudo. Digo ‘aumenta, abaixa, um som disso, um som daquilo’’, ela afirma. "Quando voc� canta m�sica que fez do zero, � diferente. Entrei numa miss�o de me conhecer como artista."

 

Refer�ncias nordestinas 

O novo �lbum tem tamb�m menos refer�ncias ao Nordeste, seja nos arranjos, mais eletr�nicos, ou nas letras. � �poca do lan�amento do EP, Juliette viu a faixa "Diferen�a Mara" virar meme por causa da frase "engulo preconceito com farinha", que ela diz ter crescido ouvindo das pessoas que a rodeavam.

 

Quem debochou do verso foi xenof�bico, ela afirma. "As pessoas t�m o p�ssimo h�bito de achar que s� porque sou nordestina devo cantar apenas forr�. Isso n�o existe", diz. A cantora conta que houve r�dios de m�sica pop que s� aceitaram tocar "Diferen�a Mara" com a condi��o de ela editar a faixa para apagar o som de sanfona.

 

"A xenofobia empobrece nossa cultura. [Meu sotaque] Causa estranhamento. A gente se vicia em cantar como o mercado imp�e", acrescenta. "Todo artista que se prop�e a fazer algo diferente causa estranhamento. Se esse for o pre�o, tudo bem. Que uma crian�a possa entender [ao me ouvir] que ela pode ser paraibana e cantar pop ou o que quiser."

 

 

 

 

Sotaques nordestinos s�o mesmo mal vistos no mercado musical, concorda Tati Machado, preparadora vocal de Juliette que trabalha tamb�m com a pernambucana Duda Beat. "N�o podemos p�r Juliette cantando como uma carioca. �s vezes conseguimos um resultado est�tico maravilhoso, mas ela ouve, n�o acha o sotaque bom, e regrava. A ind�stria � complicada", diz.

 

Juliette n�o causou pol�mica s� com sua cantoria. Ela foi uma das celebridades que afirmou ser contra Jair Bolsonaro no ano passado. Dias antes do primeiro turno das elei��es, a ex-BBB publicou no Instagram um v�deo fazendo o L com a m�o, em refer�ncia a Lula, que se elegeu.

 

A ex-BBB diz ter perdido mais de dois milh�es de seguidores por causa disso. "Eu tinha uma consci�ncia social e pol�tica j� formada antes do BBB. Minha hist�ria sempre foi de luta e resist�ncia pela minha classe social. N�o seria honesto negar isso quando eu sa�sse do reality", diz, acrescentando que ainda n�o consegue avaliar o novo mandato de Lula.

 

"Quando [o governo] me desagradar, n�o terei problema em criticar ou lutar contra ideias em que n�o acredito. Meu prop�sito nunca foi sobre partidos ou pessoas espec�ficas. Sou fiel � sociedade. Vim de baixo, ent�o vou querer o melhor para o povo, independente de quem seja o pol�tico."

 

Juliette se v� acompanhada pela m�sica desde que era crian�a na Para�ba. Diz que se emocionava ao escutar c�nticos das lavadeiras ou o aboio dos vaqueiros. Cresceu f� de programas de reality musicais, como os promovidos por Raul Gil, e nunca deixou de escutar Chico Buarque, Luiz Gonzaga e Elba Ramalho. Agora, quer ser reconhecida pelas pr�prias can��es.

 

"Nada na minha vida foi f�cil, e com a m�sica n�o vai ser diferente", ela diz. "Quero que a pessoa escute e diga ‘ela canta ou n�o'. N�o quero gentileza, n�o quero confetes. Eu quero a verdade."

 

CICLONE

Quando: Nesta quinta-feira (24), �s 21h

Onde: Nas plataformas digitais

Autoria: Juliette

Gravadora: Virgin Music Brasil