Irm� Irene (Taissa Farmiga) luta contra for�as demon�acas em "A freira 2"
New Line/reprodu��o
Embora tenha sido execrado pela cr�tica, o primeiro “A freira”, lan�ado em 2018, conquistou a maior bilheteria da franquia iniciada h� uma d�cada com “Invoca��o do mal”, do diretor James Wan. Agora, “A freira 2” enfrenta o desafio de retomar o universo profano e, quem sabe, superar o recorde de antes da pandemia.
Dirigido por Michael Chaves, do p�ssimo “A maldi��o da chorona” e do esquec�vel “Invoca��o do mal 3: A ordem do dem�nio”, “A freira 2” chega aos cinemas brasileiros com c�pias em 4DX, ou seja, com poltronas que balan�am conforme a a��o na tela. Isto j� deve indicar aos espectadores que o novo filme n�o � um terror atmosf�rico, mas cheio de solavancos.
Com roteiro assinado por Akela Cooper, de “Maligno”, mais a dupla respons�vel por “A aut�psia”, Ian B. Goldberg e Richard Naing, o longa “A freira 2” sofre na tentativa de aumentar o escopo, incluindo mais personagens, mais loca��es e muitos sustos baratos – pecado muito comum em continua��es de grandes sucessos do cinema.
O original – se � que podemos chamar o quinto t�tulo da s�rie de original – se passa quase que inteiramente em uma abadia da Rom�nia, onde um padre e uma novi�a v�o investigar o suic�dio de uma freira. A loca��o desolada, que desperta a supersti��o do vilarejo, lembra o estilo kitsch dos est�dios Hammer, com suas produ��es g�ticas encabe�adas por Christopher Lee ou Peter Cushing.
J� “A freira 2”, al�m de utilizar flashbacks desnecess�rios, salta de um lugar para o outro, dispersando a tens�o.
A protagonista vivida por Taissa Farmiga, a milagrosa Irm� Irene, passa boa parte do filme em trens ou carros, sempre na rota da a��o. Na correria toda, personagens secund�rios s�o apresentados com di�logos for�ados e descartados pelo caminho.
Interpretada por Storm Reid, a Irm� Debra conta toda a sua hist�ria de vida assim que aparece e nada do que ela fala serve a algum prop�sito mais adiante, fora a informa��o de que n�o � muito devota – o que, obviamente, ir� mudar quando ela se deparar com o dem�nio Valak, encarnado pela pitoresca Bonnie Aarons.
Em certos momentos, o filme d� a impress�o de que cenas importantes foram cortadas, a exemplo de uma personagem que � morta logo no in�cio e nunca � descoberta por ningu�m. Ou, ent�o, quando o terror d� a entender que as meninas do internato atormentado por Valak foram para as suas casas e, de repente, ressurgem para serem atazanadas.
Um dos raros pontos positivos � a fotografia assinada por Tristan Nyby, que at� cria imagens interessantes, ainda que todo o resto n�o colabore muito. H� cenas escuras, � claro, mas Nyby ilumina o suficiente para distinguirmos uma silhueta sinistra num canto – nestes momentos silenciosos, que n�o servem para sacudir a poltrona,
“A freira 2” � assustador.
Sombras
Toda a sequ�ncia de abertura, que acompanha um coroinha e a primeira apari��o do dem�nio, � muito bem dirigida e filmada. H� uma refer�ncia ao cl�ssico “A troca”, filme de terror de 1980 com George C. Scott, e uma bela e horripilante imagem de uma sombra gigantesca sobre a fachada de uma igreja. Outro destaque � o mosaico de revistas que forma a figura da freira maldita.
� uma pena que a produ��o tenha sentido o peso dos US$ 363 milh�es, quase R$ 2 bilh�es, que seu antecessor abocanhou e que, para atrair uma nova multid�o, tenha investido em “jumpscares” e baratinhas de computa��o gr�fica. Numa alus�o acidental � Igreja Cat�lica, “A freira 2” come�a bem, mas degringola com o passar do tempo.
“A FREIRA 2”
EUA, 2023. Dire��o de Michael Chaves. Com Taissa Farmiga, Jonas Bloquet e Storm Reid. Em cartaz nas salas do Cinemark, Cineart, Cinesercla e Cin�polis.
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