Sergio Pererê segura folhas de espada-de-são-jorge

Todo o cancioneiro de S�rgio Perer� est� conectado com o divino e a ancestralidade africana

Al� Bastos/divulga��o

'O tempo acalmou meu cora��o'

S�rgio Perer�, m�sico


As bodas de prata, comemora��o de 25 anos de casamento, marcam a renova��o de votos e o compromisso duradouro. � dessa forma que o cantor, compositor e multi-instrumentista S�rgio Perer� define seu relacionamento com a m�sica.

Neste s�bado (16/9), ele faz show para lan�ar a vers�o em vinil de “Hist�rias do mundo”, �s 21h, no Centro Cultural Unimed BH-Minas. Com esse trabalho, Perer� homenageia sua m�e, dona Fininha, falecida h� exatos sete anos.

“� um mergulho na minha pr�pria obra, uma forma de recontar a minha pr�pria hist�ria. Estou trazendo m�sicas que as pessoas j� conhecem e podem ser reflexivas e dan�antes. Tem tamb�m m�sicas novas, que representam como me sinto neste momento”, afirma Perer�.
 
 

Conex�es ancestrais

Centrado na abordagem do divino afro-brasileiro, o trabalho do mineiro se baseia na conex�o com ensinamentos, artes, sonoridades e instrumentos do continente africano.

 

“Minha conex�o com o divino sempre foi muito natural. Sou filho de benzedeira, cresci vendo a cura diariamente. N�o � algo diretamente ligado a uma religi�o determinada, mas contempla a todos. Acredito que isso tenha respingado na minha m�sica, assim como a minha ancestralidade africana”, explica.

“Hist�rias do mundo” tem a mesma pegada de seus 14 �lbuns lan�ados em 25 anos de carreira. A faixa de abertura, “Costura da vida”, diz: “Eu tentei compreender a costura da vida/ Me enrolei, pois a linha era muito comprida”. “Esta m�sica me acompanha h� muito tempo. Nessa vers�o, misturamos a sonoridade ac�stica da mbira, instrumento mo�ambicano, com sintetizadores”, comenta.

A seguir vem a in�dita “Onde est� a sua f�”, de S�rgio e Luciano Zulu, seu irm�o mais novo. “Woman”, composta com Maur�cio Tizumba, exalta Iemanj�. � seguida por “Ngana Zambi”, que significa Deus em quimbundo, l�ngua banta falada no Norte de Angola.

Mariana e Brumadinho

“Why” encerra o lado A do vinil. A letra relembra os desastres ambientais de Mariana, em 2015, e Brumadinho, em 2019. “Falo sobre o sentimento de tristeza e revolta que paira sobre Minas Gerais. � um canto para todas as pessoas que perderam pessoas amadas nessas trag�dias”, explica.
 
O Lado B de come�a com um cl�ssico de Perer�, “Filho de Od�”, can��o sobre Oxossi, o orix� da mata, agora vem vers�o reggae. “Nossa Senhora do Porto” � dedicada � protetora da cidade de Portugal.

“� a mais inusitada de todas. Gravei rabecas e flautas depois de ter um sonho com Nossa Senhora do Porto. Quando escrevi a m�sica, n�o sabia que a santa realmente existia, s� descobri depois de um tempo”, explica o cantor

A seguir vem “Terra e lua”, parceria com a cantora Ohana. “Ela fala de amor, mas deixa subentendido sobre qual tipo est� falando, se � amor humano ou por alguma divindade das �guas.” A in�dita “Bab� Ob�” fala de Oxal�, � um tipo de ora��o popular, comenta.

“Caminhando s�” encerra o vinil. “Gravei esta faixa h� muitos anos, a primeira vers�o foi gravada pela minha m�e. Fala assim: ‘Foi tentando o amor maior/ Que acabei caminhando s�’. Para mim, caminhar s� n�o � sin�nimo de algo triste, significa que estamos com o cora��o aberto para tudo o que vem. � uma esp�cie de um resumo do �lbum”, explica Perer�.
 
Dona Fininha, rezadeira e mãe do cantor Sérgio Pererê

Rezadeira respeitada, dona Fininha inspira o show de S�rgio Perer� no dia dos sete anos de sua morte

Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press/13/1/16

'Este 16 de setembro, dia do show, � o anivers�rio de morte da minha m�e. Quem participar desta celebra��o vai saber que tem ali muita alegria, mas tamb�m carga emocional muito grande'

S�rgio Perer�, m�sico

 

A can��o homenageia dona Fininha, rezadeira muito respeitada em BH, falecida em 2017. “Este 16 de setembro, dia do show, � o anivers�rio de morte da minha m�e. Quem participar desta celebra��o vai saber que tem ali muita alegria, mas tamb�m carga emocional muito grande”, avisa.
 

Questionado sobre o que mudou em sua carreira ao longo do tempo, S�rgio responde que encontrou o que sempre buscou: conforto. “O tempo acalmou meu cora��o. Hoje, sinto uma sensa��o mais suave quando penso que cheguei ao lugar que buscava. N�o digo no sentido da fama, mas de um lugar interior, onde vivo a minha arte o tempo todo”, explica.

Entre as boas lembran�as, duas s�o especiais. “Um dos momentos mais marcantes da vida foi quando tive a oportunidade de cantar com Milton Nascimento, em 2006. Nunca vou esquecer. Outro momento foi tocar com o Nan� Vasconcelos, em 2003 e 2004. Dono de uma energia impressionante, ele me marcou”, revela.

Seresta, samba e Michael Jackson

A hist�ria de S�rgio Perer� com a m�sica come�ou muito cedo. Nascido em 1977, teve a inf�ncia marcada pelo pai seresteiro, que lhe ensinou a amar o ritmo: “Ele cantava maravilhosamente e tocava viol�o”, relembra.


S�rgio aprendeu a ouvir diferentes tipos de m�sica. “Escutava m�sica brasileira, todas as fases do samba, Bossa Nova, valsa, tango, bai�o, bolero. Enfim, tudo que tocava na r�dio nos anos 70 e 80, per�odo muito rico culturalmente”, diz o artista.


Perer� admirou Michael Jackson na d�cada de 1990. Tamb�m amava guar�nias vindas do Paraguai e do Rio Grande do Sul. Apaixonou-se pela cultura popular, a capoeira e o universo das m�sicas africanas. “Isso veio a influenciar muito a minha sonoridade”, explica.


Nesses 25 anos, o artista mineiro rodou o pa�s e se apresentou tamb�m no Canad�, �ustria, Espanha, Mo�ambique, China e Argentina, com seus cantos afro-brasileiros. 

S�RGIO PERER�

Show de lan�amento do disco “Hist�rias do mundo”. Neste s�bado (16/9), �s 21h, no Centro Cultural Unimed BH-Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes). Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada).


* Estagi�ria sob supervis�o da editora-assistente �ngela Faria