Acervo do Museu de Arte da Pampulha ser� exposto na Casa Fiat
Com curadoria de Priscila Freire e Marcelo Campos, disposi��o das 193 obras promove di�logos tem�ticos e revis�o hist�rica; abertura � nesta ter�a (10/10)
Trabalho de Vik Muniz integra a se��o "Os modernos" da mostra, que re�ne 193 obras de artistas de diversas gera��es
Ramon Lisboa/EM/D.A.Press
No in�cio da d�cada de 2000, ent�o � frente do Museu de Arte da Pampulha (MAP), Priscila Freire colocou ordem na casa. Realizou reforma no pr�dio de Oscar Niemeyer, montou uma equipe de trabalho, com Adriano Pedrosa (atual diretor art�stico do MASP) como curador.
Um marco do per�odo foram as tr�s individuais, em 2002, de Rivane Neuenschwander, Ros�ngela Renn� e Valeska Soares, todas artistas belo-horizontinas, j� com repercuss�o nacional, que nunca tinham exposto em sua cidade.
Duas d�cadas mais tarde, Priscila � convidada para dividir com o carioca Marcelo Campos (curador do Museu de Arte do Rio, o MAR), mostra criada pela Casa Fiat em parceria com a PBH, por meio da Secretaria e da Funda��o Municipal de Cultura, para apresentar uma nova leitura para o acervo do pr�prio MAP, estrela do Conjunto Moderno da Pampulha, neste ano chegando aos 80.
Este encontro do olhar de dentro e do de fora resultou na exposi��o “Arte brasileira: A cole��o do MAP na Casa Fiat de Cultura”, que ser� aberta nesta ter�a (10/10). Com cerca de 200 obras, � a maior mostra com o acervo do museu, cujo espa�o expositivo est� fechado desde 2019, fora de seus dom�nios.
80 anos da Pampulha
“� um projeto com o qual a gente pretende ampliar os interesses. Ou seja, temos interesse na efem�ride, os 80 anos da Pampulha, nos 66 do MAP, mas tamb�m em outra leitura sobre a cole��o. H� uma a��o, talvez corajosa e ambiciosa, de horizontaliz�-la”, explica Campos.
A montagem apresenta, por exemplo, um nome contempor�neo da escultura, Jos� Bento, ao lado de um artista popular como GTO. Tr�s fotografias da supracitada Ros�ngela, da s�rie “Cicatriz”, est�o postadas ao lado de um pres�pio. “A proximidade (das obras) n�o � por estilo nem cronologia, mas por uma leitura tem�tica”, diz Campos.
Quando o projeto foi iniciado, Priscila fez um levantamento das obras. “A partir de marcadores sociais (artistas mulheres, negros, ind�genas), pensei tamb�m em uma repara��o hist�rica. � uma exposi��o que tem muitas mulheres artistas, mas n�o s� por causa disto. Na verdade, a pr�pria atua��o do MAP frente �s artes brasileiras revelou e potencializou grandes criadoras”, afirma Campos.
Artistas convidados
Dois nomes que n�o integram o acervo do museu foram apontados pelos curadores (S�nia Gomes, sugerida por Priscila) e o projeto Retratistas do Morro, criado no Aglomerado da Serra (sugest�o de Campos) e t�m trabalhos na exposi��o.
Nomes de peso – Guignard, Amilcar de Castro, Cildo Meireles, Frans Krajcberg, Burle Marx, Portinari – dividem espa�o com artistas contempor�neos relevantes, como Paulo Nazareth, Eust�quio Neves, Cinthia Marcelle e Nydia Negromonte.
As obras est�o distribu�das nos diferentes eixos tem�ticos. Nazareth integra o n�cleo “Conjunto Moderno da Pampulha”, com registros de “O casamento de Ant�nio”, um casamento de fato que foi realizado no audit�rio do MAP durante a individual “Faca cega” (2019), do artista. Vik Muniz e Portinari est�o na se��o “Os modernos”.
A partir de fotografia da s�rie “P�stumos”, de Roberto Beth�nico, com o registro de um busto de costas, foi criado o n�cleo “Novos bustos”. “JK tinha as refer�ncias dele (quando criou a Pampulha, enquanto prefeito de BH, na primeira metade dos anos 1940) e hoje n�s temos as nossas. Os grandes criadores (do pensamento decolonial) que temos s�o Concei��o Evaristo, Leda Maria Martins e Ailton Krenak”, aponta o curador.
N�cleos tem�ticos
Tanto que o n�cleo ter� fotografias dos tr�s, que est�o frente a frente com trabalhos de Wilma Martins, Lorenzato, entre outros, que remetem ao casario popular e �s regi�es perif�ricas.
A partir de questionamento sobre o sentido da montanhas, Campos descobriu que, na cultura afro-brasileira, ela “� um ancestral que soma todos os quatro elementos.” Diante disso, utilizou-se de �gua, ar, terra e fogo como elementos tem�ticos para a montagem da mostra.
Algumas obras que est�o na exposi��o nunca haviam sido exibidas. Uma delas � o j� citado pres�pio que encerra a visita��o. S�o 293 pe�as, um conjunto que � apresentado pela primeira vez em sua completude.
“Este trabalho, que acredito que seja anterior aos anos 1970, � um pres�pio bem primitivo do Vale do Jequitinhonha. A maioria das pe�as nem tem cor. Quando cheguei ao museu (em 2000), vimos que os pr�mios de sal�o (o Sal�o Nacional de Arte da Prefeitura de BH, criado em 1937 e atualizado, a partir de 2003, no Bolsa Pampulha) ficavam no acervo do museu. � interessante porque � um pres�pio em um museu que n�o � de arte popular”, afirma Priscila.
“ARTE BRASILEIRA: A COLE��O DO MAP NA CASA FIAT DE CULTURA”
Abertura nesta ter�a (10/10), na Casa Fiat, Pra�a da Liberdade, 10, Funcion�rios. Visita��o de ter�a a sexta, das 10h �s 21h; s�bados,
domingos e feriados, das 10h �s 18h. At� 4 de fevereiro. Entrada franca.
RESTAURA��O EM CURSO
Duas obras do acervo do MAP ser�o restauradas durante a exposi��o “Arte brasileira”: “Estandartes de Minas” (1974), de Yara Tupynamb�, e “Tempos modernos” (1961), de Di Cavalcanti. Quando o processo de recupera��o terminar, elas passar�o a integrar a mostra.
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