Rolling Stones fazem de 'Hackney Diamonds' seu melhor �lbum em 42 anos

“Hackney diamonds” � o melhor �lbum dos Rolling Stones desde “Tattoo you”, de 1981. Nesse intervalo de 42 anos, a banda lan�ou seis discos de material in�dito, o �ltimo deles h� 18 anos, "A bigger bang".

Todos foram saudados com entusiasmo a cada lan�amento, porque � sempre bom ver e ouvir os Stones na ativa. Mas apenas uma can��o em todo esse per�odo pode ser cogitada para uma antologia da banda: “Love is strong”, do �lbum “Voodoo lounge” (1994).

Agora, Mick Jagger, 80, e Keith Richards, 79, apresentam �timas can��es de uma banda rejuvenescida, musicalmente falando. As 12 faixas de “Hackney diamonds” contemplam muitas das personalidades sonoras que os Stones j� apresentaram desde 1962, mas h� uma modernidade percorrendo o �lbum, que �, evidentemente, uma a��o entre amigos.

Os Stones povoaram as sess�es com camaradas que s�o alguns dos maiores nomes da m�sica pop: Stevie Wonder, Elton John, Lady Gaga e... Paul McCartney! Sim, um Beatle no est�dio com os Stones.

Paul toca baixo em “Bite my head off”, rock acelerado, do tipo que os Stones faziam muito no in�cio dos anos 1970, na fase com o guitarrista Mick Taylor. A participa��o parece discreta at� o minuto final da can��o, quando Paul toca um baixo distorcido em duelo com uma guitarra sem efeitos de Richards. Um grande momento do rock.

Mas a maior colabora��o de Paul em “Hackney diamonds” n�o � essa. Foi ele que sugeriu a Jagger o nome de Andrew Watt, jovem produtor americano que tem um curr�culo ecl�tico, de Ozzy Osbourne a Miley Cyrus. Watt produziu o �lbum com Jagger, Richards e Don Watts, colaborador antigo da banda.

Os Stones rasgam elogios a Watt, que tamb�m teve a ideia de incluir a participa��o de Lady Gaga em “Sweet sounds of heaven”. A cantora estava gravando num est�dio ao lado do ocupado pelos Stones e foi fazer uma visita � banda. E o resultado � muito melhor do que se poderia esperar.

“Sweet sounds of heaven” � o grande momento do �lbum. Grande mesmo, uma faixa de quase sete minutos e meio que lembra a apropria��o do gospel que os Stones j� fizeram em hits imortais como “You can’t always get what you want”.

Come�a com Mick Jagger cantando com um vigor n�o escutado h� d�cadas, enquanto Stevie Wonder toca seus teclados como se estivesse numa igrejinha no Mississippi.

A partir da metade da can��o, Lady Gaga vai se insinuando, primeiro num vocal de apoio bel�ssimo, que cresce para um vozeir�o que faz dueto (ou seria duelo?) com Jagger. Nos �ltimos minutos, eles brincam, como se estivessem se provocando. Forte candidata a can��o do ano.

A morte do baterista Charlie Watts, em 2021, deixou marcas no �lbum. Ele tocou em duas faixas, gravadas em 2019: “Mess it up”, quase disco music, e o �timo rock “Live by the sword”.

As outras t�m as baquetas de Steve Jordan, amigo antigo e produtor dos �lbuns solo de Richards. “Live by the sword” conta tamb�m com o baixo de Bill Wyman, membro fundador dos Stones que deixou a banda h� 30 anos.

Pelo menos nesta faixa, est� de volta a forma��o do grupo de 1975 a 1993: Jagger, Richards, Watts, Wyman e Ronnie Wood. “Live by the sword” tamb�m conta com os teclados de Elton John. Segundo o produtor Don Was, Elton se manteve t�mido no est�dio com os Stones. Al�m dessa, tamb�m toca em “Get close”, um rock batid�o que n�o se destaca muito.

Os Stones revisitam a m�sica country em “Dreamy skies”, que lembra a vibe de “Sweet virginia”, do �lbum cl�ssico “Exile on Main St.” (1972). A baladona “Depending on you” e os rocks “Driving me too hard” e “Whole wide world” s�o can��es que seriam consideradas geniais se lan�adas por uma banda nova.

Em se tratando de Rolling Stones, s�o apenas muito agrad�veis. J� Keith Richards preserva a tradi��o de fazer o vocal principal em uma faixa de cada �lbum da banda. Assim, “Tell me straight” entra para uma galeria que tem “Happy”, “Before they make run” e tantas outras imortalizadas na voz anasalada do guitarrista.

As letras n�o trazem nenhuma revolu��o. S�o relatos confessionais de relacionamentos amorosos, a praia onde Jagger se sente mais � vontade depois de abandonar os hits de protesto dos anos 1960, como “(I can't get no) Satisfaction” e “Street fighting man”.

Quanto � escolha do primeiro single, “Angry”, � f�cil de entender. � o rock t�pico dos Stones, que abre com um riff de guitarra possante, como “Start me up”, faixa inicial de “Tattoo you”.


Assim, faz mais um link com uma grande fase que os Stones n�o repetiam h� quatro d�cadas. E eles fecham o disco com Jagger e Richards fazendo com voz, gaita e viol�o “Rolling stone blues”, a can��o do bluesman Muddy Waters que inspirou o nome da banda.

HACKNEY DIAMONDS

• The Rolling Stones

• Nas plataformas digitais a partir de hoje;  CD e vinil importados

• Produ��o: Andrew Watt

• Gravadora: Universal

• Avalia��o: �timo