Obra arroz e feijão

Visitante observa a obra "Arroz e feij�o", de Anna Maria Maiolino, exibida na Bienal de S�o Paulo, em 2010

Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press
A artista pl�stica Anna Maria Maiolino ganhou o Le�o de Ouro da Bienal de Veneza pelo conjunto de sua obra nesta sexta-feira (3/11). A cerim�nia de premia��o deve ser realizada no dia 20 de abril de 2024, em Ca' Giustinian, pal�cio em Veneza onde a Bienal tem sua sede.

Maiolino diz que ficou emocionada ao saber que havia vencido o pr�mio. "O artista sempre quer que o trabalho seja compreendido pelo p�blico, porque o objetivo � se relacionar poeticamente com o outro. Ent�o, fiquei muito comovida", diz a artista, de 81 anos. "Esse pr�mio foi um aconchego. � como se tivessem me pegado no colo."

Maiolino estrear� na Bienal de Veneza com um trabalho em grande escala como parte de sua s�rie de esculturas e instala��es feitas com argila. Embora seja uma obra nova, ela diz que a linguagem n�o � in�dita.

"Seria muito pretensioso dizer que ele � totalmente in�dito, porque a linguagem do artista � como um c�digo ao qual ele sempre vai recorrer, fortificando-se naquilo que j� foi testado." A artista diz que a obra � um desafio, mesmo para algu�m que tem mais de seis d�cadas de carreira, como � seu caso.

"O artista, em geral, � sempre um transgressor de si mesmo. Ele vai se modificando a cada trabalho e � nisso que consiste a alegria de fazer arte. Voc� tem a possibilidade de se questionar por meio da obra."

Nascida na It�lia e tendo vivido na Venezuela, Maiolino desenvolveu no Brasil a maior parte de sua carreira. Quando tinha 12 anos, deixou o pa�s de origem junto com a m�e e a irm� Rosalba.

Elas viajaram de navio para Caracas, onde o pai e outros irm�os as aguardavam, tamb�m emigrados depois da Segunda Guerra Mundial.

Seis anos mais tarde, em 1960, a fam�lia se mudou para o Rio de Janeiro, onde Maiolino se estabeleceu e fortaleceu seu percurso pela arte, que nas d�cadas seguintes a levaria para cole��es privadas e museus internacionais.

Quando chegou ao pa�s, a artista passou a fazer parte da nova figura��o, movimento art�stico que refletia o clima pol�tico do pa�s durante os primeiros anos da ditadura militar.

Em 1964, realizou sua primeira exposi��o individual na Galeria G, em Caracas. Em 1967, participou da exposi��o "Nova objetividade brasileira", no Rio de Janeiro. Suas pinturas e gravuras da d�cada de 1960 s�o permeadas por personagens e narrativas pol�ticas, al�m de refer�ncias pessoais, corporais e familiares.

Entre as d�cadas de 1970 e 1980, Maiolino come�ou a se dedicar � arte perform�tica e, nos anos 1990, passou a fazer trabalhos com argila.

Al�m de Maiolino, a artista turca Nil Yalte foi laureada com o Le�o de Ouro pelo conjunto da obra, que vai da pintura ao desenho, passando por esculturas e instala��es.

Curador da Bienal, Adriano Pedrosa disse, em nota, que homenagear as duas artistas dialoga com a proposta da mostra.

"Esta decis�o � especialmente significativa dada o t�tulo (“Foreigners everywhere”, ou estrangeiros em todos os lugares) e estrutura da minha exposi��o, focada em artistas que viajaram e migraram entre o Norte e o Sul, Europa e al�m, e vice-versa", afirmou ele, que � diretor art�stico do Masp.