
Assim como os diamantes da regi�o, o queijo Reinaldo, produzido na Serra da Canastra, virou raridade. Desde que venceu o Concurso Estadual do Queijo Minas Artesanal, promovido pela Emater-MG, as vendas aumentaram e ficou ainda mais dif�cil encontrar uma pe�a na Fazenda Capivara para comprar. “Sentimos que o trabalho bem-feito est� sendo recompensado”, diz Reinaldo de Faria Costa, produtor h� 32 anos em Vargem Bonita, cidade banhada pelo Rio S�o Francisco, que j� viveu do garimpo e hoje se orgulha de outra “pedra preciosa”: o queijo.
Por causa da pandemia, o concurso deste ano n�o teve as etapas municipal e regional. Todos os produtores legalizados – com registro no Instituto Mineiro de Agropecu�ria (IMA) – puderam se inscrever diretamente na etapa estadual. No total, 185 amostras foram analisadas por 25 jurados t�cnicos, considerando cinco crit�rios: apresenta��o, textura, consist�ncia, odor e sabor. O queijo Reinaldo conseguiu as melhores notas.
A casca amarela e fina envolve uma massa cremosa com sal suficiente para dar sabor ao queijo Reinaldo. Normalmente, as pe�as s�o vendidas com 21 dias. N�o � mais como antigamente, quando o produto maturado n�o tinha valor no mercado. “As pessoas procuram muito o queijo para tomar com vinho, caf� ou pinga. D� tamb�m para fazer p�o de queijo com ele”, comenta.

O queijo do Reinaldo vem acumulando pr�mios ao longo do tempo. J� venceu cinco vezes o concurso municipal e tr�s vezes o regional. Em 2017, veio o reconhecimento internacional: medalha de prata no Mundial Du Fromage, na Fran�a. “Acredito que isso seja fruto de um trabalho que procuramos melhorar a cada dia. N�o adianta fazer queijo bom s� um dia. O meu tem padr�o, n�o fica variando, o sabor � sempre o mesmo”, aponta. No estadual, a melhor coloca��o havia sido um quinto lugar.
Qualidade, e n�o quantidade
Os pr�mios deram muita visibilidade ao trabalho na Fazenda Capivara e aumentaram significativamente as vendas. Depois da �ltima medalha, ficou ainda mais dif�cil atender todos os clientes. Mas Reinaldo avisa que vai continuar com a m�dia de 30 a 40 pe�as por dia. “N�o tenho a inten��o de aumentar a produ��o, quero manter a qualidade”, pontua o produtor, que � muito exigente com cada etapa do processo e gosta de dar “aquele acabamento” no queijo.
O plano de Reinaldo � montar um emp�rio para receber turistas que, diariamente, visitam a fazenda para conhecer a fabrica��o do queijo e fazer compras. A maior parte dos clientes, no entanto, s�o emp�rios espalhados por grandes cidades do Brasil, incluindo Belo Horizonte, Bras�lia, Rio de Janeiro, S�o Paulo e Curitiba. “J� fiz muita amizade longe de Minas”, conta.
Reinaldo cresceu vendo o pai fazer queijo. Ele saiu da fazenda para estudar, chegou a trabalhar com garimpo de diamante na cidade, mas, no fim das contas, seguiu a tradi��o da fam�lia. Hoje, o seu filho, Vin�cius Costa, ajuda a tocar a queijaria, o que lhe d� uma “satisfa��o danada”.
“Estamos juntos fa�a chuva, fa�a sol, 365 dias por ano, pedindo sa�de para trabalhar e a cada dia melhorar. Este foi o trabalho que quis fazer, e eu me dedico mesmo. Se � para fazer, tem que ser bem- feito. Sou at� meio enjoado.”
O objetivo do concurso, segundo Maria Edinice, � colocar na mesa do consumidor queijos com qualidade e seguran�a alimentar. Pelo lado dos produtores, a competi��o da Emater-MG costuma ser um divisor de �guas. “O pr�mio reflete no poder de comercializa��o e possibilita a abertura de novos mercados, mas, principalmente, torna o produtor conhecido e o queijo mais valorizado.”