
Fazer da mistura de farinha, �gua e sal uma massa que cresce, ganha cor e sabor. O processo de transforma��o do p�o se relaciona com a hist�ria de vida da fundadora do ateli� Madame du Bl� (em portugu�s, Senhora do Trigo), no bairro Santo Ant�nio. A administradora Luiza Longarai “fermentou” por anos a vontade de ter um neg�cio. Estudou gastronomia para dar forma ao projeto, que saiu do forno h� dois anos. No fim, deixou de trabalhar com compras internacionais para se transformar em padeira.
Luiza j� n�o estava mais satisfeita com o ambiente corporativo. Filha de ga�chos, ela cresceu em fam�lias que se re�nem no fim de semana para comer e beber o que se produz. Se � para servir macarr�o, todos colocam a m�o na massa. Cozinhar, ent�o, fazia parte da sua vida. Logo, ela decidiu entrar para a faculdade de gastronomia e se apaixonou pela panifica��o.
Todos os p�es do Madame du Bl� passam por um longo processo de fermenta��o natural. A padeira faz a massa num dia e s� assa no outro. “Aqui n�o � linha de produ��o, em que simplesmente colocamos os ingredientes e no fim tudo sai empacotado e lacrado. Quero que as pessoas saibam que cada p�o passou pelas minhas m�os e se sintam cuidadas.” Os croissants viraram �cone do ateli�.
Antes de abrir as portas, Luiza encarou uma busca obstinada pelo croissant perfeito. A motiva��o era superar a complexidade do preparo do p�o franc�s. Foram muitas e muitas fornadas at� acertar a receita, que envolve duas etapas de fermenta��o e a lamina��o para formar camadas de massa e manteiga. Al�m do croissant tradicional, voc� pode experimentar o de am�ndoas (com creme e l�minas de am�ndoas) e o pain au chocolat (feito com a mesma massa folhada e peda�os de chocolate por dentro).

A baguete tamb�m � resultado da vontade da padeira de fazer o seu melhor e se tornou outro produto de destaque do ateli�. “Apesar de ser um p�o feito com os ingredientes mais b�sicos (�gua, farinha e sal), o processo � bastante longo e a modelagem muda tudo. Se voc� errar em uma etapa, o resultado n�o � mais o mesmo”, explica.
Casca bem tostada
Por ser de fermenta��o natural, a baguete tem casca mais bem formada e tostada, o que d� uma apar�ncia mais r�stica, aumenta a sua durabilidade e leva � boca notas de carameliza��o. “Voc� sente a croc�ncia e um sabor mais forte de tostado da casca, mas o miolo � bem suave e alveolado”, comenta Luiza, lembrando que os v�rios “furos” s�o caracter�sticos deste tipo de massa. A baguete de mu�arela e bacon � para quem gosta de p�es recheados.
As fornadas t�m sempre novidades. Um dia pode ser o p�o de ab�bora – o ingrediente se transforma em pur�, que � incorporado � massa, por isso o amarelo t�o vivo. As sementes d�o um charme � casca. De vez em quando, aparece o p�o de figo, feito com farinhas branca e de centeio, castanha-do-par� e figo turco seco. “� um p�o para tomar com vinho ou acompanhar um queijo. Sugiro tamb�m com�-lo com salada de r�cula e parma. Fica maravilhoso o contraste do adocicado com o salgado.”
Luiza diz que todo mundo deveria provar o p�o dinamarqu�s rudbrog, que ela conheceu na col�nia de alem�es Witmarsum, no Paran�. � bem diferente para o paladar brasileiro, mas ela garante que vale a pena. “Ele tem a ver com a minha ideologia: � um p�o mais pesado, bem dos pa�ses n�rdicos, de farinha de centeio e sementes de girassol, muito rico nutricionalmente, tem sabor diferente e uma acidez um pouco mais elevada”, descreve.
Fora os p�es, o ateli� tem um bolo de lim�o com semente de papoula para completar a mesa do caf� da manh� ou o lanche. A receita � inspirada em uma hist�ria de fam�lia. “Como os meus pais s�o ga�chos, uma vez por ano �amos para o Sul e a minha av� fazia esse bolo para comermos na viagem.” Recentemente, Luiza lan�ou a granola artesanal, que j� fazia em casa, com am�ndoas e castanhas inteiras, muito diferente do que se encontra em supermercado.
A padeira tem planos de se mudar para um espa�o maior para conseguir aumentar a quantidade e a variedade de p�es. Outro objetivo � ter um ambiente totalmente refrigerado para elevar o n�vel dos croissants. “Quando tiver uma c�mara fria, vou conseguir um produto muito diferente do que existe hoje dispon�vel em Minas. As camadas de massa e manteiga ficar�o perfeitas”, adianta. Assim, ela chegar� mais perto do projeto de fazer um festival de croissant com espumante.
Servi�o
Madame du Bl�
(31) 99909-7555