Congelados movimentam a cozinha e aumentam o faturamento de restaurantes

De um lado, o subaproveitamento da cozinha. Do outro, a necessidade de aumentar as vendas. A sa�da de dois restaurantes de Belo Horizonte para esse impasse, t�o comum na pandemia, foi entrar para o mercado de congelados. O Ancora (antigo Un'Altra Volta) investiu em massas recheadas, enquanto o Capit�o Leit�o lan�ou um delivery de pratos saud�veis. Al�m de aproveitar a estrutura e a equipe que j� tinham, eles diversificam os neg�cios e se aproximam de outro p�blico.

Pedro Guimar�es diz que uniu o �til ao agrad�vel. Ele tinha um projeto antigo de desenvolver produtos de emp�rio e, com a pandemia, precisava movimentar o restaurante Un’Altra Volta (que recentemente passou a se chamar Ancora e mudou de endere�o). Al�m disso, mesmo com as portas abertas, era comum receber pedidos de clientes que queriam comprar as massas prontas. Com mais tempo e em busca de novidades, o empres�rio apostou em uma linha de congelados.

 

Os s�cios n�o precisaram fazer grandes investimentos. Aproveitaram a cozinha e a equipe do restaurante, que naquela �poca funcionava apenas de sexta a domingo para o delivery. A din�mica do trabalho tamb�m n�o se alterou. “N�s j� est�vamos acostumados a produzir uma massa diferente a cada dia da semana. Tudo era porcionado e refrigerado. S� n�o faz�amos em muita quantidade, era o suficiente para atender ao restaurante”, explica o empres�rio.

 

 

A marca, lan�ada h� um ano, vende tr�s massas recheadas, que s�o as mais pedidas no restaurante. Uma delas � o capelete com carne de boi e porco mo�das, parmes�o e noz-moscada. “Esta � uma receita de fam�lia, vem de gera��es. A minha bisav�, a minha av� e a minha m�e sempre a fizeram”, conta. As outras duas op��es s�o ravi�li de espinafre com mu�arela de b�fala e manjeric�o, e caneloni de ricota, nozes e passas. Todas as por��es t�m 500g e s�o para duas pessoas.

 

Al�m do sabor, a embalagem precisava se destacar. Pedro n�o queria fazer como a maioria dos concorrentes, que vendem as massas em bandeja de isopor. “Como venho de restaurante, e sei que a apresenta��o do prato que chega � mesa faz muita diferen�a, apostei muito na embalagem. Entregamos as massas em uma caixa como se fossem joias”, comenta o s�cio. Oro significa ouro em italiano.

 

 

Todas as massas s�o pr�-cozidas, portanto, de r�pido preparo. A sugest�o � deix�-las descongelar fora do freezer por 20 a 30 minutos. Voc� tem a op��o de levar o prato ao forno por mais 20 a 30 minutos, coloc�-lo em �gua fervente por tr�s a quatro minutos ou na frigideira com manteiga e tomilho ou s�lvia. Deixe tostar dos dois lados. “S� o caneloni � que tem que ir ao forno, obrigatoriamente. Na �gua ou na frigideira, ele se desfaz todo e o recheio vaza”, pontua. Depois, basta colocar o molho por cima.

Pedro enxerga que este mercado est� crescendo e ainda tem muito a crescer. Mantendo a qualidade dos ingredientes e o preparo artesanal, ele percebe que as pessoas n�o torcem mais o nariz para comida congelada. “A quest�o da praticidade influencia muito. Se vou fazer uma massa em casa, acabo sujando a cozinha inteira de farinha. O bom dos nossos produtos � que voc� s� precisa colocar na �gua, no forno ou na frigideira e est� pronto”, aponta.

 

Por enquanto, a f�brica de massas est� usando a estrutura do antigo espa�o do restaurante, que se mudou para a Rua Curitiba, no Lourdes. Os produtos s�o vendidos em padarias, emp�rios, sacol�es e, em breve, chegam a uma rede de supermercados. Assim que a capacidade chegar ao limite, os s�cios pensam em transferir a produ��o para um galp�o. O plano � come�ar a vender em S�o Paulo em at� cinco anos.

 

O pr�ximo lan�amento da Oro ser� uma linha de molhos congelados. Pomodoro, � bolonhesa, bechamel e pesto s�o os sabores j� confirmados. Todos v�o seguir o mesmo conceito das massas: embalados a v�cuo e vendidos dentro de uma caixa para duas pessoas.

 

 

O delivery do Capit�o Leit�o andava devagar e a cozinha estava com muito tempo ocioso. “Comecei a pensar em formas de otimizar e melhorar o uso da cozinha e vi que havia uma lacuna no mercado de comida congelada de qualidade, com uma pegada mais autoral, mais pensada, mais saud�vel, que fugisse aos padr�es do feij�o com arroz”, conta o chef Crist�v�o Laru�a, que idealizou a Ama Food.

Saud�vel n�o significa ser uma comida sem gra�a, que parece de dieta e tem o mesmo gosto. Crist�v�o enxerga sa�de, primeiramente, na escolha dos ingredientes. O chef privilegia produtos agroecol�gicos e prote�nas que envolvam bem-estar animal ou pesca sustent�vel. Usa apenas gorduras naturais, como azeite extravirgem, �leo de coco ou gergelim. Na hora das sobremesas, d� prefer�ncia para mel e a��car mascavo. “A nossa comida tem que ser saud�vel para o corpo e para o planeta”, resume.

 

 

Usando a sua experi�ncia como chef, ele tenta despertar nas pessoas a vontade de comer uma comida mais saud�vel. “O quesito sabor � muito importante, assim como a apresenta��o. A comida n�o pode ser socada, temos que pensar como se fosse empratamento de restaurante.” A quest�o nutricional tamb�m guia o trabalho, tanto que todas as receitas passam pelo crivo de uma nutricionista. Utilizam-se poucos carboidratos, j� que o foco s�o os vegetais.

 

O card�pio � bem diversificado para que n�o fique mon�tono e as pessoas possam pedir regularmente sem o risco de comer sempre os mesmos pratos. O projeto come�ou h� um m�s e j� soma cerca de 30 op��es, entre pratos (com uma prote�na e dois acompanhamentos), caldos e sobremesas. Uma das combina��es que mais agradam � o peixe (normalmente dourado), que chega toda semana fresco de Cabo Frio (RJ), com alcaparras, pur� de moranga e br�colis.

 

O chef tamb�m criou escalope de lombo de porco com mostarda, arroz integral e passas, rocambole de frango com espaguete de cenoura e udon (macarr�o japon�s) com frango e legumes salteados. Os vegetarianos podem escolher entre moqueca de banana-da-terra e ab�bora com farinha de milho e fusili integral com cogumelos, cenoura e am�ndoas laminadas. Entre as sobremesas, destaque para o crumble de ma�� com morango.

 

 

Com o slogan “Saud�vel de segunda a segunda”, a Ama Food atende em qualquer dia da semana. As marmitas, com 350g, s�o f�ceis de estocar e finalizar. O ideal � deixar a comida descongelar de um dia para o outro e depois esquentar direto no forno convencional, micro-ondas ou em banho-maria. “Como temos uma cozinha profissional, toda equipada, usamos o ultracongelador. Esse processo mant�m os nutrientes dos alimentos e evita a forma��o de cristais de gelo”, destaca,

 

O novo projeto n�o vai parar, mesmo com a reabertura total dos restaurantes. Pelo contr�rio, a ideia � crescer. “Falo que a Ama Food tem tanto potencial que, trabalhando bem, pode vir a ser maior que os outros neg�cios. Poucos players est�o no mercado de alimenta��o saud�vel”, analisa. Para Crist�v�o, a comida congelada � uma �tima solu��o para o home office, tanto de custo quanto qualidade e pela praticidade. Atende tamb�m pessoas que moram sozinhas e n�o querem cozinhar s� para elas. 

 

2 dentes de alho; 1/2 cebola; 20ml de azeite; 300ml de tomate pelati; 50ml de extrato de tomate

Em uma panela, coloque o azeite e o alho batido. Leve a fogo baixo at� o alho agarrar um pouco no fundo. Acrescente a cebola picada em cubinhos. Deixe a cebola dourar e o alho soltar todo do fundo da panela. Adicione o tomate pelati e o extrato de tomate. Deixe cozinhar por 10 minutos, em m�dia, e sirva.