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Estado de Minas CINEMA VERSUS REALIDADE

'N�o olhe para cima' e a invalida��o da mulher

Lan�ado pela Netflix, filme critica negacionismo e exp�e a falta da credibilidade das mulheres na sociedade


30/12/2021 11:00 - atualizado 30/12/2021 12:07

Leonardo DiCaprio e Jennifer Lawrence em cena do filme 'Não olhe para cima'
Cena em que Kate Dibiasky (Jennifer Lawrence) se exalta com os jornalistas a respeito da seriedade da situa��o (foto: Divulga��o)


“Baseado em poss�veis fatos reais”, o filme N�o olhe para cima se apresenta como uma s�tira aos diversos dilemas enfrentados pela sociedade atual: negacionismo, capitalismo, machismo, o poder da m�dia, entre outros. O longa dirigido por Adam Mckay (A grande aposta e Vice) foi lan�ado pela Netflix na sexta feira (24/12) e j� est� entre os top dez da plataforma.

 

Com representa��es de pol�ticos, influencers, empres�rios, jornalistas, cientistas e da popula��o alienada, o filme conta a descoberta de um asteroide em rota de colis�o com a Terra e a tentativa da cientista Kate Dibiasky (Jennifer Lawrence), que o descobriu, e seu professor, Randall Mindy (Leonardo DiCaprio), em tentar alertar a humanidade para encontrar uma forma de evitar a trag�dia.

Paralelos com a realidade

Satirizando o negacionismo nos Estados Unidos e em outras partes do mundo, como o Brasil, N�o olhe para cima � recheado de frases como “o melhor � esperar e avaliar” e um literal “n�o olhe para cima” (para o asteroide), que remete � demora na tomada de decis�o por alguns l�deres mundiais frente � pandemia de COVID-19.

 

Quando a sobreviv�ncia e o capitalismo se esbarram, a resposta � pergunta “o que importam esses trilh�es de d�lares quando todos vamos morrer?” � um ir�nico “ah n�o, e se ficarmos ricos e ilesos?”. A frase tem uma correspondente  aqui no Brasil: “� melhor perder a vida do que a liberdade”.

Representa��o fict�cia de problemas reais

Muito al�m da s�tira ao negacionismo, que � expl�cito na obra, a representa��o das personagens femininas levanta o debate do machismo. O filme mostra a presidente, bonita, loira e digna da capa da Playboy, que chegou ao poder e se nega a deixar que o asteroide afete sua popularidade e sua campanha.

 

A �ncora do jornal tamb�m loira, que sempre est� perfeitamente alinhada e glamurosa, e a cientista que � desacreditada por ser mulher e � questionada pela sua apar�ncia.

 

A desqualifica��o da personagem da Jennifer Lawrence se inicia quando o cr�dito pela descoberta vai para o professor vivido por DiCaprio.

 

Posteriormente, ao se indignar com a falta de seriedade com a quest�o por parte dos �ncoras do jornal, a cientista � taxada de hist�rica e vira meme, o que n�o ocorre com o professor, quando faz o mesmo na segunda metade do filme.

 

“O filme nos diz sobre isso, sobre essa invalida��o do discurso atrav�s da loucura”, declara L�via Souza, doutora em ci�ncia pol�tica e feminista. “Tem o tempo inteiro essa ideia de invalidar o discurso da mulher como se ela valesse menos, como se ela fosse hist�rica, como se qualquer fala da mulher fosse mal vista. Tem uma forma de se falar que � masculina, quando se desvia disso � visto como loucura”, completa.

 

Outro ponto de reflex�o a ser analisado a partir da representa��o da personagem de Lawrence � a est�tica,  aspecto apresentado, algumas vezes, ao longo do filme, mostrando uma realidade que as mulheres enfrentam no mercado de trabalho. Em diversos ambientes, a apar�ncia da mulher, mesmo em cargo de chefia ou detentora do conhecimento a ser divulgado, � colocada em primeiro plano, e sua fala � deixada de lado.

 

Existe uma dualidade no padr�o de beleza imposto pela sociedade, da mulher bonita, bem arrumada e geralmente magra, mas que, quando se encaixa nesse padr�o, sua capacidade ali � duvidada e recorrentemente questionada com a famigerada pergunta “dormiu com quem pra conseguir esse cargo?”

 

“Que lugar � esse que a mulher tem que ter? Que sua compet�ncia vale muito menos que sua apar�ncia, mas se sua apar�ncia for se enquadrar em um modelo ideal ainda sim ela n�o deveria estar ali. � sempre o n�o-lugar que as mulheres trabalham”, aponta L�via.

Cr�tica certeira

 

Extrapolando o ambiente do filme, a caracteriza��o da personagem foi alvo de coment�rios e cr�ticas nas redes sociais. O corte de cabelo foi considerado um “crime” contra a beleza de Jennifer Lawrence. A caracteriza��o proposital para a personagem no filme foi alvo de cr�ticas para a atriz na vida real, o que evidencia a reflex�o proposta no filme.





No caso da pol�tica brasileira, independentemente do posicionamento pol�tico, as mulheres s�o recorrentes alvos de coment�rios machistas e de memes. A senadora Simone Tebet foi chamada de descontrolada durante a CPI da COVID-19, Janaina Paschoal foi alvo de diversos memes a comparando � filmes de exorcismo e bandas de heavy metal, Manuela D’�vila foi taxada de patricinha, �urea Carolina, ent�o candidata a prefeitura de BH foi questionada como cuidaria da cidade e do filho pequeno, um questionamento que nunca � feito aos homens.

 

“No caso da Dilma, por exemplo, eu lembro da segunda posse dela, o vestido dela comparado � roupinha de botij�o de g�s, um n�vel baixo das pessoas falando da roupa da presidenta que n�o tinha cabimento nenhum, que n�o se faz com nenhum homem na presid�ncia”, lembra L�via.

 

*Estagi�ria sob a supervis�o de M�rcia Maria Cruz 


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