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Estado de Minas ALEXANDRE GARCIA

Olhe para dentro para ver a s�tira em 'N�o olhe para cima'

J� senti que "Don't Look Up" nos faz olhar para dentro e em volta, para ficarmos mais atentos sobre em que estamos metidos e por qu�


29/12/2021 04:00 - atualizado 29/12/2021 07:18

 Meryl Streep
No filme "Don't Look Up", da Netflix, Meryl Streep interpreta uma presidente dos Estados Unidos alertada de uma cat�strogfe (foto: Mike Coppola/Getty Images/AFP)

Estimulado pelos que viram, tamb�m tratei de assistir ao “Don’t Look Up”, na Netflix. Um filme que virou o �ltimo assunto pol�tico do ano, com opini�es opostas vendo a obra como uma cr�tica ao outro lado. Pois � uma s�tira que mexe com todos, com o que expomos, na pandemia, na disputa eleitoral e em outras controv�rsias, n�o apenas nos Estados Unidos, mas tamb�m por aqui – como revelamos nas pol�micas em torno da obra nas redes sociais. Vejo muita semelhan�a – e at� alguma inspira��o – com outra s�tira, de outro per�odo, o da Guerra Fria, feita por Stanley Kubrick, com Peter Sellers fazendo tr�s personagens: “Doctor Strangelove” ou “Como Deixei de me Preocupar e Aprendi a Amar a Bomba”.

Na s�tira de 1964 e na de hoje, est�o retratados a presid�ncia dos Estados Unidos, a ci�ncia, radicalismos, militares; em ambos os filmes, o fim � tr�gico para a humanidade. Ambos s�o tragicom�dias, pois o rid�culo dos personagens os exp�e ao riso. Na com�dia da Roma antiga, ridendo castigat … critica-se rindo dos que querem nos conduzir. Em ambos os filmes, elencos refor�am o roteiro. Em Doctor Strangelove, al�m de Peter Sellers, George C. Scott e Sterling Hayden. Em “N�o Olhe para Cima”, Meryl Streep, como presidente dos Estados Unidos, Cate Blanchett, como bela e f�til apresentadora de TV, Leonardo Di Caprio, o astr�nomo que calculou o impacto do cometa na Terra e Jennifer Lawrence, a estagi�ria que descobriu o cometa.

Um pesquisador m�dico amigo meu se sentiu retratado no filme com a estagi�ria. Imagino o quanto se sentiu retratado quando o FBI sequestra e cobre com capuz os cientistas que insistiam na tese do choque com a terra. Equivale �s censuras reais contra quem traz teses diferentes dos dogmas adotados. O filme satiriza o feminismo, retratando uma presidente com defeitos iguais aos piores demagogos; faz o mesmo com cientistas que viraram gurus. O do filme est� muito parecido com o Dr. Fauci (o do Dr Strangelove ficava numa cadeira de rodas), ou com o empreendedorismo de Elon Musk ou Bill Gates. A m�dia televisiva � pela superficialidade dos dois apresentadores, a loira e o negro – mas h� um negro realista, diretor da NASA. O jornal escrito � poupado no in�cio, depois abandona a busca da verdade. O radicalismo separa namorados e at� fam�lias, como mostra o filme.

A presidente enfim ouve o astr�nomo e concorda em mandar uma expedi��o para explodir o cometa. Escolhe um her�i para o sacrif�cio – com as mesmas carater�sticas do piloto caub�i que atingiu Moscou montado numa bomba H, do filme de 1964. O astr�nomo Di Caprio muda de lado, apoia a presidente demagoga, abandona a mulher e os filhos e se torna amante da apresentadora ego�sta. Mas a cobi�a de um empreendedor Big Tech convence a presidente a cancelar a miss�o, porque o cometa � muito valioso em minerais e ele e suas geringon�as espaciais v�o apenas fragment�-lo. V�o aproveit�-lo para dar “riqueza e trabalho para todos”. A miss�o fracassa e a presidente manda o povo olhar para baixo, para n�o ver a realidade que se aproxima. H� uma alegoria de �ltima ceia na fam�lia para onde volta o astr�nomo, em que o �nico capaz de fazer uma ora��o final � um jovem de rua. N�o vou falar no fim. E preciso ver o filme outra vez, para descobrir mais s�tira em cada detalhe. Mas j� senti que “Don’t Look Up” nos faz olhar para dentro e em volta, para ficarmos mais atentos sobre em que estamos metidos e por qu�.

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