Trans e negra, Urias lan�a segunda parte do �lbum 'F�ria'

A cantora Urias lan�ou, nesta quinta feira (13/1), a segunda parte de seu primeiro �lbum. Ente ritmos marcantes, fren�ticos e, por vezes suaves, “F�ria”, produzido por Rodrigo Gorky, Maffalda e Zebu, chega aos f�s mostrando todo o talento e personalidade da artista mineira de 27 anos.

A primeira parte do �lbum, composta por cinco m�sicas, foi lan�ada, em maio de 2021, e se tornou um sucesso. Com a faixa "Peligrosa" passando a marca de 1 milh�o de acessos tanto no Spotify quanto no YouTube, a continua��o chega com grande expectativa do p�blico.

Com a primeira parte, completada pelas oito composi��es lan�adas esta semana, o �lbum encara a raiva como catalizadora de seu trabalho, abordando os desejos, empoderamento e sobreviv�ncia da artista. Al�m disso, “F�ria” apresenta letras que trazem quest�es sociais, reflexivas e comportamentais tanto da sociedade como da comunidade LGBTQIAP+ de forma intensa e visceral. 

“Decidi colocar v�rios aspectos  da raiva que eu tinha passado, de situa��es de raiva e tudo que esse sentimento desencadeou em mim. E a partir do momento que eu decidi falar de um sentimento, eu decidi falar desse, porque a gente n�o presta muita aten��o nele”, declara Urias.

A capa do �lbum, com Urias deitada calmamente sobre um touro, vem para mostrar a coexist�ncia da f�ria e o autocontrole. R&B, hip hop e o cinema noir est�o presentes por toda a identidade do projeto, trabalhando com timbres potentes, rasgados em uma est�tica preto e branco dos clipes, constru�dos com a participa��o ativa da artista. “Sonoramente eu pensei muito em explorar possibilidades, ent�o n�o me fechei a um ritmo ou a uma linha de m�sica ou at� mesmo a uma estrutura”, afirma.

Marcado pela for�a e vulnerabilidade da Urias, o primeiro trabalho da cantora tamb�m reflete quest�es sociais e comportamentais tanto da sociedade como da comunidade LGBTQIAP .

“A representatividade � uma coisa que acontece, naturalmente, se eu tenho uma voz, quem se identifica comigo v� uma voz em mim tamb�m sabe? E possibilidades e tudo o que vem junto com a representatividade”, declara.

 

Entretanto, Urias ressalta que representatividade real s� acontecer� quando virmos pessoas de todos os tipos, com os mais variados corpos e express�es, convivendo cotidianamente em diferentes espa�os, trabalhando e consumindo, n�o apenas no campo da m�sica ou entretenimento.

O �lbum tamb�m traz um Interlude, um �udio, em que Urias desabafa sobre as dificuldades de ser uma artista trans e negra no mercado da m�sica, escancara a desigualdade ainda presente no Brasil. “Eu sei que eles veem e fala “porra”... mas porque a gata � cis, ou porque a gata � branca, ou at� os dois junto, ela sempre vai t� disfrutando mais”, declara no �udio.

Urias declara que a diversidade � necess�ria pra mostrar viv�ncias diversas e corpos diversos, possibilitando a vis�o de maneiras diferentes e entender o mundo ao nosso redor de maneira mais emp�tica. “� muito importante que as coisas sejam apresentadas para n�s, durante a vida, de maneira natural e poderem ser discutidas de maneira natural, sem preconceito” declara.

 

Vision�ria, Urias apostou em parcerias com V�rus, Hodari, Charm Mone, Monna Brutal e Ebony, artistas que acredita que ir�o mudar o futuro da m�sica no cen�rio brasileiro. A escolha se deu baseada em diversas viv�ncias compartilhadas com os artistas. 

 

*Estagi�ria sob a supervis�o de M�rcia Maria Cruz