
Segundo Ant�nio, o dia da postagem � o mesmo que ele voltou para as aulas presenciais do curso de Jovem Aprendiz e, realmente, passou pela porta do estabelecimento, mas nem chegou a entrar no local.
"Eu fa�o curso de Jovem Aprendiz, s�o 4 dias de trabalho e um de curso. Ano passado estava virtual, por causa da pandemia, e o primeiro dia presencial foi em 5 de janeiro, numa quarta-feira. Quando acabou a aula, ao meio dia, eu desci as escadas do pr�dio e come�ou a chover", diz.
"Ent�o, parei no dep�sito, que � no mesmo pr�dio do curso, vesti minha blusa e comecei a correr, porque estava chovendo e eu n�o tinha sombrinha. S� que, na mesma hora a chuva diminuiu e eu comecei a andar em dire��o ao ponto de �nibus".
"Cheguei a passar na porta da loja, porque ela est� perto do ponto. Fiquei uns 40 minutos esperando o �nibus e fui para a casa da v� da minha namorada. Fiquei l� e fui embora para a casa. Mas, quando deu umas 19h30, levei ela em casa, est�vamos a p�. Foi a� que eu comecei a receber liga��es e mensagens de pessoas perguntando onde eu estava e mandando print da postagem".
O estudante conta que se assustou e n�o acreditava ser verdade. "Sabe quando temos uma sensa��o que as pessoas est�o brincando com voc�?" indaga. "Foi a rea��o que eu tive. Respondi a mensagem dizendo que era eu na foto, mas por qual motivo estavam me mandando aquilo".
Os colegas que viram a publica��o no Facebook avisaram Ant�nio da acusa��o e, imediatamente o jovem ligou para a Pol�cia Militar. "Entrei em desespero. Pensei, 'se isso chegar em algum policial e me reconhecerem na rua agora, at� eu explicar, j� deu uma dor de cabe�a sem tamanho'".
Pelo hor�rio, ele n�o poderia ir � delegacia de crimes cibern�ticos, mas na manh� seguinte, em 6 de janeiro, o jovem foi � Pol�cia Civil e registrou um boletim de ocorr�ncia. Em seguida, entrou em contato com um advogado e fez a representa��o judicial.
Segundo Ant�nio, o autor da postagem � dono do estabelecimento e alegou ter postado a foto do jovem no Facebook por ele 'ter caracter�sticas' do suspeito do roubo: uma cal�a jeans e uma blusa preta.
Racismo
O epis�dio est� sendo acompanhado pelo advogado Gilberto Silva, que afirma ser um caso t�pico de racismo estrutural. "Este � um caso bem t�pico de racismo estrutural na sociedade, onde pessoas pretas s�o criminalizadas em toda e qualquer situa��o quando aconetece algum crime. Basta a pessoa estar presente que ela � acusada e exposta da forma que aconteceu com ele, ent�o, as medidas j� foram tomadas".
O jovem tamb�m se sentiu discriminado pela cor da pele e diz nunca ter passado por algo parecido. "Pensei que isso � um caso de racismo sim. N�o tive nenhuma atitude suspeita. Primeiro porque nem passa pela minha cabe�a fazer esse tipo de coisa, eu trabalho muito. N�o tive nenhum tipo de atitude para acharem que eu roubei celular na loja", conta o jovem.
O caso est� tramitando na Justi�a de Contagem e o advogado preferiu n�o dar detalhes para n�o atrapalhar o andamento do processo, entretanto, garante que as atitudes cab�veis j� foram tomadas.
"Tem uma a��o criminal e uma a��o c�vel. N�o detalhamos, para n�o atrapalhar no andamento do processo, mas a a��o c�vel � em busca de repara��o, tendo em vista o desgaste, os rumores e a exposi��o, bem como o car�ter pedag�gico punitivo. E a a��o criminal para que haja a puni��o dentro do que rege a lei", diz.
O que diz a lanchonete
Atrav�s de uma rede social, a lanchonete publicou uma nota de esclarecimento no in�cio da tarde desta sexta-feira (4/2). Veja:

"A empresa Ligeirinho Salgados Express vem a p�blico se manifestar sobre repercuss�o do furto de celular ocorrido em suas depend�ncias no dia 5 de janeiro de 2022. Ap�s sermos v�timas de furto, acionamos viatura da Policia Militar de Minas Gerais para registro do crime e demais provid�ncias. Ressaltamos repudiar toda e qualquer forma de discrimina��o, mantendo nosso compromisso com a sociedade e autoridades p�blicas para os esclarecimentos que se fa�am necess�rios."
O Estado de Minas procurou a lanchonete e n�o teve retorno.
Em nota, a Pol�cia Civil afirma que a ocorr�ncia de cal�nia foi registrada e a investiga��o est� curso.
"A Pol�cia Civil de Minas Gerais adotou todas as provid�ncias legais cab�veis e o suspeito foi identificado. A ocorr�ncia de cal�nia foi registrada pela v�tima, de 20 anos, no dia 5 de janeiro deste ano, em Contagem, quando ele foi informado acerca da necessidade de representa��o para instaura��o do procedimento criminal."
"A Pol�cia Civil de Minas Gerais adotou todas as provid�ncias legais cab�veis e o suspeito foi identificado. A ocorr�ncia de cal�nia foi registrada pela v�tima, de 20 anos, no dia 5 de janeiro deste ano, em Contagem, quando ele foi informado acerca da necessidade de representa��o para instaura��o do procedimento criminal."
*Estagi�ria sob supervis�o