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Estado de Minas 100 ANOS DA SEMANA DE 22

Artistas perif�ricos fazem releituras de obras modernistas com graffiti

Em comemora��o ao centen�rio da Semana de Arte Moderna, Museu Catavento exp�e releituras de obras que refletem o olhar da periferia


22/02/2022 10:00 - atualizado 22/02/2022 11:00

Comparação entre a obra original 'Abaporu', de Tarsila do Amaral, e sua releitura
Exposi��o "Abaporu Perif�rico" tr�s a arte perif�rica para os museus de S�o Paulo. A obra Abaporu, de Tarsila do Amaral, foi revisitada pelo artista Cr�do (foto: Divulga��o - Museu Catavento)


A Semana de Arte Moderna, ocorreu em S�o Paulo de 13 a 17 de fevereiro de 1922 e, no centen�rio comemorado neste m�s, mais uma vez o mundo da arte levanta questionamentos acerca do tradicionalismo na cultura. Em comemora��o a esse evento que mudou o rumo das artes no Brasil, o Museu Catavento realiza a exposi��o “Abaporu Perif�rico”, parte do projeto “Modernismo Hoje”.


As obras est�o em exposi��o na F�brica de Cultura de Sapopemba e seguir�o em itiner�ncia pelas outras unidades F�bricas de Cultura Setor A.
 
“Como foi a semana de 22, que os artistas se juntaram para romper com a arte vigente, o graffiti faz isso. � uma arte que ainda � muito marginalizada e muitas vezes nem � vista como arte. Ent�o a gente consegue romper, trazendo o que � considerado marginal para uma exposi��o em um dos maiores museus de S�o Paulo”, conta Fernando Leite, assistente de Superintend�ncia de Promo��o e Articula��o das F�bricas de Cultura.

As obras s�o releituras de quadros emblem�ticos do modernismo brasileiro, como “O Homem Amarelo”, de Anita Malfatti e “Abaporu”, de Tarsila do Amaral, que d� nome � nova exposi��o, al�m de obras de Zina Aita, John Graz e Di Cavalcanti. Os 12 artistas convidados transportam as imagens j� conhecidas do p�blico para a atualidade e expressam suas viv�ncias na periferia atrav�s do graffiti, em um encontro perfeito do velho com o novo. 

Releitura de 'Operários' de Tarsila do Amaral
Releituras trazem obras modernistas para o contexto atual, como a releitura de "Oper�rios" de Tarsila do Amaral, onde a artista Lais Da Lama apresenta mulheres negras usando m�scaras (foto: Divulga��o - Museu Catavento)


Em 1922, um grupo integrante da elite intelectual paulista prop�s quebrar os padr�es est�ticos tradicionais que eram realizados at� ent�o, dando vaz�o a um modernismo abrasileirado, com identidade pr�pria, que se distanciasse da est�tica europeia. Resgatando a proposta de ruptura apresentada pela Semana de 22, “Abaporu Perif�rico”, por sua vez, oferece a oportunidade da sociedade focar o olhar na arte de rua, nas periferias, na pluraridade de manifesta��es art�sticas que muitas vezes s�o menosprezadas pelo lugar comum da arte formal.

“O Graffiti torna a arte mais acess�vel, ela est� em todo lugar, nas ruas, avenidas, pr�dios, bueiros, pode estar em qualquer lugar, inclusive no museu", afirma Pandora, uma das artistas convidadas para a exposi��o. Para ela, a exposi��o Abaporu Perif�rico traz dois movimentos opostos, e ao mesmo tempo interligados, que n�o se prendem �s cores, formas, e pensamentos, exaltando a liberdade e criatividade art�stica. 

Onde o passado e o presente se misturam

Uma das obras presentes na exposi��o foi feita pelo grafiteiro Banguone, que se descobriu dalt�nico aos 19 anos, e usou dessa caracter�stica para a releitura de “Pierrete”, de Di Cavalcanti. Na obra original � retratado uma mo�a francesa que vem para o Brasil passar o carnaval fantasiada de Pierrot, s�o usadas cores pasteis e � retratada uma azaleia. Na releitura feita por Banguone, a mo�a � uma dan�arina de break que est� subindo o morro com seu boombox no ombro, e, no lugar da azaleia, um p� de chuchu, muito comum em periferias.

Comparação entre a obra 'Pierrete', de Di Cavalcanti, e sua releitura
O artista Banguone prop�s a atualiza��o da Pierrete para o mundo do break (foto: Divulga��o - Museu Catavento)


Em rela��o �s cores, o artista n�o conseguia identificar 75% dos tons past�is presentes no original. “Esse projeto foi maravilhoso, porque eu tive o desafio de tentar fazer o quadro de forma que eu pudesse estar fazendo uma releitura que eu pudesse estar me desafiando tamb�m, mostrar para as pessoas que a arte tamb�m � inclus�o”, conta Banguone. O uniforme vermelho foi escolhido justamente por ser uma cor que incomoda o grafiteiro devido ao daltonismo. 

Outra obra que teve releitura � “O Mamoeiro” da Tarsila do Amaral, feita por Pamela Ramos, mais conhecida como Pandora. Inspirada pelos murais que via em seu cotidiano, tirou as ideias do papel e come�ou a fazer arte nos muros da cidade em 2013, aos 17 anos. Assim como a obra original foi inspirada nas primeiras ocupa��es dos morros do Rio de Janeiro, a releitura teve motiva��o semelhante em rela��o �s ocupa��es da comunidade de onde mora Pandora.

Comparação entre a obra 'O Mamoeiro', de Anita Malfatti, e sua releitura
Pandora se inspirou na ocupa��o do morro onde cresceu para fazer a releitura de "O Mamoeiro", de Anita Malfatti (foto: Divulga��o - Museu Catavento)


A artista conta que a troca de cores trouxe um ar de nostalgia ligando o novo e o velho, passado e presente, fazendo uma rela��o entre o centen�rio da Semana de Arte Moderna e o Graffiti, sobre tudo de bom que � criado. “Como essa for�a e luta das pessoas perif�ricas em meio ao caos e � mis�ria, especialmente das mulheres, e mulheres negras como as da minha fam�lia e de tantas outras que deram vida e voz as comunidades que lutaram e lutam muito at� por suas cren�as e identidade”, declara Pandora.


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