
A marca capixaba Atit� fez sua estreia na Paris Fashion Week em 28/3, maior evento de moda do mundo. A modelo Mariana Vassequi encerrou o desfile da marca de moda casual, que o correu na Galerie Bourbon, pr�ximo da Champs-�lys�es e do Arco do Triunfo, com a pe�a principal da cole��o, um vestido off-white com franjas, e ostentando seu cabelo natural black power.
A marca foi a �nica brasileira convidada para o evento Flaying Solo, que apresenta novos talentos da moda para o mercado internacional, e se preocupou em escolher um casting misto, representando a diversidade do Brasil.
Volta por cima
A conquista de desfilar no maior evento da moda com seus cabelos naturais, quando muitas modelos ainda se apresentam com cabe�as raspadas ou cabelos alisados, vem com um forte simbolismo n�o apenas para as mulheres negras.
Em um evento para uma marca de cosm�ticos em 2020, Mariana sofreu racismo por parte do cabelereiro Wilson Eliodoro que se referiu ao cabelo da modelo como "filhote de patr�o, porque o patr�o comeu uma escrava e gerou isso aqui". Em outro momento do evento, Wilson afirmou que 'esse cabelo � um cabelo que vem do morro, e agora essas mulheres t�m dinheiro e agora elas querem ir em sal�o chique, por isso n�s temos que saber mexer com elas'.
No momento que ouviu as frases, Mariana n�o disse nada por medo de ser demitida e n�o receber o cach� pelo evento, mas ao chegar em casa, denunciou a situa��o de racismo sofrida por ela e � tamb�m modelo Ruth Morgan, que trabalhava no evento. Al�m de criticar a postura do cabelereiro em naturalizar a cultura do machismo e do estupro, Mariana defendeu que a hist�ria negra n�o se limita � escravid�o.
“E parem de diminuir toda uma ANCESTRALIDADE, diminuir toda uma hist�ria reduzindo sempre o negro (a), sempre o cabelo cacheado/afro/crespo � escravid�o. Meu amor a gente existe muito antes desse pequeno detalhe ter acontecido na hist�ria da humanidade! Se voc� olha pra mim e acha que eu sou s� isso voc� est� muito enganado e atrasado”, desabafou a modelo.
Na �poca, Wilson usou as redes sociais para postar um v�deo pedindo desculpas pelo ocorrido. "Tenho muita culpa, muita vergonha, de ter dito o que disse. Principalmente pela dor que causei. Mas repito, ser preto n�o me faz imune da constru��o racista desse pa�s. Estou em reeduca��o. Assim como tantos de n�s. Desculpa. Desculpa, Mari, desculpa Ruth", declarou o cabelereiro.