Uma em cada tr�s pessoas negras foi v�tima de racismo no transporte p�blico
Pesquisa divulgada no Dia internacional pela elimina��o da discrimina��o racial aponta que o preconceito est� at� em coletivos, como �nibus, trens ou metr�
Nelson Fernando Silva: 'racismo � resultado da ignor�ncia e da desinforma��o' (foto: Arquivo Pessoal)
Uma pesquisa do Instituto Locomotiva, divulgada na segunda-feira (21/3), data em que se celebrou o Dia internacional pela elimina��o da discrimina��o racial, apontou que uma em cada tr�s pessoas negras j� sofreu racismo ao utilizar os meios de transporte no dia a dia. Mas os atos de preconceito por causa da cor da pele n�o param por a�: entre os trabalhadores negros que atuam no setor, 65% dos entrevistados enfrentaram alguma situa��o de racismo durante o expediente.
Das viol�ncias sofridas, a popula��o negra ouvida pelo levantamento relatou ter sido menosprezada (24%), abordada de maneira desrespeitosa (17%), sofrido agress�es verbais e ter sido alvo de express�es racistas (14%). Foram ouvidas 1,2 mil pessoas e mais de mil profissionais do setor de transporte. A pesquisa foi encomendada pela Associa��o Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) com o apoio da Uber, em parceria com o Instituto Identidade Brasil (ID-BR).
O especialista do N�cleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade de Bras�lia (UnB), Nelson Fernando Inoc�ncio da Silva, destaca que a viol�ncia contra a popula��o negra continua sendo um desafio a ser enfrentado todos os dias.
"Precisamos produzir informa��o sobre a popula��o negra. O racismo � fruto da ignor�ncia, ent�o temos que trabalhar com informa��o. Precisamos de forma��o na educa��o b�sica, forma��o nas universidades, forma��o dos trabalhadores e profissionais de seguran�a, que precisam aprender muito sobre a popula��o negra, porque a forma hostil como habitualmente tratam essa parcela da sociedade, � fruto de ignor�ncia e desconhecimento", disse.
Transporte: zona franca do preconceito (foto: CB/DAPress)
Doen�a
O Dia internacional pela elimina��o da discrimina��o racial �, na opini�o de Nelson, fundamental para o entendimento de que a luta contra o racismo � universal, que deve ocorrer onde quer que se manifeste.
"Nossa sociedade ainda � muito refrat�ria ao debate aberto da quest�o racial, com muitas reservas, de modo que isso dificulta o processo. O racismo � tratado como tabu e impede que a gente assuma, de fato, quem somos. No Brasil, o racismo � uma doen�a social e precisamos reconhecer que estamos doentes. A viol�ncia racial � hist�rica no pa�s e n�o reconhecer isso � uma profunda aliena��o", lamentou.
O advogado e professor de Direito Penal e mestre em Direito das Rela��es Sociais pela Pontif�cia Universidade Cat�lica de S�o Paulo (PUC), Leonardo Pantale�o, ressalta que qualquer pessoa pode comunicar a ocorr�ncia de crimes de racismo. "A legisla��o brasileira, inclusive, caminha nesse sentido, tendo recentemente criado a figura do 'informante do bem'. A atua��o de terceiros contribui para que o Estado imponha o seu direito de punir o agente criminoso, mitigando, cada vez mais, tais pr�ticas", salientou.
