
Belo Horizonte tem diversos bens culturais, que apresentam um pouco sobre a hist�ria e forma��es da popula��o negra na cidade. Muitos desses bens s�o reconhecidos como patrim�nios imateriais da cidade pelo Conselho Deliberativo do Patrim�nio Cultural do Munic�pio de Belo Horizonte.
Alguns desses bens ganharam destaque no projeto “Expedi��es do Patrim�nio”, encontro virtual que aconteceu dentro da programa��o do Festival de Arte Negra (FAN).
Na s�tima edi��o, o projeto teve como tema “Patrim�nio Cultural afro-brasileiro na hist�ria de Belo Horizonte”. O evento vai explorar os caminhos, percursos e hist�rias sobre bens da cultura negra na capital.
Os patrim�nios apresentados foram as festas de Iemanj� e dos Pretos Velhos; os quilombos Manzo Ngunzo Kaiango, Lu�zes, Mangueiras e Souza; o Terreiro Il� Wopo Olojukan; e a Irmandade Nossa Senhora do Ros�rio do Jatob�.
Apesar do foco ser a import�ncia do patrim�nio, o evento tamb�m � destinado para os debates sobre a cultura afro-brasileira presentes em BH. As apresenta��es foram conduzidas pelo historiador e doutor em Educa��o Marco Ant�nio Silva, coordenador educativo da Diretoria de Patrim�nio Cultural e Arquivo da Funda��o Municipal de Cultura (FMC).
O evento conta com a participa��o de Arminda Aparecida de Oliveira, professora e mestre em Educa��o, da Diretoria de Desenvolvimento e Articula��o Institucional da Secretaria Municipal de Cultura. Alan Oziel, historiador e coordenador do setor de Patrim�nio Imaterial da Diretoria de Patrim�nio Cultural e Arquivo P�blico tamb�m participa do bate-papo.
OITO PATRIM�NIOS IMATERIAIS DA CULTURA NEGRA EM BH
Festa de Iemanj�

A celebra��o rever�ncia o orix� Iemenj� e se tornou um dos marcos da cultura de religi�es de matriz africana em Belo Horizonte. A festa � realizada desde 1953, uma vez por ano, e re�ne terreiros de umbanda e candombl� de toda a cidade no portal na Lagoa da Pampulha.
Em 2007, foi inaugurado o Portal da Mem�ria, de autoria do escultor Jorge dos Anjos. A ocupa��o de um espa�o desse territ�rio da cidade por parte das comunidades de terreiro, al�m de refor�ar importantes la�os identit�rios, promove uma apropria��o mais plural e democr�tica dos espa�os p�blicos em Belo Horizonte.
Festa dos Pretos Velhos

Realizada anualmente, a Festa dos Pretos Velhos re�ne, assim como a Festa de Iemanj�, diversos terreiros de Belo Horizonte. O encontro acontece no s�bado mais pr�ximo do dia 13 de maio, na Pra�a Treze de Maio, no Bairro da Gra�a, conhecida como Pra�a dos Pretos de Velhos.
Na festa, s�o feitas Pretos Velhos, nas tradi��es da Umbanda s�o as entidades pr�ximas aos antepassados escravizados, carregando sabedorias e conhecimentos.
Quilombo Manzo Ngunzo Kaiango

A Comunidade Quilombola Manzo Ngunzo Kaiango foi criada em 1970, na Regi�o Leste de Belo Horizonte. Fundada por M�e Efig�nia, Efig�nia Maria da Concei��o ou Mametu Muiand�, a matriarca � figura essencial na constru��o do espa�o na cidade.
Manzo Ngunzo Kaiango realiza consultas espirituais e rituais do candombl�. Al�m disso, l� s�o realizadas as festas de Pai Benedito, a festa do Caboclo e a festa do Exu Pared�o. O quilombo tamb�m tem um papel social ativo, realizando atividades como oficinas de dan�a, percuss�o e elementos da cultura afro-brasileira.
Quilombo Lu�zes

Localizado no bairro Graja�, na Regi�o Oeste de Belo Horizonte, o Quilombo Lu�zes tem origem anterior � funda��o da capital, em 1897. A hist�ria do lugar come�a, na verdade, na cidade de Santa Lu�za, quando o casal Maria Lu�za e Vitalino chega ao local e se re�ne com outros moradores que j� habitavam o ambiente.
A agricultura sempre teve um forte v�nculo com os membros da comunidade, que tinham o sustento financeiro e social no cultivo de hortas pelos pr�prios moradores. O lugar possu�a correntes de �gua em abund�ncia, o que permitia a produ��o dos alimentos.
Quilombo Mangueiras

A hist�ria do Quilombo Mangueiras se inicia no s�culo XIX, com a compra do lugar pelo casal Cassiano Jos� de Azevedo e Vic�ncia Vieira de Lima. Lavradores, trabalharam no entorno do espa�o antes de compr�-lo. O nome faz refer�ncia aos p�s de manga presentes no local.
Seus descendentes foram respons�veis pela manuten��o e expans�o do local. De acordo com a Secretaria Municipal de Cultura, 70% de seus habitantes s�o mulheres, que mant�m e constroem as tradi��es do lugar ao longo dos anos.
As pr�ticas religiosas se intensificaram em 1970, principalmente com a umbanda, atrav�s do “Terreiro da Dona Isabel”.
Quilombo Souza

Tradicional por realizar as festas no m�s de junho em homenagem a Santo Ant�nio, S�o Pedro e S�o Jo�o, o Quilombo Souza foi fundado nos primeiros anos do s�culo XX. O casal Petronillo de Sousa (1879-1921) e Elisa da Concei��o deram in�cio a hist�ria de uma das mais tradicionais comunidades quilombolas da cidade.
Os descendentes, principalmente as mulheres, deram sequ�ncia �s tradi��es e pr�ticas culturais e religiosas do quilombo. Tamb�m realizam atividades agr�rias e de cultivo e plantio e de consumo pr�prio.
Terreiro Il� Wopo Olojukan

� reconhecido como o primeiro Terreiro de Candombl� de Belo Horizonte, fundado em 1964, por Carlos Ribeiro da Silva, que veio de Salvador a BH para a cria��o do espa�o. Tem como base as tradi��es da cultura Yorub�.
Sua sede fica na rua. Doutor Benedito Xavier, no bairro Aar�o Reis, na Regi�o Norte de Belo Horizonte. Foi reconhecido como Patrim�nio Cultural do Munic�pio em 1995, tem seu territ�rio e hist�rias afro-brasileiras preservadas e asseguradas.
Irmandade Nossa Senhora do Ros�rio do Jatob�

Um dos principais representantes da cultura negra dentro da religi�o cat�lica, a Irmandade Nossa Senhora do Ros�rio do Jatob� vem preservando os elementos afro-brasileiros em BH. Os conhecimentos s�o repassados aos mais jovens para a continuidade das tradi��es.
Foi reconhecida em 1995 como Patrim�nio Cultural do Munic�pio e � muito lembrada por seus festejos � Mangan�, tamb�m celebrada e conhecida como Virgem Maria.
EXPEDI��ES DO PATRIM�NIO
O projeto est� na s�tima edi��o. Criado em 2019, pela Diretoria de Patrim�nio Cultural e Arquivo P�blico da FMC, vem aprofundando os aprendizados sobre os bens. A proposta � permitir que, a cada edi��o, os participantes possam aprofundar o conhecimento e viv�ncia dos bens materiais e imateriais do Patrim�nio Cultural de Belo Horizonte.
Para Marco Ant�nio, coordenador educativo da Diretoria de Patrim�nio Cultural e Arquivo da Funda��o Municipal de Cultura (FMC), os patrim�nios imateriais em Belo Horizonte s�o reconhecidos por sua associa��o com a cultura popular, principalmente com a cultura negra em BH.
“� importante que todas as refer�ncias culturais da cidade sejam respeitadas, preservadas, e isso � fundamental para que cada grupo que vive na cidade”, destaca Marco, apresentando como o conhecimento sobre as diversidades sociais � essencial para valoriza��o do outro e tamb�m para a reflex�o sobre o reconhecimento de si pr�prio.
O coordenador tamb�m comenta sobre a relev�ncia e necessidade o tema, muito associado com as realiza��es do Festival de Arte Negra.
“As pessoas que nos acompanham, que participaram recorrente dos nossos eventos, anseiam muito por essa discuss�o entre a quest�o dos rela��o entre os patrim�nios imateriais e a cultura afro-brasileira na cidade"
Ao longo das edi��es, o projeto apresentou sobre os lambe-lambes, artes impressas coladas em espa�os p�blicos. O evento tamb�m j� debateu sobre lugares e regi�es como a Pra�a da Esta��o de Belo Horizonte, a regi�o da Pampulha, os bairros Santa Tereza e Lagoinha e a regi�o central da capital.