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Estado de Minas REFER�NCIA

Conhe�a a primeira ind�gena doutora em antropologia do Brasil

A professora Eliane Boroponepa Monzilar luta para resgatar a cultura do seu povo, da etnia Umutina, e hoje tem o doutorado em antropologia pela UnB


28/04/2022 09:09 - atualizado 28/04/2022 09:27

Eliane Boroponepa Monzilar de frente para um rio
Eliane Boroponepa Monzilar aplica o conhecimento em favor de seu povo Umutina (foto: Arquivo pessoal)

 
Os obst�culos enfrentados pelas mulheres na luta pela igualdade de oportunidades s�o uma realidade, mas que � combatida com vigor em diferentes segmentos sociais e profissionais. O acesso �s universidades � um exemplo dessa batalha, em que foram conquistadas importantes vit�rias. Em 60 anos, a Universidade de Bras�lia (UnB) acompanha o avan�o do protagonismo feminino.
 
Espa�os, que antes eram tradicionalmente dominados pelos homens, passaram a ter mulheres em posi��es de destaque. Entre os t�cnicos administrativos da institui��o, 51% s�o mulheres, e com alto grau de qualifica��o. Na gradua��o, elas respondem por 50% da ocupa��o das vagas de estudantes, sendo que dos 131 cursos, 72 t�m como maioria alunas.

O Correio foi conhecer a trajet�ria de mulheres destemidas que fizeram hist�ria na UnB e se tornaram refer�ncia acad�mica no Brasil e no mundo. Na edi��o de hoje, conversamos com a ind�gena Eliane Boroponepa Monzilar, de 43 anos, que lutou para devolver o orgulho da cultura do seu povo por meio dos estudos.

De etnia Umutina, Eliane cresceu pr�ximo � cidade de Barra dos Bugres, no estado de Mato Grosso, sem acesso �s escolas ind�genas. A falta de refer�ncias do seu povo na educa��o formal da regi�o fez com que, aos 22 anos, ela deixasse sua terra natal em busca de qualifica��o e ingressasse na gradua��o.
 
Em julho de 2019, Eliane se tornou a primeira mulher ind�gena a ter o t�tulo de doutorado em Antropologia pela UnB. "Foi uma oportunidade de colocar em pauta a import�ncia dos saberes e da ci�ncia dos povos ind�genas, uma forma de trazer novos autores ind�genas para dentro do espa�o acad�mico, quebrando paradigmas", defende.

A caminhada foi longa. Antes, Eliane cursou licenciatura em ci�ncias sociais na Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e fez especializa��o em Educa��o Escolar Ind�gena. Em 2011, ela tomou ci�ncia do processo seletivo para o mestrado profissional em sustentabilidade junto a povos e terras tradicionais da UnB, decidiu se inscrever na sele��o e foi aprovada.
 
A experi�ncia rendeu uma disserta��o que transformou-se em um livro, publicado em 2018. Em 2014, ela ingressou — gra�as ao sistema de cotas para ind�genas — no doutorado do Programa de P�s-Gradua��o em Antropologia Social da UnB, que resultou na tese: "Aprender o conhecimento a partir da conviv�ncia: uma etnografia ind�gena da educa��o e da escola do povo Balatipon�-Umutina". 

Conquista coletiva

A pesquisa trata da import�ncia da educa��o pautada nos saberes dos povos tradicionais como instrumento para fortalecer essa cultura, que tem sido vilipendiada desde os primeiros contatos com n�o ind�genas, no s�culo 20 (veja em Saiba Mais). "Eu vejo minha pesquisa, experi�ncia e trajet�ria como refer�ncia. Vejo que foi um processo de conquista, n�o somente pessoal, mas tamb�m coletiva. Por tr�s da Eliane, existe toda uma comunidade ind�gena que luta pela sua cultura. A minha tese mostra isso, esse di�logo de parceria entre os povos ind�genas e o mundo acad�mico", explica.

Para al�m da tese, Eliane utilizou de seu conhecimento para contribuir com a manuten��o da cultura de seu povo: atualmente, ela � professora em uma escola na comunidade de Umutina. Finalmente ela pode ser a refer�ncia que gostaria de ter conhecido na inf�ncia. "Sair da aldeia, de um contexto que sempre vivi, onde est�o meus parentes e familiares � um desconforto. Ao sair, dei de cara um um novo mundo. E, dentro da universidade, tem a dificuldade pedag�gica, dos estudos. � um ritmo diferente", avalia.

Ela garante que mesmo dif�cil, a jornada foi importante para o seu crescimento como professora. "Vivi encantos ao interagir, conhecer novas culturas e pude me aperfei�oar pessoalmente, profissionalmente e academicamente. Me aperfei�oei em v�rios aspectos, ao conhecer essa diversidade cultural", destaca.

A oportunidade de transitar por diferentes lugares e culturas, durante suas viv�ncias acad�micas, fez com que Eliane tivesse ainda mais certeza da import�ncia de defender uma educa��o inclusiva. "Sou a primeira mulher ind�gena a me tornar doutora e isso � fruto de lutas que colocam em pr�tica as pol�ticas p�blicas", ressalta.
 
De acordo com a professora, sua forma��o serve de exemplo, n�o apenas para os povos ind�genas, mas para todos aqueles que s�o "invis�veis perante a sociedade". "Hoje, vivemos um momento em que nossos direitos e conquistas s�o violados, mas acredito acredito que as universidades t�m feito seu papel. Precisamos reformular, para que esse autores de comunidades como ind�genas, quilombolas ou tradicionais possam ter acesso de qualidade ao ensino, assim como eu tive", completa.


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