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Estado de Minas ATO ANTIRACISTA

Coletivos estudantis manifestam contra o uso do 'blackface' dentro da UFOP

Manifesta��o ocorreu na �ltima quarta-feira (11/5) e reuniu cerca de 200 pessoas em frente ao Restaurante Universit�rio, cobrando medidas mais r�gidas


12/05/2022 18:31 - atualizado 12/05/2022 19:20

Líderes dos movimentos negros da UFOP organizaram ato contra o racismo
L�deres dos movimentos negros da UFOP organizaram ato contra o racismo na quarta-feira (11/5), no Campus Morro do Cruzeiro, em Ouro Preto (foto: C�sar Diab/ASSUFOP)
O protesto contra o epis�dio de blackface, ocorrido na �ltima edi��o do evento Miss Bixo, reuniu cerca de 200 pessoas nessa quarta-feira. O ato ocorreu na porta do Restaurante Universit�rio da UFOP, entre estudantes e servidores dos campi de Mariana e de Ouro Preto, com o intuito de cobrar um posicionamento mais en�rgico da institui��o por meio de uma pol�tica institucional de combate ao racismo.
 
O movimento foi organizado pelo Coletivo Negro Braima Man�, contando com a participa��o do Diret�rio Central de Estudantes, o Sindicatos dos Trabalhadores T�cnico-Administrativos e da Associa��o dos Docentes da UFOP, tendo como tema "Fortalecer nossos quilombos para juntos permanecermos".

Houve um abaixo-assinado, com o objetivo de apurar o acontecimento com profundidade, com abertura imediata de sindic�ncia e de puni��es educativas e pedag�gicas contra os envolvidos. Al�m disso, a coleta de assinaturas busca institucionalizar uma legisla��o interna e uma "Ouvidoria contra o racismo" na UFOP, tamb�m de fomentar discuss�es recorrentes sobre essa pauta.
 
Em entrevista � TV UFOP, a estudante de p�s-gradua��o Leiliane Faustino, comenta que a manifesta��o tem um sentido mais amplo para a discuss�o do racismo que epis�dios de inj�ria racial e de blackface, que acontecem recorrentemente em festas como a Miss Bixo.

Ver galeria . 5 Fotos Líderes dos movimentos negros da UFOP organizaram ato contra o racismo na quarta-feira (11/5), no Campus Morro do Cruzeiro, em Ouro PretoCésar Diab/ASSUFOP
L�deres dos movimentos negros da UFOP organizaram ato contra o racismo na quarta-feira (11/5), no Campus Morro do Cruzeiro, em Ouro Preto (foto: C�sar Diab/ASSUFOP )


Segundo Faustino, o racismo se manifesta de diversas formas, como "quando n�o h� representa��o negra no corpo docente, nos estudantes, ou nos intelectuais negros nas disciplinas cursadas". Essa aus�ncia de representatividade se mostra como um problema, j� que, segundo levantamento do Censo de 2010 do IBGE, Ouro Preto � uma cidade com 70% da popula��o autodeclarada negra.



O Miss Bixo � um evento de recep��o de calouros tradicional ouropretano, no qual os estudantes rec�m-chegados �s rep�blicas desfilam fantasiados, a fim de se eleger a melhor caracteriza��o. No entanto, na �ltima edi��o (29/4), moradores das rep�blicas feminina Cravo e Canela e masculina Territ�rio Xavante foram acusados de cometer o crime de blackface, ao se pintar de marrom para incorporarem os personagens Irm�os Rocha, o cachorro Muttley do desenho animado Corrida Maluca, al�m de pombos, inspirados na m�sica "Mundo animal", do antigo grupo Mamonas Assassinas. As fotos repercutiram pela internet, por meio das redes sociais, causando indigna��o nos internautas e na comunidade da UFOP.
 
Em nota divulgada pelas redes sociais, os estudantes da rep�blica Cravo e Canela pediram desculpas a quem se sentiu ofendido, alegaram que repudiam o racismo, apesar de ressaltar que n�o cometeram blackface. J� os moradores da Territ�rio Xavante n�o se manifestaram.
 
A UFOP se posicionou dizendo que a Ouvidoria da universidade recebeu den�ncias e as encaminhou para a PRACE/UFOP - Pr�-Reitoria de Assuntos Comunit�rios e Estudantis -, que nomeou uma comiss�o de investiga��o que tem 30 dias para avaliar o caso; al�m disso, refor�ou que ï¿½ totalmente contra atos discriminat�rios.

A Ouvidoria ainda salientou que o caso, que segue em processo administrativo, est� sendo acompanhado pela CGU - Controladoria Geral da Uni�o - por meio da cria��o de Comiss�o para Sindic�ncia, para apura��o dos fatos ocorridos. Destacou, paralelamente, n�o concordar com amea�as de agress�o f�sica que os envolvidos alegam ter recebido, ressaltando que a viol�ncia n�o � o caminho para a condu��o do caso.
 
Sobre os posicionamentos, o Coletivo lan�ou nota no seu perfil no Instagram, no qual destaca que "o fato de 'n�o haver inten��o' de representar pessoas negras, ou a fantasia ser sobre animais ou personagens de desenho animado, n�o exclui o car�ter racista da pr�tica".

Acrescentaram, ainda, que "se pintar de preto ou marrom num evento que tradicionalmente adota esta pr�tica para representar pejorativamente pessoas pretas exclui qualquer possibilidade de equ�voco, trazendo � tona o car�ter racista" do evento e dos organizadores.
 
Na mesma nota, o Coletivo ainda destaca que, em um pa�s com hist�rico escravocrata, a UFOP faz "vista grossa" em assuntos do g�nero, a exemplo da "Rep�blica Federal Senzala", cujo nome remete ao local no qual os escravos eram mantidos presos nas propriedades do escravizadores. Ademais, � citado que a mesma moradia estudantil "se refere a seus moradores atrav�s do termo 'escravos'", sem medo de sofrerem qualquer tipo de repres�lia, uma vez que fazem publica��es de destaque sobre a rotina dos moradores em redes sociais com o Instagram.
 

O que � o blackface?

O termo blackface surgiu nos anos 1930, em Nova Iorque, em um cen�rio de segrega��o racial, no qual pessoas brancas se pintavam de preto ou marrom em encena��es teatrais para ridicularizar pessoas pretas e pardas. No per�odo, negros n�o podiam atuar nas artes c�nicas. E essa pr�tica tem dois vi�ses: a carcaturiza��o e do negro, estereotipando os seus comportamentos e apar�ncia; e a exclus�o deste povo de papeis na dramaturgia.
 

Como denunciar um crime de racismo?

Crimes de racismo podem ser denunciados presencialmente em delegacias, pela internet - em portais como o do Minist�rio P�blico e do Safernet -, ou por meio do Disque Den�ncia - 190, ou do Disque Direitos Humanos, Disque - 100. 
 
Os crimes que s�o enquadrados como "racismo" s�o aqueles direcionados a todas as pessoas negras, de maneira coletiva. Quando o crime � cometido contra uma pessoa espec�fica, e n�o a um grupo, � dado o nome de "inj�ria racial" - descrita no artigo 140 do C�digo Penal Brasileiro. 
 
A Lei 7.116, de 1989, prev� o crime de racismo como imprescrit�vel e inafian��vel. Isso quer dizer que o crime n�o prescreve e o tempo transcorrido desde a ocorr�ncia n�o implica no julgamento. As penas variam de um a cinco anos de pris�o, podendo ou n�o serem acompanhados de multa. J� para inj�ria racial, pode ser paga fian�a e � prescrita em at� oito anos. A pena pode ser de um a tr�s anos de pris�o e multa.

 


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