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Estado de Minas ELAS ESCRITORAS

Mulheres escritoras ocupam escadaria de CCBB em foto hist�rica

A foto de escritoras tamb�m foi feita em S�o Paulo, Rio de Janeiro e Porto Velho, depois de uma convocat�ria da Feira do Livro


13/06/2022 12:44 - atualizado 14/06/2022 09:30

Centenas de escritoras sentadas nas escadaria do CCBB
Cerca de 250 escritoras participaram da foto hist�rica feita no CCBB (foto: Liliane Pelegrine/Bendita Conte�do&Imagem/ Divulga��o)

 

O domingo, 12 de junho, era dedicado aos namorados, no entanto, centenas de mulheres demonstraram o amor � escrita. Elas chegaram pouco a pouco, algumas levando exemplares dos livros que escreveram, conversavam, trocavam aut�grafo e n�o escondiam a emo��o de fazer parte dessa iniciativa que procura mapear as escritoras mulheres.

 

�s 11h, centenas ocupavam a escadaria do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB BH) na Pra�a da Liberdade. Prontas para o clique, uma fotografia hist�rica de mulheres escritoras, como parte de uma a��o que come�ou em S�o Paulo na Feira do Livro, evento liter�rio em que a convocat�ria foi lan�ada, espalhando-se por todo o Brasil. As fotos tamb�m foram feitas em S�o Paulo, Rio de Janeiro e Porto Velho. Cerca de 250 escritoras preencheram o formul�rio dos organizadores.

 

"� muito significativo. Estou surpresa com o n�mero, apesar de saber que tem muita mulher que escreve. � lindo ver tanta mulher se reconhecendo como escritora. � muito dif�cil voc� ter coragem de escrever, voc� ter coragem de se assumir como escritora, preencher  um cadastro dizendo que voc� � escritora. � emocionante. � admir�vel ver a mulher ocupando esse espa�o que por tanto tempo era ocupado majoritareiamente por homens", afirmou a escritora Cristiana Rodrigues que junto � Academia Mineira de Letras (AML) organizou o evento em BH. As fotos foram feitas pelos jornalistas Liliane Pelegrino e �lcio Para�so, da Bendita Conte�do & Imagem.

 

Elas t�m conseguido, cada vez mais, consolidar a presen�a na cena liter�ria brasileira, com um n�mero maior de mulheres que publicam e tamb�m como mulheres vencendo pr�mios de literatura e liderando ranking de livros mais vendidos. "A Carla Madeira teve um n�mero muito expressivo de venda no ano passado e temos escritoras mais novas surgindo. Tamb�m ganhamos cada vez mais publico e cada vez mais express�o", afirma.

 

No entanto, o mercado editorial para mulheres pode expandir. "Ainda sinto uma falta que as mulheres se reconhe�am como leitoras de outras mulheres", afirma Cristiana. Os livros escritos por mulheres n�o precisam versar apenas sobre quest�es do universo feminino, no entanto, certamente, n�o t�m melhor escritoras do que n�s pr�prias para trat�-los. "N�o existe um homem que consiga escrever sobre menopausa, por exemplo, como  uma mulher consegue escrever, ou como � a primeira menstrua��o", diz Cristiana que � autora de "Vastid�o", pela Editora Vasta.

 

A organiza��o cadastrou todas as escritoras que participaram da foto hist�rica. A expectativa � que, futuramente, elas possam formar coletivos e grupos de escrita para que possam trocar experi�ncias e livros. 

Mercado em expans�o 

O movimento de mobiliza��o de mulheres que escrevem literatura vai modificar o mercado editorial no pa�s. A avali��o � da escritora Elaine Moraes: "vamos ter mais livros escritos por mulheres, e veremos, cada vez mais, nas livrarias, nos eventos liter�rios, nas estantes de livros, em muitas casas, livros de autoras. Mulheres que escrevem hist�rias sobre outras mulheres".

 

Elaine lembra que, por muito tempo, as hist�rias contadas por mulheres foram consideradas menores, mas agora esse quadro est� mudando. "J� foi considerado uma literatura menor. Uma literatura confessional num sentido muito pejorativo. O cotidiano, a vida, os problemas, as mazelas sociais vivenciadas pelas mulheres v�o ocupar, definitivamente, as p�ginas da literatura brasileira." Elaine foi finalista do Pr�mio Jabuti 2021 com o livro "Genealogia dos afetos", da editora Letramento.

 

As escritoras se emocionaram com o momento, considerado hist�rico por nunca ter tido um encontro de tantas mulheres escritoras juntas. "Quando eu cheguei aqui meus olhos encheram d'�gua. Vim para ver todo mundo e foi uma emo��o t�o grande ver tanta mulher junta. Tem gente escrevendo h� tantos anos, esfor�ando-se para conquistar um lugar", diz Marcela Dant�s autora de "Nem sinal de Asas", pela editora Patu�, e "Jo�o Maria Matilde", pela Aut�ntica.

 

Na avalia��o dela, as mulheres t�m conseguido reconhecimento e espa�o, em na cr�tica liter�ria, nas editoras e nas premia��es. "Vejo muito companheirismo, mulheres lendo mulheres.  Mulheres comentando e indicando. � muito simb�lico ver todo mundo junto celebrando a escrita", pontua Marcela.

 

Levantamentos apontam que as mulheres costumam ser a maioria entre os leitores. "Temos muitos livros lidos de autoras mulheres. Estamos nesse caminho. � um caminho longo e lento, mas vejo isso acontecer", avalia. Marcela, que foi finalista ccom "Nem sinal de asas", em 2021, dos pr�mios Jabuti e S�o Paulo. 

Escritoras negras

A jovem escritora Lara de Paula comemorou o encontro. "� muito importante que a gente possa se reunir para que tenha uma dimens�o da quantidade de mulheres autoras em Belo Horizonte e outros lugares", afirmou. A jovem sentiu falta de muits escritoras negras, mas ainda assim um grupo esteve no local, com destaque para Madu Costa, autora de "Meninas negras", pela Mazza Edi��es.

 

Lara come�ou a escrever em 2018 com o projeto Preta Poeta. Depois de quatro anos, � autora de dois livros solos e participou de dez colet�neas. Ela conseguiu o financiamento da Lei Aldir Blanc para produzir o primeiro livro solo, o "Nuvil�neas", pela Alecrim Edi��es, e, no ano passado, lan�ou a HQ "Por um fio", pela Kitembo Edi��es do Futuro.

 

"Ser escritora � padecer no para�so. � uma del�cia, porque voc� tem a possibilidade de criar outros mundos, compartilhar outros mundos, outras hist�rias, exercer a criatividade. No entanto, enfrenta-se muita dificuldade em um pa�s que se tem pouqu�ssimo incentivo para leitura e para manuten��o da literatura", afirma.

 

A jovem lembra que � muito dif�cil algu�m se manter como escritora ainda mais se for mulher negra. "� um of�cio que requer muito amor e muita dedica��o", faz uma reflex�o. Ela avalia que o o mercado de consumo liter�rio ainda � muito embranquecido e masculino. A jovem lembra que escritoras como Concei��o Evaristo abrem caminhos.

 

*M�rcia Maria Cruz, que � autora dos livros "Morro do Papagaio", da Cole��o BH.A cidade de cada um, e Maria Mazarello - preto no branco, lutas e livros, da editora Contafios, tamb�m participou da foto. 

 


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