(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas REPRESENTATIVIDADE

Blogueira com fraqueza muscular compartilha seu life style nas redes

Com apenas 18 anos, Marina Melo conta com mais de 50 mil seguidores nas redes sociais e faz resenhas de maquiagem


06/07/2022 17:21 - atualizado 07/07/2022 10:19

foto de rosto de Marina
Aos 18 anos, Marina compartilha sua rotina e sua paix�o por maquiagem nas redes sociais (foto: Arquivo pessoal)

Os tutoriais de maquiagem e a resenha de produtos de Marina Melo nas redes sociais conquistaram 28 mil seguidores no Instagram e 23,6 mil no TikTok. Mas os seus v�deos t�m uma diferen�a: Marina tem fraqueza muscular, causada por uma condi��o chamada Atrofia Muscular Espinhal tipo 2 (AME II). 


Assim, mais do que uma simples resenha de como funciona uma maquiagem, ela mostra se a embalagem � dif�cil de abrir e se � poss�vel ser utilizada por uma pessoa com defici�ncia. Ela tamb�m mostra como as roupas de grandes lojas ficam no corpo de algu�m que usa cadeira de rodas e avalia se os lugares s�o acess�veis ou n�o.


Carism�tica, Marina tem 18 anos e est� no primeiro per�odo do curso de Design Gr�fico. E claro que a rotina da faculdade n�o poderia ficar de fora do conte�do produzido pela influenciadora, seja no formato “arrume-se comigo”, seja mostrando como s�o as aulas.


H� dois anos como criadora de conte�do, Marina acompanha os influenciadores desde a inf�ncia, quando j� existiam os youtubers. Seus v�deos favoritos eram os de maquiagem e os jogos.

“Eu sempre acompanhava os youtubers de maquiagem e de video game e eu sempre vi futuro nesse mercado. Mas eu via os v�deos e sempre me perguntava onde estavam as pessoas com defici�ncia. E como na �poca, n�o tinha contato com outras pessoas com defici�ncia, na minha cabe�a, eu achava que n�o tinha pessoas com defici�ncia jogando ou se maquiando”, conta. 

 


Leia tamb�m: Pessoas com defici�ncia usam redes sociais para combater preconceitos

Em busca de representatividade

;Marina de cabelo preso
(foto: Reprodu��o / Instagram)
 


Em 2020, durante a pandemia, Marina foi incentivada por um amigo a criar um perfil sobre estudos nas redes sociais, para se distrair. Como gostava de cadernos coloridos, ela decidiu se dedicar ao tema, mas sem mostrar o rosto.

A partir da�, ela p�de conhecer outros influenciadores com defici�ncia e se reconheceu. “E a� eu vi a Mariana Torquato (influenciadora com defici�ncia) e eu descobri o que era capacitismo e vi que eu sofria isso e n�o sabia o nome. Depois, eu conheci outros criadores com defici�ncia, como o Dudu, e Ana Clara, que tem o mesmo tipo de defici�ncia que eu. Foi muito importante para a minha aceita��o”, lembra.


Apaixonada pelo mundo do K-pop, Marina come�ou a estudar coreano e a criar conte�do sobre o tema.  “Eu n�o via pessoas com defici�ncia no K-pop. Sabia de pessoas com defici�ncia em outros ritmos, como o funk, mas no k-pop n�o. E eu senti que precisava falar sobre isso”, relata.

“E a� comecei a sentir que precisava explicar mais sobre capacitismo e comecei com a milit�ncia. Mas come�ou a sobrecarregar, porque quando voc� est� na milit�ncia, passa a receber coisas que voc� n�o gosta”, relembra.  

 


Isso fez com que ela mudasse o conte�do que produzia e decidiu trazer mais sobre o seu dia a dia. “Eu queria continuar a ensinar e mostrar meu ponto de vista, a forma que vejo o mundo, de forma espont�nea e alegre. Ent�o, eu comecei a mostrar minha vida, a falar sobre maquiagem porque � minha grande paix�o, � uma das coisas que consigo fazer 100% sozinha, eu amo arte e � uma forma de se expressar, de aprender a se amar”, afirma.  



Leia tamb�m: Pesquisa aponta que 9,5% dos mineiros t�m algum tipo de defici�ncia

Luta anticapacitista

 


O capacitismo � a desvaloriza��o ou desqualifica��o das pessoas com defici�ncia, baseado no preconceito em rela��o � capacidade corporal ou cognitiva. Nos �ltimos termos, o movimento anticapacitismo ganhou for�a, especialmente nas redes sociais. Para Marina, a luta j� apresentou alguns resultados, mas ainda � um caminho longo.


“O capacitismo est� t�o atrelado na nossa sociedade que eu acho que vai ser um processo dif�cil. Mas j� estamos vendo algum resultado, vendo o posicionamento de marcas, a presen�a de pessoas com defici�ncia em eventos, em novelas. At� a Barbie”, conta. Mas ela ressalta que ainda h� muito a ser feito. Especialmente no que ela chama de ‘capacitismo inconsciente’ das marcas de maquiagem, que s�o tema recorrente de seus v�deos.


“A marca n�o pensa, eles t�m que aprender, que ver. A marca de maquiagem da Selena Gomez est� vindo para o Brasil e, como ela tem l�pus, as embalagens que ela fez foram pensadas para pessoas com fraqueza muscular conseguirem abrir. Com a chegada da marca dela, � hora de cobrar as outras marcas. Eles v�o ter um olhar, v�o conseguir ver esse mercado”, analisa.

Sonhos

 


H� dois anos trabalhando na internet, Marina conta que ainda n�o consegue se sustentar com a produ��o de conte�do. Mas isso n�o desanima: “Todo mundo fala que eu era muito t�mida, que muita vergonha. Eu odiava o fato de estar em uma cadeira e, com a internet, deixei de ser t�mida e pude me aceitar. Trouxe uma qualidade de vida muito positiva”, avalia. 


E, mesmo que um dia a recompensa principal das redes sociais seja financeira, ela n�o pretende parar a faculdade de Design Gr�fico pois acredita que a forma��o � um passo importante para realizar o sonho de trabalhar na Disney. “Eu sempre gostei de anima��o, desde a inf�ncia, especialmente Frozen, acho que me identifico com a Elsa. Quando lan�ou Frozen 2, a Disney postou um document�rio de como foi o processo de cria��o e vi um animador com defici�ncia, como funciona o processo criativo e eu me apaixonei. A� eu fui atr�s e mudei: queria psicologia e agora quero trabalhar na Disney”, relembra. 


Al�m da faculdade, Marina j� est� estudando ingl�s e pesquisando sobre o processo seletivo da gigante das anima��es. 

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)