Conhe�a Geraldo Rufino, o catador de latinhas que se tornou empres�rio

De catador de latinhas a empres�rio, Geraldo Rufino se manteve fiel ao menino de 8 anos que come�ou a trabalhar para levar caf� da manh� para a fam�lia. Hoje, � conhecido e reconhecido por ter fundado a maior empresa de reciclagem automotiva da Am�rica Latina, a JR Diesel.

Geraldo se define como um brasileiro que acredita muito neste pa�s, espiritualizado, com f� incondicional. Que valoriza a fam�lia e aprendeu tudo com a grande mulher que chamava de m�e, que n�o sabia ler nem escrever, mas era uma empreendedora da vida e ensinou os filhos a gratid�o pela luz que entrava na fresta do barraco, ou seja, o privil�gio de mais um dia.

“Eu sou aquele mesmo cara de 7 anos, que era feliz e que acreditava nas pessoas, que aprendeu a conviver com o diferente, o cara que aprendeu a ser solid�rio, que dividia resto que pegava da feira com os vizinhos. Eu aprendi que naquela condi��o social, ou em qualquer condi��o social, voc� pode ajudar algu�m”, conta Rufino.

"Pra mim o racismo, o preconceito, s�o uma fraqueza humana. Eu nunca dei ao outro o poder de me incomodar. O cara que me discrimina, � problema dele, eu n�o deixo que isso me atinja"

Geraldo Rufino

Seu maior desafio sempre foi ser uma pessoa melhor a cada dia, e n�o deixava que o preconceito e o racismo fizessem parte de sua vida. “Minha m�e disse que ser negro era um privil�gio, e eu acreditei na minha m�e. Ela disse que ser pobre era uma condi��o que eu podia mudar, e todos n�s podemos mudar essa condi��o. Pra mim, o racismo, o preconceito, s�o uma fraqueza humana. Eu nunca dei ao outro o poder de me incomodar. O cara que me discrimina, � problema dele, eu n�o deixo que isso me atinja”, afirma Geraldo.

Geraldo nasceu em Campos Altos, Minas Gerais. Aos 4 anos, se mudou para a favela do Sap�, na capital paulista, com os pais e os sete irm�os, quando a fam�lia perdeu a lavoura e foi tentar a vida na cidade grande. Hoje, Rufino acredita que deveriam ter ficado no interior de Minas e talvez atualmente poderiam estar no agroneg�cio, mas a vida quis que ganhasse a vida de outras formas. 

“Na favela, a gente copiava os meninos que faziam o correto, porque os que faziam incorreto eram mortos ou duravam menos. Eu queria durar mais. Eu tinha muita vontade de copiar a grandeza da minha m�e e eu aprendi que uma pessoa importante de verdade, n�o � o t�tulo, n�o � a posi��o, � o que aquela pessoa est� fazendo para o semelhante”, afirma Geraldo.

Aos 7 anos perdeu a m�e e, aos oito, come�ou a trabalhar como ensacador de carv�o e depois foi catador de latas e vendedor de lim�o na feira nos anos que se seguiram. Come�ou a buscar recursos por conta pr�pria porque queria zelar, ajudar aos pr�ximos. Levar caf� da manh� para casa era seu maior orgulho. “Eu me sentia t�o importante em conseguir o caf� da manh� que o resto para mim era mole, o resto n�o era um problema. Eu focava no que era importante”, conta.

"Eu aprendi que uma pessoa importante de verdade, n�o � o t�tulo, n�o � a posi��o, � o que aquela pessoa est� fazendo para o semelhante"

Aos 11 anos conseguiu um emprego de office boy no grupo Playcenter, multinacional brasileira no ramo de parque de divers�es, onde a condi��o para trabalhar no local era que estudasse. E assim Geraldo come�ou a estudar pela primeira vez. Trabalhou para o grupo por 18 anos e chegou ao cargo de diretor.

No mesmo per�odo, entrou em uma sociedade com os irm�os, no ramo das entregas. Come�aram com uma Kombi, depois um caminh�o, que virou uma frota de seis caminh�es. Por�m, a frota se envolveu em um acidente e foi perda total para todos os ve�culos que n�o tinham seguro. 

Foi ent�o que tomou conta da empresa para ajudar e limpar o nome, j� que a empresa estava registrada em seu nome, vendendo as pe�as para pagar os carn�s dos caminh�es. Para vender uma pe�a, �s vezes comprava outra pe�a, e o neg�cio foi crescendo. O que Geraldo considera um acidente de percurso deu origem � JR Diesel, que hoje fatura anualmente de R$ 35 milh�es a R$ 50 milh�es.

“Eu tinha 6 pessoas trabalhando comigo, para essas pessoas n�o ficarem desempregadas eu mantive a empresa aberta e hoje n�s temos a maior empresa de reciclagem automotiva da Am�rica Latina por consequ�ncia, mas n�o foi o que eu busquei”, conta o empreendedor.

Rufino afirma que empreende querendo esticar a m�o e fortalecer mais algu�m e acredita que dando o exemplo, outros possam seguir esse exemplo e fazer a diferen�a. Come�ou a falar com os sobrinhos, orientando a fam�lia e os funcion�rios nos neg�cios. 

Sua facilidade de comunica��o e experi�ncia fizeram com que as conversas fossem crescendo e se tornassem palestras baseadas em suas viv�ncias. J� fez palestras em empresas, pres�dios, periferias, e at� em Bras�lia, para 190 mil pessoas na esplanada dos minist�rios, durante 15 minutos entre os shows do Paralamas do Sucesso e Skank. 

Devido ao jeito de gerir o neg�cio, foi convidado a palestrar em Harvard sobre gest�o, relacionamento e vendas e l� percebeu que n�o � Harvard que faz as pessoas, mas as pessoas que fazem Harvard.
 

“Qual a diferen�a de um lugar para o outro? Nenhuma. Eu sempre tive o mesmo prop�sito: onde eu estiver, usar o m�ximo que eu tenho de vivencia, de conhecimento, de aprendizado, de energia, de espiritualidade para fazer que uma �nica pessoa olhe para dentro e descubra o gigante que est� dentro dela, e que ela saia de l� melhor do que chegou”, afirma.

Hoje, al�m de empreendedor, dono da JR Diesel e palestrante, Geraldo � escritor e com um sorriso marcante tenta ser sempre melhor que no dia anterior: “Todos os dias eu tento me corrigir, porque j� fui arrogante, prepotente, vaidoso. Todo dia eu procuro evoluir para ser mais humilde, mais generoso, mais solid�rio, mais humano. Eu sou esse brasileiro”.

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