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Estado de Minas DIVERSIDADE E INCLUS�O NAS ESCOLAS

Minas tem o maior n�mero de indica��es ao Pr�mio Educar 2022

O estado recebeu quatro indica��es por iniciativas contra o racismo e a desigualdade de g�nero


11/10/2022 18:45 - atualizado 13/10/2022 18:50

Montagem com duas imagens: à esquerda, há um menino negro de cabelos curtos lendo um livro de páginas laranja; à direita, um quadro onde se lê 'Literatura Escrita por Mulheres Negras' ao lado de uma cesta com vários livros infantis.
Minas Gerais t�m o maior n�mero de pr�mio por pr�ticas antirracistas e de equidade de g�nero no Pr�mio Educar 2022 (foto: Danielle Cardoso/Arquivo Pessoal)

 

Por Izabella Caixeta e Fernanda Tiemi Tubamoto*


Iniciativas que abordam o antirracismo e a equidade de g�nero garantiram a quatro professores de Belo Horizonte vagas como finalistas do Pr�mio Educar 2022. Os mineiros receber�o o pr�mio, junto a outros 12 professores de outras regi�es do Brasil, em 19 de outubro, durante o evento ‘Di�logos para uma Educa��o Antirracista’, que ocorre nos dias 19 e 20 de outubro, no Sesc Vila Mariana, em S�o Paulo.

 

Os projetos desenvolvidos em Belo Horizonte s�o ‘Promo��o da Igualdade Racial’, da Escola Municipal Anne Frank; o ‘Contos e Dengos por Uma Forma��o Identit�ria Positiva’, da Escola Municipal de Educa��o infantil Itamarati; o ‘A Literatura Escrita por Mulheres Negras: uma experi�ncia de leitura na alfabetiza��o’, da Escola Municipal Florestan Fernandes; e o ‘Projeto Interc�mbio Ra�zes Angola Brasil’, das Escola Municipal L�dia Ang�lica (Brasil) e do Instituto Polit�cnico Edik Ramon (Angola).

 

Por meio do Pr�mio Educar, o Centro de Estudos das Rela��es de Trabalho e Desigualdades (CEERT) gera oportunidades de valoriza��o e reconhecimento dos educadores do Brasil, que driblaram as situa��es adversas e apresentaram propostas inovadoras na educa��o.

 

“Podemos observar que h� experi�ncias em todo pa�s que, sem a depend�ncia de verba p�blica, conseguem implementar a Cultura Afro na sala de aula de forma natural e bem aceita. Esses educadores conseguiram elevar seus projetos ao cen�rio nacional por meio de metodologias inovadoras e aplic�veis”, avaliou o ge�grafo e educador Billy Malachias, especialista em pr�ticas de diversidade e inclus�o. 


Conhe�a os projetos desenvolvidos em Belo Horizonte: 

  • ‘Promo��o da Igualdade Racial’, da Escola Municipal Anne Frank, que atrav�s de leituras, oficinas de escrita, palestras e produ��o art�stica visava promover reflex�o cr�tica, a consci�ncia da diversidade, a valoriza��o da autoimagem e das representatividades positivas; 
  • ‘Contos e Dengos por Uma Forma��o Identit�ria Positiva’, da Escola Municipal de Educa��o infantil Itamarati, que se prop�s a criar uma constru��o identit�ria positiva em especial nas crian�as negras a partir da pr�tica de conta��o de hist�rias com o envolvimento das fam�lias com base na pedagogia Gri�.
  • ‘A Literatura Escrita por Mulheres Negras: uma experi�ncia de leitura na alfabetiza��o’, da Escola Municipal Florestan Fernandes, que promoveu a leitura de obras escritas por autoras negras para colaborar para a constru��o de identidades e autoestima de crian�as negras, valorizando figuras femininas no ambiente escolar e na comunidade.
  • ‘Projeto Interc�mbio Ra�zes Angola Brasil’, das Escola Municipal L�dia Ang�lica (Brasil) e do Instituto Polit�cnico Edik Ramon (Angola), que promoveu um interc�mbio virtual no qual estudantes angolanos e brasileiros investigaram coletivamente os h�bitos, l�ngua, tradi��es, religi�o nos dois pa�ses.

Impactos

Danielle Cardoso, respons�vel pelo projeto ‘A Literatura Escrita por Mulheres Negras: uma experi�ncia de leitura na alfabetiza��o’, contou ao DiversEM sobre como seus alunos reagiram � leitura deleite feita em sala. “Eu deixava as crian�as � vontade para que elas tamb�m falassem e se abrissem, porque esses livros [selecionados para o projeto] t�m muitas caracter�sticas do que elas trazem de casa e do que vivenciam no dia a dia”, explicou a professora.

Em uma das atividades desenvolvidas para o projeto, Danielle levou a autora de livros infantis Patr�cia Santana para um piquenique com bate-papo. “Uma de minhas alunas pediu que Patr�cia fizesse a leitura do livro porque era ela a autora. Achei importante esse reconhecimento de uma mulher preta, porque parece algo simples, mas ainda � uma pr�tica que n�o vejo acontecer nas escolas regularmente”, conta ela.

Para a professora, o projeto tamb�m foi uma maneira de mostrar �s crian�as determinadas quest�es do universo feminino. “As pessoas ficam tocadas ao trabalharem com essa Literatura, que teve resultados muito bacanas na valoriza��o das mulheres da comunidade escolar. Afinal, a maioria das crian�as t�m mulheres como fonte de sustento em casa”, completa.

J� Aline Neves, respons�vel pelo ‘Projeto Interc�mbio Ra�zes Angola Brasil’, que lidou com alunos de nono ano do Ensino Fundamental II de forma virtual por conta da pandemia da COVID-19, conta que o desenvolvimento das atividades tamb�m foi uma maneira de incentivar os jovens a retomarem as atividades escolares, al�m de levar a discuss�o sobre quest�es raciais e culturais para as salas de aula. “A curiosidade [dos alunos] foi muito grande porque um interc�mbio e a troca de saberes de outras culturas e povos, querendo ou n�o, j� � algo alimentado pelas redes sociais”, explica ela.

Ana Carolina, uma das alunas de Aline, afirma que o interc�mbio foi uma �tima maneira de descontra��o e de divers�o no cen�rio pand�mico, e que aprendeu muito sobre a importa��o de tradi��es africanas para o Brasil, como a l�ngua Bantu e a cultura dos Congados. “Eu, particularmente, nunca tinha feito um interc�mbio, e o fato de a nossa professora ter possibilitado isso, mesmo durante a pandemia, foi muito importante para que aprend�ssemos de uma forma l�dica”, conta a jovem.

A professora tamb�m relembra que percebeu um grande potencial no projeto quando viu a possibilidade de usar os pr�prios celulares e computadores dos alunos – al�m daqueles arrecadados a partir de doa��es durante a pandemia – para que pudessem participar, de maneira remota, de atividades e oficinas propostas. “Eles [alunos] foram recebendo essas ferramentas e se organizando para participarem do projeto a partir do Google Meet”, afirma ela.

Para Aline, a import�ncia do interc�mbio tamb�m reside na troca de perspectivas e na cria��o de empatia e de solidariedade em rela��o a outras comunidades culturais. “Isso muda toda uma perspectiva. N�o � uma l�gica apenas de mudan�a sem�ntica da palavra, porque a gente n�o estava mais tratando os africanos como objeto, mas aprendendo mais sobre sua cultura, que � muito vasta: a �frica tem 54 pa�ses e n�s, aqui no Brasil, somos apenas um”, comenta.

Ao final do projeto, os alunos participantes tiveram que produzir uma apresenta��o sobre um aspecto cultural livre: os alunos brasileiros fizeram de Angola, e os angolanos, do Brasil. “Tiveram conflitos e dificuldades, mas isso faz parte do contexto educacional. Esse � o local de se frustrar, mas tamb�m de se sentir acolhido e de acolher o outro. Foi muito bonito e foi muito grande, apesar de todas as dificuldades t�cnicas e culturais que tivemos ao longo do processo”, finaliza Aline.

Pr�mio Educar

Criado em 2002, o Pr�mio Educar surgiu a partir de debates promovidos no CEERT desde 2000, em reconhecimento do papel fundamental dos educadores na efetiva��o do direito humano � educa��o a partir da equidade.

 

A homenagem aos professores que trabalham pela causa antirracista no Brasil foi criada antes mesmo da implementa��o das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 que alteraram a Lei de Diretrizes e Bases da Educa��o para incluir a obrigatoriedade do ensino de Hist�ria e Cultura africana, afro-brasileira e ind�gena, nas escolas de todo o pa�s.

 

“O ensino � um lugar de mobilidade social, mas tamb�m sempre foi um espa�o de reprodu��o dos preconceitos. Alterar esse cen�rio � uma responsabilidade de todos n�s, principalmente dos educadores e gestores da educa��o p�blica”, afirma Daniel Teixeira, diretor executivo do CEERT.


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podcast DiversEM ï¿½ uma produ��o quinzenal dedicada ao debate plural, aberto, com diferentes vozes e que convida o ouvinte para pensar al�m do convencional. Cada epis�dio � uma oportunidade para conhecer novos temas ou se aprofundar em assuntos relevantes, sempre com o olhar �nico e apurado de nossos convidados.



* Estagi�rias sob supervis�o do subeditor Thiago Prata


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