(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas DIVERSIDADE

Alcor�o pro�be homossexualidade? Entenda a origem das leis anti-LGBT em pa�ses como Qatar

Persegui��o � comunidade LGBT � um dos temas mais delicados desta edi��o da Copa


21/11/2022 09:12 - atualizado 21/11/2022 10:51

 Show de fogos de artifício antes da abertura oficial da Copa do Mundo de futebol
(foto: ISSOUF SANOGO / AFP)

Alvo de intensas cr�ticas, o Qatar tem tentado convencer o mundo de que n�o vai perseguir os torcedores LGBT durante a Copa. Isso �, desde que n�o pare�am LGBT. Eles n�o podem, por exemplo, demonstrar seu afeto em p�blico. Coisas como segurar as m�os na rua, beijar-se na boca ou mesmo brandir uma bandeira do arco-�ris seguem arriscadas nesse pa�s conservador.

A persegui��o � comunidade LGBT � um dos temas mais delicados desta edi��o da Copa, inaugurada no domingo (20) com a partida entre Qatar e Equador. A tens�o deve durar at� a �ltima partida, em 18 de dezembro -deixando para tr�s uma quest�o n�o resolvida e uma comunidade local desamparada.

O C�digo Penal do Qatar estipula a puni��o do sexo entre homens com at� tr�s anos de pris�o. O sexo fora do casamento, incluindo o homossexual, pode ser punido com at� sete anos de cadeia. A lei isl�mica, a sharia, sugere a pena de morte para os gays, mas n�o h� registro de que a puni��o seja de fato implementada ali.

Segundo a organiza��o Human Rights Watch, a persegui��o tamb�m acontece por meio do chamado estatuto da Prote��o da Comunidade, que permite a deten��o por at� seis meses sem uma acusa��o formal para o crime de "violar a moral p�blica".

Em um relat�rio recente sobre o Qatar, o Human Rights Watch documentou ao menos seis casos de espancamento e cinco de ass�dio de pessoas LGBT sob cust�dia desde 2019. Ainda segundo essa entidade, o regime exigiu de pessoas transg�nero que se submetessem a terapia de convers�o. Em resposta �s acusa��es, o Qatar afirmou que o relat�rio cont�m informa��es falsas, incluindo a exist�ncia de centros oficiais de convers�o.

Uma reportagem do jornal brit�nico Guardian sugeriu, al�m disso, que o regime do Qatar est� chantageando alguns homossexuais. O governo lhes promete seguran�a caso ajudem a autoridade a achar outras pessoas LGBT, para que sejam detidas e punidas.

Como outros pa�ses de cultura �rabe, o Qatar se apoia no isl� para proibir, perseguir e punir l�sbicas, gays, bissexuais e pessoas transg�nero. N�o � apenas uma quest�o religiosa, mas de como essa f� � utilizada. Alguns crist�os, afinal, tamb�m se debru�am na B�blia para condenar e perseguir homossexuais.

O Alcor�o, livro que serve de base para o isl�, usa a hist�ria do reino de L� para condenar as rela��es sexuais entre homens. O texto n�o prev� puni��es, por�m. � mais tarde, na jurisprud�ncia isl�mica, que esses castigos come�am a aparecer por escrito. Eles incluem chibatadas e apedrejamento, dependendo da fonte.

� complicado, por�m, pensar nas sociedades isl�micas tendo como fonte apenas os seus textos. Em seu ensaio cl�ssico "Orientalismo", o cr�tico palestino Edward Said critica justamente essa abordagem textual do isl�, que ignora as realidades vividas.

Historiadores sabem que, at� recentemente, imp�rios isl�micos toleravam -e, �s vezes, celebravam- as rela��es homossexuais. H� uma vasta cole��o de poemas homoer�ticos, por exemplo, datando do per�odo medieval. Ilustra��es turcas e persas registram, explicitamente, o sexo entre homens e entre mulheres.

A ironia � que foi em parte o contato com culturas europeias que levou sociedades isl�micas a condenar e punir de maneira sistem�tica a homossexualidade a partir do s�culo 19. Europeus associavam um suposto decl�nio oriental a pr�ticas homossexuais. Popula��es em territ�rios de maioria isl�mica internalizaram essas ideias. Diversas leis anti-LGBT que existem nessa regi�o foram inicialmente impostas por colonizadores europeus, e mantidas mais tarde por governos independentes.

Essas leis e pr�ticas oficiais n�o significam, por�m, que n�o existe vida LGBT no Qatar. Como em outros pa�ses repressivos, incluindo os vizinhos Emirados �rabes e a Ar�bia Saudita, as popula��es locais -e a comunidade de estrangeiros- encontram maneiras de viver as suas sexualidades e express�es de g�nero.

S� que eles temem, agora, que o Qatar intensifique a persegui��o e a puni��o como revide por toda a aten��o e cr�tica que o regime recebeu durante as semanas da Copa do Mundo.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)