
S�o Paulo – A produ��o de cimento est� diretamente ligada � produ��o de calor nos fornos que fazem a transforma��o. Por natureza, esse � um setor que ainda � respons�vel por uma grande quantidade de CO2 na atmosfera. Com a preocupa��o crescente nas �ltimas d�cadas por parte de empresas, investidores e consumidores com a origem do que se consome, essa atividade tamb�m tem buscado alternativas para reduzir seu impacto no planeta.
L�der global em materiais e solu��es constru��o, a franco-su��a LafargeHolcim atua em quatro segmentos de neg�cios: cimento, agregados, concreto e produtos especiais. No Brasil, opera em 24 cidades e conta com cerca de 1 mil funcion�rios. Uma de suas unidades de produ��o, a de Pedro Leopoldo, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, acaba de completar seis meses abastecendo seus fornos com combust�veis alternativos, sem utilizar fontes f�sseis de energia.
Alcan�ar uma taxa de substitui��o t�rmica de 100% n�o � simples, explica Bruno Hallak, gerente de Meio Ambiente da LafargeHolcim Brasil. O principal desafio � encontrar fornecedores de materiais para a queima e colocar, nessa equa��o, a dist�ncia at� a unidade de produ��o para que o custo da substitui��o seja vi�vel.
A f�brica mineira vem substituindo os combust�veis f�sseis, como coque de petr�leo e carv�o mineral, por biomassa (materiais de origem vegetal, como madeira de �rvores que, durante o seu crescimento, j� resgataram carbono), al�m de res�duos do processo de produ��o da ind�stria sider�rgica, como a moinha de carv�o vegetal, o baga�o de cana-de-a��car e a palha de arroz. A decis�o sobre qual produto usar no lugar das fontes f�sseis depende principalmente da log�stica para torn�-lo vi�vel economicamente.
Agora, Pedro Leopoldo est� utilizando a moinha de carv�o e res�duos industriais. “A prioridade � que eles sejam reciclados ou reutilizados. Quando isso n�o � poss�vel, o coprocessamento para a substitui��o do material f�ssil � uma das alternativas”, explica Hallak.
Esse tipo de reaproveitamento de descartes funciona, por exemplo, com materiais descartados que n�o servem para reciclagem, como no caso das borras oleosas, borras �cidas e s�lidos contaminados com �leo. O que seria problema para a ind�stria passa por um tratamento e vai para os fornos de empresas como a LafargeHolcim, por causa do seu poder calor�fico.
REDU��O DE CUSTOS
A��es como a da multinacional fazem parte do que se conhece como conceito de economia circular. Nele, est�o inclu�das as etapas da produ��o, do consumo e do descarte, mas tamb�m o compartilhamento, a manuten��o, a reutiliza��o, a remanufatura e reciclagem de materiais e produtos.
Pesquisa divulgada ontem pela Confedera��o Nacional da Ind�stria (CNI) aponta que 76,4% das ind�strias brasileiras t�m, de alguma maneira, a economia circular em seus neg�cios, aumentando a vida �til de produtos e materiais a partir do uso mais eficiente de recursos naturais.
Segundo o resultado, 75,9% dos entrevistados adotam a economia circular motivados pela redu��o de custos. A maior efici�ncia operacional incentiva 47,3% das empresas que responderam o question�rio. A oportunidade de novos neg�cios � a motiva��o de 22,6%. Entre as pr�ticas apontadas est�o o re�so de �gua, a reciclagem de materiais e a log�stica reversa. “De uma forma geral, o que n�o serve para uma ind�stria serve para outra. � o que se busca, de uma forma geral, com a economia circular”, comenta o gerente da LafargeHolcim.
Apesar de os n�meros da pesquisa da CNI mostrarem que muitas ind�strias j� aderiram � economia circular, na pr�tica ainda � muito dif�cil encontrar alternativas para utilizar nos fornos, explica Hallak. Por isso, a LafargeHolcim tem um bra�o de neg�cios voltado para gerar um mercado de res�duos de forma estrutural.
A Geocicle trabalha no mercado de coprocessamento de res�duos e presta consultoria para as empresas. Isso � feito, por exemplo, a partir de visitas t�cnicas, que ajudam a identificar quais s�o os res�duos produzidos e como eles podem ser segregados e transformados em produtos de maior valor agregado, ganhando uma sobrevida para outras empresas.
Em empresas como a LafargeHolcim, o material que vem do coprocessamento passa por an�lises qu�micas antes de ser usado em misturas, para n�o aumentar as emiss�es atmosf�ricas e tamb�m n�o interferir na qualidade do produto final. No caso de Pedro Leopoldo, a meta � continuar a usar 100% de fontes n�o f�sseis. Mas tudo vai depender principalmente da disponibilidade da moinha gerada pelas sider�rgicas. Como muitas delas passam por uma fase de baixa atividade, o volume de moinha nem sempre atende � demanda.

TRIAGEM
Outro projeto que vem chamando a aten��o dentro da multinacional � o de Caapor� (PB), que prev� a utiliza��o de lixo urbano nos fornos. Os primeiros trabalhos come�aram em julho e at� o fim do ano a expectativa � que essa fonte de energia responda por at� 30% do material usado na unidade do munic�pio paraibano, segundo o gerente da Geocycle, Nelson Vianna.
“� uma planta pioneira. T�nhamos experi�ncias semelhantes em Pedro Leopoldo. Pela proximidade com Belo Horizonte e o volume de lixo gerado, vimos que valia a pena nos aproximarmos das empresas que fazem a coleta para comprar o lixo que passou pela triagem e n�o serviu para a reciclagem”, explica.
Para ele, esse tipo de parceria serve como um complemento � atividade dos recicladores de material descartado, n�o como concorr�ncia. "N�o h� competi��o com recicl�vel. Usamos no coprocessamento o que n�o tem fun��o e isso evita a queima desnecess�ria”, diz Vianna.