Rubens Menin, fundador e presidente do Conselho de Administra��o da MRV, dia que a cada dia � um novo recome�o (foto: L�o Drumond/Nitro/MRV/Divulga��o)
S�o Paulo – A MRV, maior construtora e incorporadora residencial da Am�rica Latina, chega aos 40 anos. Com a��es negociadas na bolsa paulista desde 2007, hoje a empresa � avaliada em R$ 6,88 bilh�es. No segmento da baixa renda, sua participa��o de mercado chega a 59% e, nos �ltimos tr�s anos, foram aportados em torno de R$ 580 milh�es em obras de melhoria de infraestrutura no entorno de seus empreendimentos.
At� transformar a MRV em uma das tr�s maiores construtoras do mundo, seu fundador e hoje presidente do Conselho de Administra��o, Rubens Menin, passou por muitos per�odos de chuvas e trovoadas da economia brasileira. Chegou um momento em que a crise do pa�s era t�o profunda que, sem ter onde tomar recursos, o mineiro e seus s�cios viram como �nica alternativa para a pequena construtora se desfazer dos pr�prios carros e das linhas telef�nicas, que na �poca eram consideradas patrim�nio e negociadas tanto no mercado formal quanto no informal. O dinheiro serviu para dar sustenta��o ao neg�cio at� que os tempos bicudos passassem.
Mesmo muito antenado a novas oportunidades de investimento – o empres�rio � o principal acionista da CNN Brasil, que deve entrar em opera��o ainda neste ano – e atento a mudan�as de comportamento do consumidor, Menin continua a apostar na perenidade da constru��o. Para o empreendedor, as pessoas sempre v�o precisar de um lugar para morar. “Sou um otimista nato, o futuro sempre ser� melhor do que o passado”, diz o fundador da MRV. “Por isso, em vez de reclamar acredito em lutar, em fazer.”
Atualmente, os dados mostram que Menin est� certo em manter a aposta na constru��o civil. Apesar do aumento de moradias, que resultou na expans�o de construtoras como a MRV, o Brasil continua sob o peso do d�ficit habitacional. Faltam 7,78 milh�es de unidades habitacionais, segundo levantamento da Associa��o Brasileira de Incorporadoras Imobili�rias (Abrainc). Diante do descompasso entre oferta e demanda, ter a casa pr�pria ainda � um dos maiores sonhos da popula��o.
A empresa chega aos 40 anos com novo posicionamento da marca, em um projeto desenvolvido pela Funda��o Dom Cabral e pela Interbrand. A MRV passa, a partir de agora, a ser uma provedora de solu��es para moradia, n�o mais uma construtora, conforme foi sendo sedimentado por seus executivos nos �ltimos anos.
Como plataforma habitacional, a MRV segue construindo im�veis e investindo em novas tecnologias que permitam reduzir o tempo de execu��o do projeto e os custos. Mas o novo posicionamento inclui tamb�m o refor�o na �rea de loca��o. Neste ano, a companhia lan�ou um novo bra�o de neg�cios, a Luggo, respons�vel por construir e alugar apartamentos. Por essa raz�o � que, a partir de agora, a companhia mineira abandona o “engenharia” que usava em seu nome. O logotipo tamb�m passou por mudan�as e foi constru�do na interse��o dos elementos que formam o desenho da casa. Al�m disso, ganha agora novas cores.
Por outro lado, diz o empres�rio, h� perspectivas de melhora n�o apenas para quem sonha financiar um im�vel, mas para os empreendedores que, hoje, ainda sentem no dia a dia os trope�os da economia brasileira. A principal raz�o para o otimismo de Menin � a redu��o consistente da taxa de juros do pa�s, que tem barateado o acesso ao cr�dito. A seguir, trechos da entrevista.
Hist�ria de quatro d�cadas
» Presente em 160 cidades e 22 estados, mais o Distrito Federal
» Cerca de 50 mil apartamentos entregues por ano
» Um apartamento entregue a cada dois minutos e meio
» Em torno de 2 milh�es de empregos gerados
» Um a cada 200 brasileiros vive em um im�vel constru�do pela MRV
Fonte: MRV
Havia um costume de se falar que a vida come�ava aos 40. Com a MRV chegando aos 40 anos, pode come�ar uma nova fase?
A gente come�a uma nova fase todos os dias. Quem n�o faz isso em uma empresa fica pelo caminho, morre. O meu sonho de consumo � perenizar a MRV. Trabalhar com a casa pr�pria vai permitir isso, porque h� muito a ser feito n�o s� no Brasil, mas no mundo. Neste momento em que a empresa chega aos 40 anos, estamos muito motivados, com a mentalidade de quem est� em uma empresa nova, com as pessoas cheias de entusiasmo. O passado que constru�mos at� agora foi bacana, mas temos de pensar pra frente.
Qual foi o momento mais dif�cil em quatro d�cadas de hist�ria?
Tomamos um chacoalh�o em 1982, quando o pa�s vivia uma baita crise. A empresa era bem menor e no Brasil n�o havia cr�dito. Eu e meus s�cios tivemos de vender o carro e o telefone para fazer um pouco de dinheiro e colocar na empresa para que ela sobrevivesse ao momento t�o dif�cil. Foi o jeito que encontramos para n�o sucumbir. Naquela �poca, eu fazia de tudo. Era engenheiro, era comprador, era cotador. Acabou sendo um bom aprendizado e tivemos coragem para continuar. Quando o mercado come�ou a se recuperar, est�vamos praticamente sozinhos, muito � frente dos competidores. Conseguimos nos consolidar e logo nos tornamos a maior empresa de constru��o de Belo Horizonte.
E o momento mais marcante?
Foi em 2007, quando fizemos o IPO. Naquele momento, sentimos o reconhecimento do nosso trabalho. A empresa tinha 28 anos e aconteceu ali o maior IPO da ind�stria da constru��o. Foi um reconhecimento do que constru�mos nesse tempo todo. Hoje, temos quase 30 mil investidores no mundo todo.
"O melhor momento para capturar oportunidades � quando a economia est� fragilizada. Na hora em que o ciclo positivo voltar, estaremos surfando no crescimento”
O que um empreendedor tem de fazer hoje para n�o sucumbir?
O Brasil venceu, em 1994, a guerra contra a infla��o, mas n�o venceu a dos juros altos. At� hoje, esse � um dos desafios que o pa�s enfrenta. Mas, neste ano, pela primeira vez vemos uma luz no fim do t�nel quando falamos de juros. No Brasil, o empreendedor precisa ter muito cuidado com a efici�ncia financeira para n�o cair na ciranda dos juros. Todas as empresas que est�o caindo n�o tiveram planejamento adequado e acabaram comprometendo seu caixa. Para mim, a grande not�cia s�o os juros mais baixos. Ainda assim, acredito que alguns v�o conseguir seguir adiante, outros n�o.
Como voc� v� o futuro da constru��o civil?
Ha 40 anos, dei sorte na minha escola, porque � muito dif�cil prever o que vai ocorrer no longo prazo. Muitas empresas, naquela �poca em que comecei a MRV, n�o conseguiram prever quais seriam as mudan�as que ver�amos. Foi assim que uma s�rie de empresas dedicadas a determinados produtos, como o carburador, o CD, o fax e tantos outros itens do dia a dia deixaram de existir. Vejo que essas mudan�as s�o cada vez mais acentuadas, o que torna cada vez mais dif�cil prever o futuro. Tudo cresce r�pido, mas pode acabar r�pido tamb�m. No caso da MRV, n�o vejo que a casa pr�pria deixe de ser necess�ria. Pode at� mudar o tipo, a sua concep��o, mas sempre estar� na vida das pessoas. � como estamos vendo com os carros e os aplicativos, que mudaram a forma como o transporte vinha sendo feito. Mas os carros continuam sendo necess�rios.
"Sou um otimista nato, o futuro sempre ser� melhor do que o passado... Por isso, em vez de reclamar acredito em lutar, em fazer”
Qual seria o neg�cio que voc� come�aria hoje?
O mundo vai se tornar um grande servi�o, n�o tenho d�vida disso. Agora, por exemplo, estou entrando na �rea de comunica��o, que tamb�m � servi�o, � muito atual e bacana de fazer parte. Mas se tivesse de pensar no futuro, n�o pensaria em criar mais empresas, mas sim que as existentes hoje em dia estejam ativas e sejam perenes.
Se voc� tivesse direito a realizar um desejo no anivers�rio de 40 anos da MRV, qual seria o seu pedido?
O mundo est� passando por um momento muito complexo, com uma popula��o cada vez mais com dificuldade. Para mim, as empresas t�m de fazer a sua parte. Por isso, acredito na necessidade de ser desenvolvido um novo mecanismo social, com o capitalismo na base de tudo, mas com o objetivo de gerar um benef�cio maior para a sociedade. Essa vai ser a ess�ncia do capitalismo a partir de agora. N�o acredito que haja outra op��o para os empres�rios. � o �nico caminho que temos hoje. � um desafio para o mundo, n�o s� para o Brasil.