Fachada da Americanas

Valor do rombo na Americanas foi estimado em R$ 20 bilh�es

Reuters

A Americanas entrou na quinta-feira (19/1) com um pedido de recupera��o judicial, dias ap�s a descoberta de um rombo nas finan�as da companhia.

A empresa disse ter R$ 43 bilh�es em d�vidas e apenas R$ 800 milh�es em caixa - bem abaixo dos R$ 8,6 bilh�es reportados no terceiro trimestre de 2022.

O pedido de recupera��o ainda precisa ser aprovado por um juiz. Se ele for negado, a empresa pode ter sua fal�ncia decretada.

A Americanas afirmou que "manter� seu esfor�o na busca por uma solu��o com os seus credores".

A decis�o foi tomada ap�s o banco BTG Pactual conseguir na quarta-feira (19/1) um mandado de seguran�a na Justi�a contra a liminar que a companhia havia obtido para impedir por 30 dias a cobran�a antecipada de suas d�vidas.

Com a decis�o, o BTG Pactual pode bloquear R$ 1,2 bilh�o em uma conta da Americanas at� que o mandado de seguran�a seja apreciado pela Justi�a.

A recupera��o judicial � um processo no qual uma empresa apresenta um plano de reestrutura��o para sair de uma situa��o de dificuldade financeira, sob a supervis�o da Justi�a.

Na pr�tica, caso o pedido seja aceito, suas d�vidas ficar�o congeladas por 180 dias, e a companhia poder� continuar operando.

O pedido de recupera��o � o mais novo desdobramento de uma crise que j� fez a Americanas perder mais de R$ 9 bilh�es em valor de mercado desde que o rombo foi anunciado, na quarta-feira (11/1).

A varejista informou que foram identificadas "inconsist�ncias em lan�amentos cont�beis redutores da conta fornecedores realizados em anos anteriores, incluindo o exerc�cio de 2022".

A companhia divulgou ainda que seus ent�o presidente, Sergio Rial, e diretor de rela��o com investidores, Andr� Covre, que haviam assumido apenas nove dias antes, estavam se demitindo das fun��es.

O executivo Jo�o Guerra, que n�o tinha envolvimento com a gest�o financeira do neg�cio, assumiu interinamente os dois cargos.

O valor do rombo foi estimado em R$ 20 bilh�es em uma an�lise preliminar e � relacionado a uma opera��o financeira conhecida como "risco sacado".

Essa opera��o � comum no varejo. Na pr�tica, a companhia pega dinheiro emprestado com um banco para comprar de fornecedores.

O banco paga aos fornecedores, e a empresa paga ao banco o dinheiro financiado, com juros.

Isso � bom para uma companhia, porque o empr�stimo tem um prazo de pagamento maior do que o exigido pelos fornecedores, o que deixa mais dinheiro em caixa para a sua opera��o.

O problema foi que isso n�o foi informado corretamente no balan�o da Americanas.

Em vez de registrar os valores como uma d�vida banc�ria, eles foram informados como d�vidas aos fornecedores, e os pagamentos dos juros devidos com essa opera��o foram contabilizados como uma redu��o do valor devido aos fornecedores, e n�o uma despesa financeira.

Isso distorceu seus resultados, porque fez com que as despesas da empresa e seu endividamento aparecessem no balan�o com um valor menor do que eram na realidade, e o lucro e o patrim�nio l�quido (a diferen�a entre seus bens e suas obriga��es financeiras) fossem maiores.

O an�ncio pegou o mercado de surpresa, j� teve repercuss�es na Justi�a e gerou suspeitas de que pode ter ocorrido uma fraude, o que ser� investigado.

A BBC News Brasil procurou a Americanas para comentar sobre o caso, mas a empresa se limitou a dizer que "manter� o mercado informado a respeito dos desdobramentos relevantes".

A��es em queda livre

Os maiores prejudicados at� agora pela crise foram as dezenas de milhares de investidores que t�m a��es da companhia, que entraram em queda livre desde o an�ncio, com uma desvaloriza��o de quase 85%.

O rombo foi divulgado quando o preg�o da Bolsa j� havia se encerrado na quarta-feira, ent�o, o maior tombo veio no dia seguinte.

A a��o da Americanas fechou na quarta-feira negociada a R$ 12. Isso significava que a empresa valia cerca de R$ 10,83 bilh�es.

Na quinta-feira (12/1), os pap�is se desvalorizaram mais de 77% e terminaram o dia negociados a R$ 2,72.

As a��es se recuperam um pouco na sexta-feira (13/1), para R$ 3,15, mas voltaram a derreter na segunda-feira (16/1).

Seu pre�o desabou mais de 38% e fechou em R$ 1,94, colocando o valor da companhia em R$ 1,75 bilh�o - R$ 9,1 bilh�es a menos do que antes da crise.

As a��es ca�ram tanto assim porque o rombo e a sa�da de Rial minaram a confian�a na empresa e sua capacidade de honrar seus compromissos.

Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, aponta que a companhia tem hoje um patrim�nio l�quido negativo.

"Isso significa que a empresa tem mais compromissos do que recursos, ou seja, ela est� quebrada e vai precisar de uma inje��o de capital", diz o analista.


Ações caindo

A��es da empresa despencaram desde o an�ncio do rombo

Getty Images

Soma-se a isso uma grande incerteza sobre a real situa��o da Americanas, porque a empresa foi bastante econ�mica nas explica��es que deu ao mercado.

A companhia disse que o tamanho exato do rombo ser� definido por um comit� independente que foi criado para apurar "as circunst�ncias que ocasionaram as referidas inconsist�ncias cont�beis".

Em reuni�o com investidores, feita no dia seguinte ao an�ncio do rombo, o ex-presidente Sergio Rial afirmou se tratar da "melhor estimativa do que vimos em nove dias" e que esse problema ocorreu por sete a nove anos nos balan�os da companhia.

O executivo tamb�m disse n�o poder afirmar que n�o h� outras inconsist�ncias nos balan�os ou presumir que existam, porque teve pouco tempo para avaliar toda a situa��o.

"Se ele come�ou a estudar o balan�o e descobriu isso em nove dias, pode ser que [o valor] seja bem maior", diz Ferrer.

Preju�zo para investidores

Analistas ouvidos pela BBC News Brasil explicam que o preju�zo foi generalizado porque a Americanas tinha muitos acionistas, e havia um grande interesse nos pap�is com a expectativa de que eles se valorizariam.

"Quem tomou o maior preju�zo foi o detentor de a��o minorit�rio, que viu uma queda de quase 80% do dia para a noite", diz Phil Soares, chefe de an�lise de a��es da �rama Investimentos.

"N�o me lembro de outro caso assim no mercado brasileiro."

Soares ressalta que "mais de 54% das a��es est�o pulverizadas no mercado".

Ferrer diz que "muita pessoa f�sica vai sair machucada desse processo". "A lista � grande, a Americanas tinha mais de 130 mil CPFs na sua base de acionistas", afirma.

Jos� Eduardo Daronco, analista da Suno Research, diz que s� ficaram a salvo da crise os poucos que tinham op��es de a��es da Americanas.

Quem tem op��es pode vender os pap�is a um pre�o pr�-determinado em uma data espec�fica - na pr�tica, isso protegeria da desvaloriza��o. "Mas era um n�mero irris�rio, todo mundo perdeu", afirma Daronco.

Al�m disso, muitas pessoas tinham investimentos atrelados � empresa por meio de fundos que haviam apostado nos seus pap�is.

Um levantamento da consultoria Economatica para o site Estad�o E-Investidor aponta que 1.057 fundos t�m investimentos na Americanas.

Um dos casos que mais chamou aten��o foi o fundo Reserva Imediata, do banco Nubank, que tinha 1% do seu valor total em deb�ntures da companhia. Deb�ntures s�o t�tulos de d�vida que uma empresa vende para se financiar.

O fundo do Nubank � vendido aos clientes como uma op��o de investimento segura, com retornos acima do CDI, um �ndice de refer�ncia do mercado, e de alta liquidez, porque permite resgatar o dinheiro colocado nele no mesmo dia.

Ferrer explica que, com o an�ncio do rombo, a nota da Americanas foi rebaixada por ag�ncias de avalia��o risco, que analisam a capacidade de um devedor pagar seus credores, o que fez os deb�ntures da companhia se desvalorizarem.

"Uma s�rie de investidores, grandes e pequenos sofreram de forma importante com isso", diz o analista.


Homem passa em frente a uma das lojas da Americanas

Americanas � um dos principais varejistas do pa�s

Reuters

Isso prejudicou a rentabilidade do fundo do Nubank, e muitos cotistas reclaram nas redes sociais que estavam perdendo dinheiro.

Em seu perfil, a especialista em finan�as pessoais Nath�lia Rodrigues, mais conhecida como Nath Finan�as, criticou o Nubank e recomendou que os cotistas retirassem seus investimentos dele.

"Minha recomenda��o � essa, independente se voc� perdeu ou n�o. Existem locais melhores de se aplicar dinheiro", disse ela em sua conta no Twitter.

O Nubank afirmou � BBC News Brasil que outros fundos tamb�m foram afetados, que o aporte feito na Americanas � pequeno e ressaltou que a rentabilidade do fundo acumulada nos �ltimos 90 dias est� positiva.

Erro ou fraude?

Uma queda das a��es e outros t�tulos de uma empresa d� preju�zo aos investidores quando seu valor fica abaixo do que se pagou para compr�-los, mas isso s� se concretiza se a pessoa vende os pap�is.

Quem levou um baque tem a op��o de vender agora e assumir a perda, se tiver a expectativa de que a desvaloriza��o pode ser ainda maior, ou esperar que as a��es e t�tulos se recuperem para evitar sair no negativo.

O Instituto Brasileiro de Cidadania (Ibraci) entrou com uma a��o na Justi�a pedindo que a Americanas indenize seus investidores por danos materiais e morais causados pelo rombo.

O Ibraci afirma que os investidores compraram a��es da empresa com base nos seus balan�os e que "atos il�citos" e "informa��es falsas, enganosas ou maquiadas" os induziram a superestimar o valor dos pap�is.

F�bio Coelho, presidente da Associa��o de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), diz que o mercado est� n�o s� surpreso, mas perplexo pela falta de transpar�ncia e de respostas dadas pela Americanas at� agora.

Coelho diz que ser� preciso apurar a responsabilidade n�o s� dos executivos e do conselho de administra��o da companhia, mas da consultoria que auditou e aprovou os �ltimos balan�os da Americanas. A PwC, empresa respons�vel pela auditoria, disse � BBC News Brasil que n�o comenta sobre o caso.

Coelho afirma n�o ser poss�vel neste momento apontar se houve erro ou m�-f�, mas avalia que a hip�tese de fraude "vem ganhando for�a" pela semelhan�a dos acontecimentos atuais com outros casos do tipo, como na Petrobras e na resseguradora IRB Brasil.

"Supostamente houve um problema de classifica��o cont�bil, mas o cen�rio de fraude � poss�vel, e as cenas que estamos assistindo agora se parecem com as destes casos emblem�ticos do passado. Isso ser� apurado", diz Coelho.

A Comiss�o de Valores Mobili�rios (CVM), um �rg�o que regula e fiscaliza o mercado de a��es, abriu cinco processos administrativos para investigar a Americanas e um contra a PwC.

O presidente da Amec explica que os investidores que se sentirem lesados devem primeiro buscar a arbitragem de conflitos da Bolsa antes de recorrer � Justi�a.

"A busca por repara��o de danos n�o � um processo r�pido. N�o ser� em horas, dias ou semanas, mas o caminho mais adequado � a arbitragem", afirma.

O analista Jos� Eduardo Daronco aponta que havia uma grande demanda pela Americanas no mercado porque a empresa vinha crescendo e poderia aumentar ainda mais suas vendas com a expans�o do com�rcio eletr�nico.

"Havia v�rias recomenda��es de compra das a��es da Americanas por analistas que projetavam que seu pre�o poderia chegar a R$ 30, R$ 36, R$ 37", afirma.

No portal de rela��o com investidores, a Americanas lista as recomenda��es, e 10 entre as 15 informadas indicavam que a a��o da companhia atingiria um valor acima do que era negociado antes da crise.

Daronco afirma, no entanto, que n�o acreditava neste potencial, porque a companhia est� em um mercado muito competitivo e vem registrando preju�zos nos �ltimos trimestres e se endividando para crescer.

"A Americanas, assim como todo o varejo, tem sofrido bastante com a infla��o, que corr�i o poder compra e faz com que as pessoas consumam menos, o que aumenta a competi��o. Al�m disso, os juros altos vinham corroendo seus resultados. Ela estava alavancada e queimando caixa", diz o analista.

Agora, tem um rombo para tapar, e "isso pesou muito", afirma Daronco.

Os principais acionistas


Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Herrmann Telles

Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Herrmann Telles s�o os maiores acionistas do neg�cio

3G Capital

Ningu�m teve um preju�zo maior at� agora que o trio de bilion�rios Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira.

Eles j� comandaram a empresa e tiveram seu controle acion�rio. Hoje, s�o seus acionistas de refer�ncia, individualmente ou por meio de fundos.

S�o chamados assim aqueles que t�m uma participa��o mais relevante em uma companhia e podem influenciar na sua gest�o por causa disso.

Lemann e Sicupira tamb�m s�o membros do conselho de administra��o da companhia.

Os acionistas de refer�ncia s�o donos de 30,13% da Americanas, de acordo com dados da empresa de dezembro de 2022. Eles j� perderam mais de R$ 2,73 bilh�es com a queda das a��es at� agora.

A Americanas disse que o grupo de acionistas de refer�ncia "pretende manter a liquidez da companhia em patamares que permitam o bom funcionamento da opera��o".

Eles devem agora desembolsar ao menos R$ 6 bilh�es para injetar o capital que a Americanas precisa para cobrir o rombo.

A proposta foi feita, segundo a ag�ncia Bloomberg, em uma reuni�o com os credores da empresa mediada pelo ex-presidente Sergio Rial, que agora trabalha como consultor destes acionistas.

A oferta n�o agradou os credores, que responderam que o valor � baixo e esperam mais de R$ 10 bilh�es, informou a ag�ncia.

Eles ter�o que fazer isso para a Americanas n�o falir e preservar sua imagem perante o mercado, diz Fernando Ferrer, da Empiricus.

"Essa crise gera um risco reputacional grande n�o s� para a companhia como para os seus acionistas de refer�ncia. O quanto antes eles aparecerem e conversarem com o mercado, menor vai ser o desgaste", afirma.

N�o houve nenhuma manifesta��o oficial por parte destes acionistas at� o momento.

Mas, segundo apurou o site Reset, Lemann, Sicupira e Telles dizem a pessoas pr�ximas que n�o t�m culpa pelo rombo porque tinham pouco contato com o dia-a-dia do neg�cio e responsabilizam os executivos da Americanas.

Disputas na Justi�a

Os bancos que emprestaram dinheiro para a Americanas tamb�m foram envolvidos nesta crise.

A Americanas conseguiu a princ�pio na Justi�a impedir por 30 dias a cobran�a antecipada de suas d�vidas pelos bancos.

A empresa disse que seu endividamento chega a R$ 43 bilh�es e que atender aos pedidos de cobran�a poderia gerar um tratamento desigual entre seus credores e colocar sua opera��o e os 100 mil empregos diretos e indiretos gerados pelo neg�cio em risco.

A d�vida da Americanas com oito bancos � de R$ 18,7 bilh�es, segundo apurou o jornal Valor Econ�mico, dos quais R$ 13,5 bilh�es seriam em risco sacado.

Os maiores credores seriam Bradesco, Santander e Ita�, com valores entre R$ 3,4 bilh�es e R$ 4,7 bilh�es, de acordo com o jornal.

O BTG Pactual faz parte deste grupo de credores da Americanas e conseguiu suspender temporariamente a morat�ria das cobran�as. A medida vale apenas para este banco, porque foi ele que entrou com a a��o contra a liminar obtida pela Americanas.

No processo, o banco fez duras cr�ticas � Americanas e aos seus acionistas de refer�ncia.

O BTG disse que a companhia agiu premeditadamente e com m�-f� para cometer a "maior fraude corporativa de que se tem not�cia na hist�ria do pa�s".

O BTG disse ainda sobre Lemann, Telles e Sicupira que "os tr�s homens mais ricos do Brasil (...) ungidos como uma esp�cie de semideuses do capitalismo mundial 'do bem'", depois de serem "pegos com a m�o no caixa", tiveram a "pachorra" de impedir a cobran�a das d�vidas para proteger seu patrim�nio, estimado em R$ 180 bilh�es, segundo o banco.

"� o fraudador pedindo �s barras da Justi�a prote��o 'contra' a sua pr�pria fraude. � o fraudador cumprindo a sua pr�pria profecia, dando verdadeiramente 'uma de maluco para esses caras saberem que � pra valer'", disse o BTG.

A Americanas vem travando uma negocia��o dura com seus credores, em um processo que est� sendo mediado pelo banco Rothschild & Co.

Outros bancos com que a companhia tem d�vidas v�m acionando a Justi�a para garantir sua cobran�a.

O analista Fernando Ferrer diz que a negocia��o era uma perspectiva melhor para os bancos do que a recupera��o judicial.

"Enquanto estiver em recupera��o, as d�vidas n�o poder�o ser executadas, e os bancos ter�o que dar um perd�o de parte do valor. A�, receber�o a metade do que emprestaram no dobro de tempo", afirma.

A Americanas ter� 60 dias para apresentar seu plano de recupera��o se o pedido for aprovado. O plano ter� de ser aprovado por seus credores.

Quem ganhou?


Site do Magazine Luiza

Concorrentes da Americanas devem ganhar mercado

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De certa forma, � poss�vel dizer que sa�ram "ganhando" os executivos da companhia que venderam a��es da empresa no segundo semestre de 2022, antes da crise estourar.

Dados enviados � CVM apontam que diretores da empresa venderam R$ 241,5 milh�es em pap�is da Americanas entre agosto e outubro do ano passado.

Eles fizeram isso depois de ser anunciado que Sergio Rial seria o novo presidente da empresa. A not�cia agradou ao mercado, e as a��es da Americanas se valorizaram

Opera��es deste tipo s�o comuns no mercado corporativo, porque muitas empresas pagam e d�o b�nus para seus executivos em a��es, que eles podem depois vender.

Mas h� algumas restri��es, como, por exemplo, fazer isso antes que seja divulgada alguma informa��o que possa interferir no valor das a��es.

O BTG Pactual apontou essas opera��es como um ind�cio de que houve fraude na Americanas, mas n�o h� comprova��o de m� f� da parte dos diretores da empresa por enquanto.

O Minist�rio P�blico Federal de S�o Paulo disse que vai apurar se eles cometeram crimes. A suspeita levantada � de que eles poderiam ter tido acesso a informa��es privilegiadas, ou seja, sabiam do rombo, e venderam as a��es para n�o ter preju�zo. Isso configuraria uma pr�tica ilegal conhecida como insider trading

N�o se sabe exatamente quem vendeu as a��es neste caso, porque, embora empresas sejam obrigadas a divulgar esse tipo de opera��o, n�o precisam dizer quem exatamente fez isso. A Americanas n�o comentou publicamente sobre o assunto.

Em meio a tanto preju�zo, tamb�m sa�ram ganhando nesta crise os concorrentes da Americanas, dizem analistas.

Phil Soares, da �rama, diz que a Americanas tem uma grande participa��o de mercado e vinha crescendo em um ritmo acelerado.

"Agora, n�o vai conseguir manter esse ritmo, e os outros varejistas ter�o a chance de tomar para si a participa��o de mercado da Americanas", diz.

O mercado tem sinalizado nesta dire��o ao comprar a��es de concorrentes como Magazine Luiza, que viu suas a��es se valorizarem 27% entre quarta-feira e segunda-feira.

O pre�o da a��o do Mercado Livre teve um aumento de 20% no mesmo per�odo.

"J� come�amos a ver fornecedores, com a perspectiva de n�o receber da Americanas, aumentarem seu lastro com outros varejistas", diz Ferrer.

A crise da Americanas deve alterar a competi��o neste mercado e favorecer outras companhias do varejo.

A Americanas n�o deve quebrar, diz o analista, mas provavelmente vai diminuir de tamanho e perder consumidores que, por receio de n�o receber seus produtos, v�o comprar de outras empresas.

"Eles ter�o que arrumar a casa, enquanto isso os competidores v�o aproveitar essa oportunidade."

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/brasil-64244657