Mulher de roupa preta na fila do caixa de supermercado, fazendo compras de diversos alimentos que estão juntos em uma caixa de papelão

A infla��o dos alimentos e bebidas avan�ou 0,59%.

Credito: Jair Amaral/EM/D.A Press
A infla��o oficial do Brasil, medida pelo IPCA (�ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo), teve alta de 0,53% em janeiro, o primeiro m�s do governo Luiz In�cio Lula da Silva (PT).

 

A maior press�o veio do grupo alimenta��o e bebidas, que avan�ou 0,59%, conforme dados divulgados nesta quinta-feira (9) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica).

 

O novo resultado mostra uma desacelera��o do IPCA frente a dezembro, quando a alta do �ndice havia sido de 0,62%.

A taxa de 0,53% tamb�m ficou abaixo da mediana das proje��es do mercado. Analistas consultados pela ag�ncia Bloomberg projetavam infla��o de 0,56% no m�s passado.

 

Em 12 meses, o IPCA acumulou avan�o de 5,77% at� janeiro, conforme o IBGE. � o menor n�vel desde fevereiro de 2021 (5,2%). O �ndice estava em 5,79% nos 12 meses encerrados em dezembro de 2022.

 

Mesmo com a leve desacelera��o, o IPCA acumulado continua acima da meta de infla��o perseguida pelo BC (Banco Central) para 2023.

O centro da medida de refer�ncia � de 3,25% neste ano. O intervalo de toler�ncia � de 1,5 ponto percentual para mais (4,75%) ou para menos (1,75%).

 

LULA SOBE TOM CONTRA BC

O BC virou alvo de cr�ticas de Lula nas �ltimas semanas. Para tentar conter a infla��o no pa�s, a autoridade monet�ria vem deixando a taxa b�sica de juros (Selic) em 13,75% ao ano.

 

Na segunda-feira (6), o presidente chamou de "vergonha" o n�vel atual da Selic. Lula ainda conclamou o empresariado a fazer cobran�as sobre os juros altos.

 

A eleva��o da Selic � o instrumento do BC para tentar esfriar a demanda por bens e servi�os e, assim, conter os pre�os e ancorar as expectativas de infla��o.

 

O efeito colateral esperado � a perda de f�lego da atividade econ�mica, porque o custo do cr�dito fica mais alto para empresas e consumidores.

 

A economia j� vinha mostrando sinais de desacelera��o antes de Lula assumir a Presid�ncia. As cr�ticas do petista � atua��o do BC t�m ampliado expectativas de infla��o e pressionado os juros.

 

Isso gera um reflexo contr�rio ao pretendido pelo governo. O discurso traz risco de press�o sobre o d�lar, que impacta os alimentos. A carestia da comida afeta principalmente a popula��o pobre, camada na qual Lula encontra apoio.

 

Na vis�o dos economistas Daniel Karp e Felipe Kotinda, do banco Santander, a infla��o de curto prazo segue melhorando na margem, embora ainda esteja em patamares elevados.

 

"O principal risco est� relacionado com a desancoragem das expectativas de m�dio e longo prazo, devido � incerteza quanto ao rumo das reformas econ�micas estruturais", dizem os analistas em relat�rio.

 

ALIMENTOS PRESSIONAM IPCA

Dos 9 grupos de produtos e servi�os do IPCA, 8 subiram no m�s passado. O segmento de alimenta��o e bebidas at� desacelerou de 0,66% em dezembro para 0,59% em janeiro, mas exerceu a maior influ�ncia sobre o �ndice. O impacto foi de 0,13 ponto percentual.

 

O IBGE associou o resultado dos alimentos � carestia de produtos como batata-inglesa (14,14%) e cenoura (17,55%).

 

O gerente da pesquisa do IPCA, Pedro Kislanov, lembrou que o clima adverso costuma pressionar os alimentos no in�cio de ano.

"As altas nesses dois casos [batata e cenoura] se explicam pela grande quantidade de chuvas nas regi�es produtoras", afirmou Kislanov.

 

Por outro lado, houve queda de 22,68% nos pre�os da cebola em raz�o da maior oferta nas regi�es Nordeste e Sul, conforme o pesquisador. A tr�gua veio ap�s o produto subir mais de 130% em 2022.

 

O grupo de transportes teve o segundo principal impacto no IPCA de janeiro (0,11 ponto percentual). O segmento acelerou a alta para 0,55%, ap�s a taxa de 0,21% em dezembro.

 

Em transportes, houve press�o dos combust�veis, que subiram 0,68%. O IBGE destacou os aumentos da gasolina (0,83%) e do etanol (0,72%). No sentido contr�rio, o �leo diesel (-1,40%) e o g�s veicular (-0,85%) ca�ram em janeiro.

 

A maior varia��o entre os grupos veio de comunica��o: 2,09%. O ramo acelerou em rela��o a dezembro (0,50%).

Nesse segmento, o combo de telefonia, internet e TV por assinatura subiu 3,24% em janeiro. O servi�o foi respons�vel pelo maior impacto individual no IPCA do m�s (0,05 ponto percentual).

 

Entre os grupos, apenas vestu�rio (-0,27%) teve baixa em janeiro. "Cabe registrar que foi a primeira queda no grupo ap�s 23 meses seguidos de altas, com a �ltima retra��o tendo sido registrada em janeiro de 2021", disse Kislanov.

"O recuo em janeiro de 2023 se deve ao fato de v�rias lojas terem aplicado descontos sobre os pre�os que foram praticados em dezembro, para o Natal", completou.

 

SERVI�OS ACELERAM

Um dos fatores que ainda preocupam analistas � a infla��o de servi�os. O IPCA de servi�os acelerou de 0,44% em dezembro para 0,60% em janeiro. Em 12 meses, a taxa passou de 7,58% para 7,80%.

"Esse avan�o [de servi�os] no curto prazo sustenta a ideia de que a infla��o tende a arrefecer a passos lentos", apontou relat�rio do banco Original, que prev� IPCA de 0,72% em fevereiro.

 

Na mediana, o mercado elevou pela oitava semana consecutiva a previs�o para a infla��o acumulada em 2023, conforme a edi��o mais recente do boletim Focus, divulgada pelo BC na segunda-feira. A proje��o do relat�rio � de IPCA de 5,78% em 12 meses at� dezembro.

Se a estimativa for confirmada, este ser� o terceiro ano consecutivo de estouro da meta de infla��o no pa�s.

 

INPC SOBE 0,46%

O IBGE tamb�m informou nesta quinta que o INPC (�ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor) teve alta de 0,46% em janeiro, abaixo do m�s anterior (0,69%).

 

O �ndice acumulou avan�o de 5,71% nos �ltimos 12 meses, inferior aos 5,93% observados anteriormente.

 

O INPC � usado como refer�ncia para corre��o de benef�cios como aposentadorias. Reflete os pre�os de bens e servi�os com maior peso no consumo das fam�lias de renda menor (de 1 a 5 sal�rios m�nimos).