Produ��o de soja foi o destaque no in�cio do ano com crescimento de 24% e responde por 70% da lavoura no trimestre
Credito Arquivo/ABr - 7/7/11
Com o impulso da safra agr�cola, a economia brasileira surpreendeu analistas ao registrar crescimento de 1,9% no primeiro trimestre de 2023, na compara��o com o quarto trimestre de 2022. � o que indicam os dados do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). Trata-se do primeiro resultado do indicador no governo Luiz In�cio Lula da Silva (PT). A varia��o de 1,9% ficou acima das estimativas do mercado financeiro. Na mediana, analistas consultados pela ag�ncia Bloomberg esperavam alta de 1,3%. O avan�o veio ap�s leve recuo de 0,1% no quarto trimestre de 2022, segundo dados revisados pelo IBGE. Inicialmente, a varia��o divulgada pelo instituto para esse per�odo havia sido de retra��o de 0,2%.
O primeiro trimestre deste ano foi marcado pelas condi��es favor�veis de produ��o na agropecu�ria. Estimativas indicam recorde para a safra de gr�os do pa�s em 2023. Segundo o IBGE, o crescimento do PIB de janeiro a mar�o foi puxado pela alta de 21,6% na agropecu�ria, que tem peso de aproximadamente 8% na economia do pa�s. O avan�o do setor foi o maior desde o quarto trimestre de 1996, disse o instituto. “Problemas clim�ticos impactaram negativamente a agropecu�ria ano passado e esse ano estamos com previs�o de safra recorde de soja, que representa aproximadamente 70% da lavoura no trimestre, com crescimento de mais de 24% de produ��o”, afirmou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
“A safra da soja � concentrada no primeiro semestre do ano. Ao compararmos o quarto trimestre de um ano ruim com um primeiro trimestre bom, observamos esse crescimento expressivo da agropecu�ria”, completou. De acordo com a pesquisadora, em torno de 80% da alta de 1,9% do PIB veio da agropecu�ria. Ainda do lado da oferta, o setor de servi�os, o principal do PIB, teve avan�o de 0,6% no primeiro trimestre. A ind�stria, por sua vez, ficou estagnada, com leve varia��o negativa de 0,1%.
Al�m do est�mulo da agropecu�ria, o per�odo de janeiro a mar�o tamb�m contou com a volta do Bolsa Fam�lia. O programa social substituiu o Aux�lio Brasil, abrindo a possibilidade de pagamentos adicionais. Do lado da demanda no PIB, o consumo das fam�lias brasileiras avan�ou 0,2% no primeiro trimestre de 2023. Em rela��o ao mesmo per�odo do ano passado, o consumo das fam�lias registrou alta de 3,5%. Segundo o IBGE, esse resultado foi influenciado pelo aumento na massa salarial real, pelo aumento do cr�dito e pela infla��o em patamares menores.
O consumo das fam�lias � o principal componente do PIB sob a �tica da demanda -ou seja, dos gastos com bens e servi�os. Responde por cerca de 60% do indicador. Parte dos analistas ainda percebeu est�mulos ao PIB vindos do mercado de trabalho, da tr�gua da infla��o e dos resqu�cios da sa�da da pandemia. Os juros altos, por outro lado, dificultaram o consumo, especialmente em atividades dependentes do cr�dito. Nessa lista, por exemplo, est� uma parte da ind�stria.
Do lado da demanda no PIB, o consumo das fam�lias brasileiras avan�ou 0,2% no primeiro trimestre de 2023. J� os investimentos produtivos na economia brasileira, medidos pelo indicador de Forma��o Bruta de Capital Fixo (FBCF), ca�ram 3,4%. Segundo Palis, houve influ�ncia do aperto dos juros sobre a demanda.
Proje��es
O PIB do primeiro trimestre n�o afastou as proje��es de desacelera��o da atividade econ�mica ao longo deste ano, j� que os juros seguem elevados e o efeito da agropecu�ria tende a ficar mais concentrado no in�cio do ano. As estimativas, contudo, come�am a sinalizar uma alta maior para a atividade econ�mica do que a prevista inicialmente. Ap�s o resultado do primeiro trimestre, a consultoria MB Associados, por exemplo, revisou a previs�o para o PIB deste ano de 1,3% para 2,1%.
J� o banco Original, de modo preliminar, passou a estimar um crescimento de 1,7% em 2023. A proje��o anterior era de 0,9%. Em 2022, o PIB cresceu 2,9% no acumulado do ano. O Banco Central (BC) vem mantendo a taxa b�sica de juros (Selic) em 13,75% ao ano em uma tentativa de conter os pre�os e ancorar as expectativas para a infla��o. O efeito colateral esperado � a perda de ritmo da atividade econ�mica, j� que o cr�dito fica mais caro para empresas e consumidores.
C�lculo
Produtos, servi�os, alugu�is, servi�os p�blicos, impostos e at� contrabando. Esses s�o alguns dos componentes do PIB, calculado pelo IBGE, de acordo com padr�es internacionais. O objetivo � medir a produ��o de bens e servi�os no pa�s em determinado per�odo. O indicador mostra quem produz, quem consome e a renda gerada a partir dessa produ��o. O crescimento do PIB (descontada a infla��o) � usualmente chamado de crescimento econ�mico. O levantamento � apresentado pela �tica da oferta (o que � produzido) e da demanda (como esses produtos e servi�os s�o consumidos). O PIB trimestral � divulgado cerca de 60 dias ap�s o fim do per�odo em quest�o.
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