Washington Cinel
O grupo, formado por 12 empresas, dos setores de servi�os gerais, seguran�a, imobili�rio e agroneg�cio, informa d�vidas de R$ 1,76 bilh�o, a maior parte com institui��es banc�rias.
Na peti��o, elaborada pelo advogado Joel Lu�s Thomaz Bastos, da TWK Advogados -o mesmo que atende a plataforma de turismo 123milhas na recupera��o judicial- tamb�m aparece entre as recuperandas o pr�prio dono do Grupo Handz, Washington Umberto Cinel.
O empres�rio ficou conhecido por ser um dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). No ano passado, apoiou a candidatura de Tarc�sio de Freitas (Republicanos) ao governo de S�o Paulo.
"O s�cio aparece entre as recuperandas quando empresta dinheiro ao neg�cio", diz Filipe Denki, advogado especialista em recupera��o judicial, do Lara Martins Advogados.
Sob a holding Handz Participa��es est�o as empresas de servi�os gerais e de seguran�a privada. J� sob a holding Man� est�o as opera��es imobili�rias, de agroneg�cio e do pr�prio Washington Umberto Cinel, produtor rural.
O grupo atribui a crise � queda da demanda provocada pela Covid-19, � alta alavancagem para financiar as atividades agropecu�rias e ao aumento na taxa de juros Selic.
"Quando o cr�dito se mostrou mais atrativo, na �poca mais aguda da Covid, as empresas foram pegando empr�stimos", diz Rodrigo Gallegos, s�cio da consultoria RGF Associados, especializada em reestrutura��o empresarial.
"Mas com o aumento da taxa Selic, as companhias ficaram sem f�lego para honrar os pagamentos", afirma. O caixa acabou, assim como o capital de giro, e muitas empresas n�o veem outra sa�da a n�o ser a recupera��o judicial, diz Gallegos.
"Esses pedidos devem acontecer com cada vez mais frequ�ncia", afirma o consultor.
O advogado Filipe Denki lembra que, no caso de uma prestadora de servi�os, os ativos s�o muito reduzidos. "Neste tipo de empresa, a pr�pria m�o de obra � o seu maior ativo", afirma.
De acordo com o especialista, no direito do trabalho, quando a m�o de obra � terceirizada -como no caso das empresas de servi�os gerais e seguran�a--, a contratante responde subsidiariamente.
"A empresa que contratou o servi�o de quem est� em recupera��o judicial, temendo essa responsabilidade, rescinde o contrato e paga diretamente o funcion�rio, retendo a nota fiscal e a repassando ao administrador judicial", afirma Denki.
"Isso aumenta ainda mais o desafio da recupera��o judicial em uma empresa deste setor. Vi poucas empresas de servi�os entrarem em recupera��o judicial e efetivamente se recuperarem", diz o advogado.
Empres�rio � ex-tenente da Pol�cia Militar
Cinel � ex-tenente da Pol�cia Militar, formado pela Academia de Pol�cia do Barro Branco. Ele criou a Gocil em Bauru, no interior paulista, em 1985. De acordo com a empresa, o grupo soma cerca de 20 mil funcion�rios e "impacta indiretamente" outros 100 mil.
As atividades do grupo giram entorno da figura de Washington Cinel. "O sr. Washington, na figura de produtor rural individual e detentor de quase a totalidade das quotas das empresas de seguran�a do grupo, figura como arrendat�rio em quase a totalidade das terras de propriedade das empresas do setor agro. Isto �, o sucesso da atividade agr�cola explorada por parte do grupo -e consequentemente seu soerguimento a partir do presente pedido de recupera��o judicial- depende diretamente do arrendamento celebrado com o sr. Washington. Al�m disso, ele presta garantias pessoais a sociedades dos ramo agro e de presta��o de servi�os, al�m de ter exercido, por anos, a administra��o das requerentes", diz trecho da peti��o.
Entre os grandes clientes citados pela empresa na peti��o est�o o Hospital Israelita Albert Einstein, a Universidade de Caxias do Sul (UCS), a multinacional de alimentos Nestl�, a empresa de shopping centers Iguatemi e o grupo DPSP, dono da Drogaria S�o Paulo.
Ainda, segundo a peti��o, o grupo "possui como um de seus maiores contratantes o governo do Estado de S�o Paulo, fornecendo m�o de obra para diversas companhias estaduais, como, por exemplo, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM)".
De acordo com o texto, as atividades no agroneg�cio come�aram h� 22 anos, mas se intensificaram desde 2015, "como consequ�ncia da onda de otimismo que viveu o setor nos �ltimos anos".
Em 2020, o grupo adquiriu a unidade de produ��o agr�cola em Balsas (MA), "cuja abertura para produ��o demandou -e ainda demanda- investimentos muito altos em tecnologia, maiores do que o originalmente programado pelo grupo".
H� cerca de R$ 16,2 milh�es retidos junto a institui��es financeiras credoras do Grupo Handz. "Trata-se de valores que foram objeto de cess�o fiduci�ria de aplica��o financeira, em garantia a opera��es contratadas junto aos bancos credores", diz a peti��o.
Em nota, o Grupo Handz afirmou que o pedido de recupera��o judicial "visa ter a total seguran�a de preservar o emprego de seus 20 mil colaboradores diretos e 50 mil indiretos, a perfeita continuidade da manuten��o de seus servi�os e seus clientes, al�m do total, pontual e perfeito compromisso com os funcion�rios, fornecedores, parceiros comerciais e ex-colaboradores, resguardando a rela��o capital-trabalho".
"O exacerbado crescimento da taxa de juros aliado ao efeito das consequ�ncias da Covid-19 afetaram severamente o mercado, impondo a necess�ria antecipa��o de medidas para prever a sua manuten��o de caixa e a reestrutura��o adequada de seus neg�cios pela via judicial", diz a nota.
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