Venilton Tadini Presidente-executivo da Abdib

Presidente-executivo da Abdib, Venilton Tadini, v� retomada dos projetos de infraestrutura no pa�s

Abdib/Divulga��o


Com uma redu��o dr�stica de investimentos nos �ltimos 10 anos, a infraestrutura de transporte no Brasil n�o acompanhou os avan�os registrados nos setores de energia e telecomunica��es. “Esse � o nosso maior gargalo de competitividade, porque ele inclui as estruturas rodovi�ria, ferrovi�ria, hidrovias e cabotagem”, afirma o presidente-executivo da Associa��o Brasileira da Infraestrutura e Ind�strias de Base (Abdib), Venilton Tadini, que lembra que a necessidade de super�vits no Brasil reduziu os recursos or�ament�rios para transportes e log�stica a 0,32% do PIB no ano passado, quando seriam necess�rios 2,26% do PIB para que a infraestrutura log�stica brasileira n�o ficasse atrasada. Em n�meros, s�o R$ 192,6 bilh�es a menos do que o necess�rio. “O Brasil � um pa�s sem transporte”, afirma Tadini. “N�s temos rodovias que s�o insuficientes para a estrutura da nossa popula��o e da nossa extens�o territorial”, acrescenta.
Para apresentar projetos de investimentos na infraestrutura, a associa��o realiza amanh�, em Belo Horizonte, o Abdib F�rum Infraestrutura Regional – Edi��o Sul e Sudeste. O evento reunir� na capital mineira governadores e secret�rios de estado dos sete estados do Sudeste e do Sul, representantes do governo federal, bancos de investimentos e investidores para apresentar as potencialidades em cada um dos entes federados e os projetos de investimentos em infraestrutura que podem ser executados nos pr�ximos anos.

Amanh�, ocorre em Belo Horizonte o Abdib F�rum Infraestrutura Regional – Edi��o Sul e Sudeste. O que � e qual o objetivo deste f�rum?
Ele come�ou h� quatro ou cinco anos e houve a necessidade de dar uma dimens�o nacional para que a infraestrutura seja mais articulada do ponto de vista do planejamento, do conhecimento da estrutura dos estados, dos projetos que est�o sendo desenvolvidos para que haja uma maior troca de informa��o a respeito dos pontos que sejam relevantes para se desenvolver projetos de infraestrutura. E esse f�rum regionais permitem que a gente traga investidores, n�o s� o nacional, estruturadores de projetos, bancos, seguradoras para que tenham condi��o de conhecer n�o s� as potencialidades da regi�o, as potencialidades socioecon�micas de cada estado e tamb�m a carteira de programas que existem em cada unidade da Federa��o. N�s temos 120 associados e a possibilidade de levar os maiores investidores em concess�es de servi�o p�blico, seja rodovias, ferrovias e energia el�trica e saneamento. Temos tamb�m os principais estruturadores de projetos, bancos de investimento, como BNDES e a Caixa, que s�o nossos associados. Na parte de financiamento n�s temos inclusive grandes fundos de investimentos que est�o conosco. E o f�rum permite que eles conhe�am as potencialidades e os programas de investimento dessas unidades da Federa��o para que haja uma troca de informa��o e um maior conhecimento para que se possa viabilizar o programa de investimento dos estados.
 

"Esses sete estados t�m 140 novos projetos de concess�es e de parcerias p�blico-privadas (PPPs). E voc� tem esperado um investimento pr�ximo a cerca de R$ 305 bilh�es nesses projetos"

Venilton Tadini Presidente-executivo da Abdib

 
E o que os mineiros podem esperar do Abdib F�rum amanh� em Belo Horizonte?
Esqueci de mencionar que n�s levamos sempre autoridades do governo federal que interagem e s�o importantes no desenvolvimento dos programas. N�s teremos tr�s pain�is. No primeiro, os governadores falam sobre as potencialidades de seus estados, de como est�o estruturados para executar esses investimentos em termos de planejamento, em termos de estrutura t�cnica, de ambiente pol�tico, que tem a ver com seguran�a jur�dica. O segundo painel reunir� todos os secret�rios de estado que tratam de parceria e concess�es para apresentar o que existe em termos de programa e quais os segmentos priorit�rios. E por fim, mas n�o menos importante, n�s temos o painel que trata de como implementar esses projetos em termos de financiamento e a� n�s temos n�o s� o BNDES e a Caixa, mas tamb�m a participa��o de grandes fundos de investimentos.

H� uma rela��o de projetos de investimentos nestes sete estados e dos investimentos em infraestrutura para os pr�ximos anos?
Esses sete estados t�m 140 novos projetos de concess�es e de parcerias p�blico-privadas (PPPs). E voc� tem esperado um investimento pr�ximo a cerca de R$ 305 bilh�es nesses projetos, com o principal deles s�o os primeiros quatro ou cinco anos de prazo. Em Minas Gerais s�o R$ 28 bilh�es em novos projetos. No estado s�o oito projetos. N�s temos uma plataforma eletr�nica de acompanhamento da situa��o desses projetos de investimentos e no fim do ano a gente imprime e cria o que n�s chamamos de “Book azul”, que � impresso e distribu�do por 17 representa��es do Itamaraty , com vers�es em portugu�s, ingl�s, mandarim e este ano tamb�m em espanhol. S�o projetos do governo federal que est�o no PPI (Programa de Parcerias de Investimentos) e nos programas dos estados e de alguns dos principais munic�pios.

Isso � suficiente para poder modernizar a infraestrutura desses estados para dar conta de todos os gargalos que tem de infraestrutura nesses sete estados e no Brasil em geral?
Voc� tem dois segmentos que s�o preocupantes do ponto de vista da infraestrutura e um deles � o saneamento. Na parte de energia, tirando petr�leo e g�s, n�o h� problemas e o gargalo � muito pequeno e certamente ser� resolvido. � do ponto de vista de telecomunica��es tamb�m. O Brasil est� no no 5G os investimentos est�o andando e � tudo iniciativa privada. os dois grandes eixos que faltam para desenvolver na infraestrutura do Brasil: Transporte e log�stica e saneamento. A log�stica � o maior segmento que necessita de investimento, onde o hiato de investimentos � de cerca de 2% do PIB. N�s estamos falando de cerca de R$ 200 bilh�es por ano de investimentos nos pr�ximos 10 anos. Para uma necessidade de 2%, 3% do PIB a gente investe 0,32% do PIB. Aqui est� o nosso maior gargalo de competitividade, porque ele inclui rodovias, ferrovias, hidrovias, o transporte de cabotagem, a quest�o portu�ria e aeroportu�ria e toda a mobilidade urbana. Houve avan�o, com o marco regulat�rio no saneamento.

Mas mesmo com o marco regulat�rio do saneamento, os investimentos n�o est�o deslanchando?
Temos dados mostrando que mesmo com o avan�o que houve no marco regulat�rio do saneamento, mas muito provavelmente a gente n�o chegue, no �mbito nacional, � chamada universaliza��o em 2033. Agora, principalmente nos estados do Sul e Sudeste, a gente vai ficar muito pr�ximo disso com as a��es que v�o e est�o sendo efetuadas. Acredito que o avan�o vai ser realmente mais significativo, at� porque o atraso maior que n�s t�nhamos � justamente nos estados do norte do Nordeste. No saneamento, o atendimento por empresas privadas passou de 7% para 20%. N�s temos estudos que mostram que est� avan�ando at� por passar para o setor privado e o que tem sido feito de capta��o de recursos hoje a maior emiss�es de deb�ntures incentivadas � no setor de saneamento, que mais recebe recursos.

Mas mais uma vez as estradas ficam para tr�s?
Esse � o nosso grande gargalo. Por isso que uma parte desse investimento incluindo a� o Novo PAC, que � importante, porque ele procura recuperar, no curto prazo, o que s�o obras paradas e que pararam por falta de recurso or�ament�rio, n�o porque o projeto estava inadequado, ou porque teve superfaturamento ou porque tem algum outro problema que foi encontrado, mas sim pelo fato de que o Or�amento estava sem recurso. O pessoal da CNT mostra que 65% das rodovias est�o ruins ou regulares e � isso que n�o pode ocorrer. A gente est� falando de um problema na malha vi�ria pavimentada. A grande parte da malha � n�o pavimentada. Voc� fala: o Brasil � um pa�s rodovi�rio. O Brasil � um pa�s sem transporte. Se voc� pegar a nossa quilometragem de rodovias pela nossa extens�o continental, ele � de aproximadamente 1,6 milh�o de km, o Jap�o tem quase 1,4 milh�o, mas qual o tamanho do Jap�o? Tem alguma coisa errada. Agora se voc� pegar os Estados Unidos, l� tem 6 milh�es de quil�metros, se voc� pegar a �ndia, a �ndia tem 6 milh�es de quil�metros. Ent�o o que eu estou querendo dizer � o seguinte, o Brasil � um pa�s rodovi�rio, por falta dos outros modais. N�o � porque as nossas rodovias s�o suficientes. N�s temos rodovias que s�o insuficientes para a estrutura da nossa popula��o e da nossa extens�o territorial. Isso � uma coisa que pouca gente fala.
 
No Novo PAC, h� previs�o de investimentos de R$ 1,7 bilh�o, sendo que os estados do Sul e Sudeste ficam com R$ 991 bilh�es. � suficiente para superar esse gargalo?
Nossos investimentos, diferentemente do PAC, n�o contemplam investimento direto do Or�amento da Uni�o, ele trata de Parcerias P�blico-Privadas (PPPs) que se soma ao PAC. Mas nas estradas voc� tem um programa novo que foi apresentado pelo Minist�rio dos Transportes e que come�a com dois blocos no Paran� e que vai at� o final do ano que vem, ele � um programa bastante ambicioso. S�o 7,7 mil quil�metros que ser�o concedidos ao setor privado e que correspondem a mais de 60% de tudo que j� foi transferido at� hoje, no governo federal. N�s vamos passar de 13 mil km para 20 mil km de rodovias privatizadas no total de 73 mil quil�metros do pa�s. � um dos maiores programas do mundo. S�o Paulo �, na dimens�o que tem, tirando China, � o maior programa do mundo de participa��o privada em rodovias, tem mais de 55% da malha j� transferida. Ent�o, o que a gente pretende aumentar, de 7,7 mil quil�metros, n�s estamos falando de cerca de R$ 80 bilh�es de investimentos. E isso n�s estamos falando de projetos que est�o no PAC, que est�o no PPA, que est�o em estudo no BNDES, com um n�vel de an�lise muito bom para fazer.

E qual a viabilidade desses investimentos previstos no PAC e no Minist�rio dos Transportes?
N�o sei te dizer se todo ele vai acontecer, mas � de se esperar e com toda experi�ncia que j� se tem na estrutura��o de projetos que eles ocorrem no prazo previsto. Pela primeira vez, desde a segunda metade da d�cada de 1970, que vejo se tra�ar um eixo, um Norte em rela��o ao que est� acontecendo no cen�rio internacional em rela��o � transi��o energ�tica, � desglobaliza��o, reestrutura��o das cadeias de valor, da crise alimentar, da seguran�a e efetivamente colocando o pa�s dentro desse Norte n�s podemos ser novamente um dos players mais importantes, como j� foi da ind�stria. E j� fomos a s�tima economia e podemos at� melhorar nesse requisito, tratando as fontes renov�veis, o hidrog�nio verde e tudo mais dentro desse esp�rito que foi estruturado.

Em termos de ferrovias h� algum projeto?
Em termos de ferrovias, o que est� ligado � quest�o de min�rios e de gr�os, onde al�m ter uma vantagem comparativa de custo est� sendo tratado tamb�m como um importante elemento de log�stica para a inser��o e continuidade do Brasil no mercado internacional, est� avan�ando. Do gargalo que temos e que exigem volumes muito altos, n�s somos absolutamente mal resolvidos em carga geral, onde voc� transporta os produtos da ind�stria de maior valor agregado e tamb�m no transporte de passageiros. Essas duas defici�ncias t�m que ser atacadas. Considerando-se as duas (min�rio e gr�os), s� isso muda a composi��o do transporte de cargas no Brasil, com a malha ferrovi�ria elevando sua participa��o de 20% para 30%. Mas a gente precisa mais que isso pra ter uma a��o de desenvolvimento disruptiva, a gente precisa entrar em carga geral e na transporte de passageiros. Mas isso n�o est� precificado. Porque como voc� praticamente n�o tem como ter algumas estimativas para alguns trechos espec�ficos. E a� falta realmente definir a pol�tica.