
M�e Gaia, na mitologia grega, � um ser primordial, de um potencial enorme. � a Terra, a pr�pria cria��o em si, com todos os seus elementos respons�veis pela vida. Para fazer os pequeninos do ensino infantil entenderem tudo isso, uma escola da Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte interligou o meio ambiente ao poder de sensibilidade da arte. Ontem, durante a Mostra de Artes anual, familiares puderam ver de perto a criatividade para abordar um assunto t�o importante para os dias atuais e o futuro de gera��es.
A exposi��o intitulada M�e Gaia x Ecoarte na inf�ncia traz os trabalhos das crian�as feitos com materiais da natureza. O objetivo da Escola Infantil Galileo Galilei, no Bairro Funcion�rios, foi trabalhar percep��o, sensibilidade, cogni��o e cria��o, conforme explica uma das diretoras, Denise Gaia. “Nossa proposta � ensinar �s crian�as e mostrar ao p�blico que tudo que tem na natureza pode ser transformado em arte. O objetivo � o registro de cria��es po�ticas que contribuem para a preserva��o do planeta com rico material nas quais brincadeiras ao ar livre e rela��es humanas t�m rela��o especial”, afirma.
As diretrizes desse manifesto art�stico foram pautadas pela inf�ncia e a natureza, arte e ci�ncias, ecologia no cotidiano, escutas, di�logos, vozes e a��es das crian�as. E n�o � s� para esta edi��o da mostra. A escola tem a educa��o ambiental como premissa em todas as turmas anualmente. Ano passado, o projeto de sala do maternal 3 foi Guardi�es da Natureza. Nele, a meninada acurou o olhar para plantas e situa��es diversas do cotidiano.
O aluno tem a sensa��o de que no meio ambiente tudo pode ser reutilizado sem que nada seja prejudicado
Denise Gaia, diretora
Oficinas de plantio de mudas e sementes, de tintas naturais (urucum, a�afr�o, terra e caule da beterraba) prometem dar outro sentido a cores e formas feitas por pais e filhos. Um livro de artes das crian�as do maternal 3 at� o 2º per�odo foi lan�ado. Um varal de folhas secas pintadas emocionou, bem como os trabalhos feitos a partir de rodelas de laranja secas.
Os pequenos do 2º per�odo pintaram tela inspirados numa imagem de lavandas e fizeram vasinhos de cactos com pedra pintada e argila. Na confec��o de um rob� tamb�m com materiais reutiliz�veis, trabalharam, para al�m da arte e da ecologia, conceitos de coopera��o e equipe.
PROJETOS

Um carro de F�rmula-1 montado dentro da sala, um cavalo gigante e um berimbau. O que t�m em comum? Todos foram feitos por crian�as de apenas 4 aninhos que puseram a m�o na massa para construir, com material recicl�vel, os objetos de uma exposi��o sobre sa�de e esporte de um col�gio na Regi�o Noroeste de Belo Horizonte. Esse � um exemplo de como as quest�es ambientais se tornaram premissa na sala de aula, desde o ensino infantil. Educadores apostam nessa idade em que o terreno � f�rtil para novas informa��es para formar, desde j�, cidad�os comprometidos e preocupados com o planeta.
A exposi��o foi toda montada com material recicl�vel. Os alunos do 1º per�odo pintaram 431 garrafas PET e montaram o carro dentro da sala. Para falar de hipismo, foi feito cavalo com caixas de sapato. J� a turminha do 2º per�odo usou jornal e tampinha de garrafa pl�stica para fazer um berimbau. No Col�gio Santa Maria, o tema meio ambiente permeia os projetos desenvolvidos ao longo de todo o ano. “As crian�as da educa��o infantil aprendem pelo sentido. Elas experimentam, vivenciam, o que abre enorme possibilidade de trabalhar habilidades socioemocionais. A natureza e o meio ambiente servem n�o s� para entenderem e se conscientizarem, mas para p�r em pr�tica todos os conceitos”, afirma a coordenadora da educa��o infantil e do 1º ano do n�vel fundamental da unidade Cora��o Eucar�stico, Adriana Dorna.
CONSTRUIR JUNTOS
Na semana das crian�as, a brincadeira envolveu papais e mam�es em torno da constru��o de brinquedos com materiais reutiliz�veis. Em datas comemorativas, este � o m�todo: construir, juntos com os pais ou os professores, brinquedos que poder�o ser usados enquanto tiverem vida �til. O jogo da mem�ria feito com papel de caixa de papel�o, por exemplo, � o xod� das turminhas e foi parar na brinquedoteca da escola. “Isso � importante para perceberem que � poss�vel reutilizar e que isso traz benef�cio grande para a natureza”, ressalta a coordenadora.
A fam�lia, ali�s, � chamada o tempo todo para ter junto essa forma��o. Na rotina, os pequenos aprendem conceitos que levar�o para o resto da vida, seja a no��o do desperd�cio na hora do lanche e a valoriza��o do alimento, seja a import�ncia do cuidado com o jardim. Temas da atualidade, como as queimadas na Amaz�nia, tamb�m s�o tratados, respeitando a linguagem adequada para a idade.
H� 31 anos na coordena��o, Adriana Dorna fala da evolu��o ao longo das d�cadas. “Antigamente se falava sobre meio ambiente, sempre trabalhei neste sentido, mas n�o com uma intencionalidade t�o grande. N�o havia retorno e essa quest�o da vis�o do todo (planeta, pa�s). At� porque n�o tinha redes sociais, que se bem aproveitadas s�o muito favor�veis a esse trabalho”, relata. Se antes era unilateral, do col�gio para as fam�lias, hoje � via de m�o dupla. “A intencionalidade est� presente em todos os campos, fora os recursos dispon�veis atualmente para tornar tudo isso mais vivo, mais pr�ximo e concreto.”
Fiscais da natureza

A sustentabilidade � um valor e, por isso, passa de maneira transdisciplinar por todos os conte�dos. Essa � a vis�o do Col�gio Santo Agostinho, que tem consolidado o Grupo de Trabalho, Envolvimento e Iniciativa Ambiental (Geteia) para cuidar do tema. Com os pequeninos a partir dos 3 anos de idade, a estrat�gia � levar situa��es do cotidiano para eles analisarem, tentando resolver problemas e os fazendo entender o meio em que est�o, de forma l�dica e pr�tica.
E a consequ�ncia supera as expectativas, � medida que os ensinamentos em sala de aula ultrapassam os muros da escola para chegar at� em casa. “O adulto escuta a crian�a. Quando ela fala sobre um assunto como esse, serve de exemplo. Os pais relatam o cuidado que t�m em casa com o tempo de banho e o que fazer com a �gua. As crian�as se tornam uma esp�cie de fiscais em casa”, conta o professor de geografia e integrante do Geteia Saulo Soares, da unidade Nova Lima, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte.
E, por isso, o termo “teia” n�o � � toa. Tem a ver com conectividade. “Os meninos passam a ser multiplicadores disso, enquanto um valor, e passam, al�m de atuar na escola, a ter posicionamento cr�tico em rela��o ao meio ambiente e com um olhar diferente nas pr�ticas”, diz Soares. E n�o adianta s� discutir. Eles exigem p�r em pr�tica. Qualquer res�duo em sala de aula, por exemplo, � destinado � coleta seletiva.
Dois pontos nas portarias do col�gio t�m sacolas ecol�gicas para o dep�sito de materiais que podem ser trazidos tamb�m de casa. As lixeiras s�o mais um est�mulo � separa��o dos materiais, que s�o recolhidos por uma cooperativa de catadores de Nova Lima. “� esse o valor da sustentabilidade. N�o � legal falar sobre isso e n�o dar op��o. Tem que mostrar e vivenciar para eles entenderem seu papel na sociedade.”