
Como em outras resolu��es durante a pandemia, mais uma vez um documento do CNE tamb�m n�o recomenda a reprova��o em 2020. � sugerido que se adotem "anos escolares cont�nuos", ou seja, junte-se a s�rie em que o estudante est� em 2020 com a pr�xima, em 2021. "O reordenamento curricular do que restar do ano letivo de 2020 e o do ano letivo seguinte pode ser reprogramado, aumentando-se os dias letivos e a carga hor�ria do ano letivo de 2021 para cumprir, de modo cont�nuo, os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento previstos no ano letivo anterior", diz o documento.
"As consequ�ncias deste ano v�o levar um tempo para serem resolvidas nas escolas", diz a relatora da resolu��o e conselheira do CNE, Maria Helena Guimar�es de Castro, que j� foi secret�ria executiva do Minist�rio da Educa��o (MEC) nos governos Fernando Henrique Cardoso e Michel Temer. "Mesmo que se imagine que haja vacina ano que vem, as escolas precisam se readaptar, � o que todos os pa�ses do mundo est�o fazendo. � uma flexibiliza��o que d� tranquilidade no replanejamento para 2021."
Algumas redes p�blicas j� anunciaram que juntar�o os dois anos letivos, como forma de n�o penalizar estudantes que n�o puderam acompanhar o ensino online. Uma delas � a rede estadual de S�o Paulo, que ontem abriu matr�culas para um novo 4.º ano do ensino m�dio para os alunos que quiserem continuar estudando em 2021.
Mas, segundo o secret�rio da Educa��o, Rossieli Soares, a reprova��o n�o ser� proibida na rede. "Sabemos de estudantes que n�o est�o entregando atividades. Vamos dar todas as oportunidades para eles, podem entregar mais para frente, mas o m�nimo � necess�rio fazer", disse ao Estad�o. Em casos de falta de acesso online, ele explica, os alunos t�m os materiais impressos e podem devolver as li��es dessa forma.
A flexibiliza��o do calend�rio do CNE, no entanto, n�o significa, segundo Maria Helena, uma indica��o de que as aulas n�o precisam voltar. Para ela, onde j� houver decis�o favor�vel da �rea de Sa�de, elas devem retornar com atividades presenciais. "A volta � muito importante, at� para as pessoas aprenderem a lidar com o medo, ter acolhimento, para que os professores possam falar como est�o se sentindo".
O secret�rio Rossieli tamb�m disse ontem que retornar, cumprindo os protocolos, � "fundamental", citando casos de depress�o de adolescentes isolados. "Se for poss�vel, envie seus filhos � escola, com seguran�a, seja escola p�blica ou particular." Amanh�, apenas 100 das mais de mil escolas estaduais da capital v�o abrir, apesar de autoriza��o para atividades presenciais.
A Lei 14.040/2020 previu que o CNE deveria dar as diretrizes para os estabelecimentos de ensino durante o "estado de calamidade p�blica" causado pela pandemia da covid. Ao ser aprovada, ser� a mais importante resolu��o nacional sobre o assunto, j� que o MEC n�o se posicionou oficialmente. Em entrevista ao Estad�o, o ministro da Educa��o, Milton Ribeiro, disse que a volta �s aulas n�o era tema do governo federal.
O texto fala ainda que deve ser decis�o dos pais ou respons�veis enviar ou n�o os alunos para aulas presenciais e que as avalia��es s�o facultativas �s escolas neste momento. Mas os que decidirem manter os filhos em atividades remotas devem se comprometer em cumprir "atividades e avalia��es".
Sobre recomendar que n�o se d� faltas aos alunos nas escolas, Maria Helena diz que � imposs�vel checar a frequ�ncia durante o per�odo de aulas remotas, j� que os estudantes muitas vezes recebem v�deos para estudar no hor�rio que escolherem. Para as escolas de educa��o infantil (0 a 5 anos) o documento libera tamb�m de cumprir a carga hor�ria letiva de 800 horas, como devem fazer este ano o ensino fundamental e m�dio. Mesmo assim, essas horas podem ser preenchidas com atividades online.
O texto fala ainda que todos os recursos de tecnologia podem ser empregados no ensino e cita inclusive as redes sociais, como WhatsApp, Facebook, Instagram, "para estimular e orientar os estudos, pesquisas e projetos".
Alunos ansiosos
�s v�speras da reabertura das escolas para atividades extracurriculares, que ocorrer� na quarta-feira, pais e alunos est�o ansiosos para a retomada e preparados para as novas regras impostas por causa da pandemia. Mesmo sabendo que ser� necess�rio manter o distanciamento, estudantes est�o contentes por poder matar a saudade dos colegas.
Pedro Maio Gamarra, de 8 anos, j� sabe o que vai levar no primeiro dia de aula: "O meu lanche, �lcool em gel, m�scara e uma luva". Tamb�m avisa que vai reencontrar amigos. "A professora j� contou quem vai."
A m�e do garoto, a empres�ria Taciane de Almeida Maio Gamarra, de 38 anos, diz que a fam�lia vinha se preparando para a volta �s aulas e o retorno vai trazer benef�cios para Pedro e para sua irm� Giulia, de 4 anos.
"Meu mais velho est� estressado, sem paci�ncia. Ele est� ansioso para pegar o uniforme e est� adorando esse retorno das atividades presenciais. Vai ser bom tamb�m para eles se adaptarem para como vai ser daqui para frente", diz a empres�ria.
Quem vai voltar � escola na pr�xima semana tamb�m j� conta os dias para retomar o contato com os colegas e professores, mesmo com as regras de distanciamento, uso de m�scara e do �lcool em gel. O piloto de avi�o Gustavo Miranda Leal, de 41 anos, j� separou �lcool em gel e m�scaras adicionais para colocar nas mochilas dos filhos Samuel, de 8 anos, Sarah e Lu�sa, de 5 anos, e tamb�m intensificou as orienta��es.
"Eles est�o bem ansiosos, sentem falta do conv�vio social. At� cobraram a gente, h� uns 30 dias, sobre a volta �s aulas. O que observei � que o di�logo funcionou e a escola vai tomar as medidas de prote��o."
Os irm�os Sophia e Theo Larcher, de 17 e 12 anos, respectivamente, tamb�m v�o participar de atividades extracurriculares a partir da semana que vem e n�o escondem a ansiedade. "Estou com as expectativas altas, porque n�o aguento mais ficar em casa. Acho legal voltar por tr�s horas para a gente se ver um pouco." Os sentimentos de Theo se misturam ao falar da retomada das atividades escolares. "Na parte emocional, � dif�cil descrever. � uma mistura de saudade com ansiedade. Ao mesmo tempo em que estou ansioso para ver meus amigos, estou com medo da dita cuja (a covid-19)."
M�e dos estudantes, a professora Melissa Larcher, de 46 anos, relata que a volta est� sendo mais dif�cil do que quando os filhos migraram para o ensino remoto por causa da pandemia. "S�o muitas d�vidas. Mas o que a gente espera, de verdade, � que eles tenham intera��o social. Apesar de ter a inseguran�a sobre o componente de sa�de - o meu filho � asm�tico -, eu autorizei ele a voltar." Melissa aposta na informa��o e na transpar�ncia. "Eles est�o contentes, querem o pr�dio da escola, mas n�s os estamos preparando para n�o ser a mesma escola."
Professora do Instituto Singularidades e psicopedagoga, Marta Gon�alves destaca a import�ncia do di�logo e do acolhimento no processo. "N�o importa a idade, tem de conversar. Corremos o risco de a crian�a ir para a escola e n�o querer retornar. Tem de acolher essa decep��o."
Ela diz que � comum sentir ansiedade na retomada, mas que os pais devem observar e procurar ajudar, caso o sintoma se prolongue. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.