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Estado de Minas

Cad� minha boneca? Falta de representatividade racial nos brinquedos chama a aten��o

Mais do que falar sobre valores e ensinar, a demonstra��o da diversidade � crucial, pontua psic�loga


09/10/2020 16:06

Cadê minha boneca? Falta de representatividade racial nos brinquedos chama a atenção
Cad� minha boneca? Falta de representatividade racial nos brinquedos chama a aten��o (foto: Educa Mais Brasil)

A inf�ncia � a fase de descobertas, cria��o do imagin�rio e o momento em que a crian�a come�a a entender seu espa�o e se reconhecer como parte da sociedade. Nesse contexto, a brincadeira pode n�o ser t�o inocente quanto se pensa quando a representatividade n�o contempla a todos. Quer um exemplo desta realidade? Passe a notar a quantidade de bonecas pretas nas lojas brasileiras.�


Apenas 6% de todas as bonecas fabricadas no Brasil s�o negras, segundo pesquisa da campanha "Cad� Nossa Boneca?", divulgada neste m�s pela organiza��o social Avante. Isso significa que a cada 100 modelos de bonecas produzidos pela ind�stria brasileira de brinquedos, apenas 6 representam pessoas negras.


A cantora e advogada Dinha D�rea, 34, m�e do Francisco, de 10 anos, teve a sua primeira Barbie negra trazida dos Estados Unidos, j� que no Brasil a sua m�e n�o conseguia encontrar. "Ela veio toda vestida de roupa africana e eu n�o me sentia representada, at� mesmo porque n�o sou africana. Depois de um tempo consegui uma Barbie negra, mas tamb�m n�o foi comprada no Brasil", conta.


As festas de anivers�rio da Dinha eram tem�ticas, de chapeuzinho vermelho, cinderela, mas negras. "Minha m�e ia no buffet e pedia para as personagens serem pintadas de preta. Sempre foi assim, ela falava que eu era a princesa dela", relembra.


Na escola do seu filho Francisco, a advogada j� percebe que a abordagem da tem�tica racial est� mais presente. "J� teve palestras, conversas com pais e sempre � necess�rio ter mais", afirma.


Ao contr�rio dela, a comunic�loga Caroline dos Santos n�o viveu a representatividade na sua inf�ncia e cresceu se questionando. "Eu tinha Barbies, Pollies, mas elas n�o representavam de forma alguma a minha pele, ent�o eu n�o conseguia me ver nas bonecas. Enquanto muitas outras meninas chamavam as bonecas de filhas ou irm�s, eu chamava de colega porque eu sabia que ela n�o fazia parte do meu c�rculo por n�o se parecer comigo".


Carol conta que a falta dessa abertura na inf�ncia trouxe consequ�ncias para a sua vida adulta. "Impactou a longo prazo, em todas as minhas escolhas. Adulta � que percebo como fez falta n�o ter essa abertura, esses brinquedos", reflete.


Para a psic�loga e publicit�ria Mylene Alves, uma das idealizadoras da campanha "Cad� nossa boneca?", a representatividade na inf�ncia � algo essencial, pois nesse per�odo tem-se a forma��o da nossa identidade. Conforme explica a profissional, a representatividade no ato de brincar na primeira inf�ncia deve propiciar que a crian�a descubra o que � a sociedade que ela comp�e. "A boneca, no caso, � um exemplo que representa os seres humanos, as pessoas. Idealmente, o contexto do brincar est� inserido na sociedade brasileira que hoje cont�m 56% da popula��o autodeclarada negra. � inadmiss�vel, portanto, que essas bonecas n�o correspondam � sociedade", destaca.


A psic�loga pontua que na escola mais do que falar sobre valores e ensinar, a demonstra��o � crucial. "A for�a das atividades l�dicas deve fazer parte do ensino. Ter ferramentas que possam simular esse processo de forma mais concreta � ainda mais importante. Acredito que a boneca negra se encaixe como importante ferramenta no contexto do brincar, na comunidade que as crian�as fazem parte", afirma Mylene.


A falta dessa constru��o representativa na inf�ncia reflete tamb�m na vida adulta e no mercado de trabalho, ainda muito carente de a��es de inclus�o afirmativa. Em setembro deste ano, a rede varejista Magazine Luiza anunciou seu programa de Trainee exclusivo para pessoas negras. A iniciativa virou alvo de pol�mica e a��o judicial, mas a rede se pronunciou dizendo:�


"Estamos absolutamente tranquilos quanto a legalidade do nosso Programa de Trainees 2021. Inclusive, a��es afirmativas e de inclus�o no mercado profissional, de pessoas discriminadas h� gera��es, fazem parte de uma nota t�cnica de 2018 do Minist�rio P�blico do Trabalho", escreveu a Magazine Luiza em sua rede social.


A psic�loga Mylene Alves v� a atitude da rede varejista como forma de inclus�o afirmativa. "� uma quest�o de percep��o e entendimento do racismo estrutural que faz com que negros e negras no pa�s n�o tenham a capacidade de se sentir aptos a concorrer a uma vaga. O programa mudou n�o por marketing, mas porque entendendo que n�o havia diversidade suficiente na empresa, algum fator para a entrada de mais negros era necess�rio."


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