Em meio � escalada de casos de COVID-19 no Brasil, o Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem) tem seu segundo dia de aplica��o de provas neste domingo (24/01). Em todo pa�s s�o esperados cerca de 2,6 milh�es de candidatos que, em sua maioria, temem pela seguran�a durante a aplica��o dos exames. Em Minas, s�o 568 mil inscritos na avalia��o.
Neste domingo, os participantes t�m 5h para responder a mais 90 quest�es de m�ltipla escolha. S�o 45 de Matem�tica e suas Tecnologias e 45 de Ci�ncias da Natureza e suas Tecnologias.
As provas seguem suspensas no Amazonas e em dois munic�pios de Rond�nia (Rolim de Moura e Espig�o do Oeste), devido � pandemia de COVID-19 nessas regi�es. O estado do Amazonas, por exemplo, vive uma crise no sistema de sa�de devido a falta de oxig�nio e insumos.
O movimento na portaria principal da Pontif�cia Universidade Cat�lica de Minas Gerais (PUC-MG), no Bairro Cora��o Eucar�stico, na Regi�o Noroeste de Belo Horizonte, foi tranquilo no final da manh�. Na frente da faculdade, alguns grupos conversavam e compartilhavam ideias sobre o exame.
Leonardo Eloi: 'Fiquei muito apreensivo na semana passada. Aqui na PUC n�o foi t�o complicado'
Leonardo Eloi, de 26 anos, est� no seu terceiro Enem e conta que ficou apreensivo pelo aumento de casos de COVID-19 no Brasil. “Fiquei muito apreensivo na semana passada. Aqui na PUC n�o foi t�o complicado. As salas estavam mais vazias mas isso n�o tira nosso medo. � complicado falar de seguran�a. � um v�rus que a gente ainda n�o conhece. Como a prova foi mantida, tive que vir fazer”, explica.
Ele conta que pegou dois �nibus para chegar at� a faculdade. “O que n�o foi dito � que n�o � s� fazer a prova, tem todo um trajeto de riscos.”
Fernanda Moraes, 17 anos, tamb�m compartilha desse sentimento. Filha de enfermeiros, que j� foram vacinados contra a COVID-19 durante a semana, ela conta que sentiu medo quando o an�ncio das provas foi confirmado.
“Ter meus pais vacinados me deu uma tranquilidade. No in�cio fiquei com muito medo. Mas o Enem tinha que acontecer. No primeiro dia, n�o teve protocolos. Foi tudo muito midi�tico. As pessoas n�o trocaram m�scaras, n�o teve �lcool em gel e n�o teve distanciamento social”, conta.
Fernanda Moraes disse que sentiu medo quando o an�ncio das provas foi confirmado
Ainda na frente da universidade, pequenos grupos de incentivo aos candidatos ofereciam brindes. Ambulantes vendiam �gua e canetas para os inscritos.
Participantes barrados
Na primeira rodada de provas, que aconteceu na �ltima semana, diversos participantes foram barrados de fazerem o exame, devido a lota��o m�xima das salas.
No entanto, a ju�za federal Marisa Cl�udia Gon�alves Cucio, da 12ª Vara C�vel Federal de S�o Paulo, determinou que os candidatos do Enem que foram barrados t�m direito � reaplica��o em fevereiro. A solicita��o deve ser feita da mesma forma.
A magistrada tamb�m negou o pedido de adiamento, feito pela Defensoria P�blica da Uni�o (DPU), para o segundo dia de provas, marcado para este domingo.
No primeiro dia do Enem, no �ltimo domingo (17/01), foi registrado o maior n�mero de absten��es da hist�ria. O Inep confirmou que 51,5% dos 5.523.019 inscritos na edi��o 2020 n�o compareceram aos locais de prova. Mesmo com o recorde de aus�ncias, o ministro da Educa��o, Milton Ribeiro, disse que o Enem “foi um sucesso” e avaliou como “algo vitorioso”.
Ambulantes
Na frente da faculdade, Alberto Jos� de Alc�ntara, 78 anos, vende doces, �gua e canetas. Ambulante h� cerca de 20 anos ele conta que nunca viu uma aplica��o do Enem como a deste ano. “T� tudo muito diferente. As pessoas, o movimento, tudo. N�o t� vendendo nada. Sobre distanciamento social e as medidas contra a COVID-19 n�o est�o sendo tomadas. Pelo menos, n�o aqui de fora”, conta.
Port�es abertos
Por causa da pandemia de COVID-19, o Inep alterou o hor�rio de abertura dos port�es, que antecipado em meia hora, das 12h para �s 11h30. A medida visa evitar aglomera��es na chegada dos candidatos ao local de prova.
No segundo dia de aplica��o de provas, os port�es foram abertos �s 11:20, mas poucos estudantes decidiram entrar, formando alguns pontos de aglomera��o na portaria principal da universidade.
#AdiaEnem
Leticia Vieira era contra a aplica��o das provas nos dias 17 e 24 de janeiro
A aplica��o do Enem tem sido alvo de disputas judiciais e campanhas estudantis. A prova, que estava prevista originalmente para novembro de 2020, foi adiada para janeiro de 2021 mesmo depois da enquete com participantes indicar o m�s de maio como a op��o mais votada.
De acordo com o Minist�rio da Educa��o, a prova em maio atrasaria o cronograma de outros programas de ingresso no ensino superior.
Leticia Vieira, 18 anos, foi contra a aplica��o das provas nos dias 17 e 24 de janeiro. "Cheguei at� participar de movimentos nas redes sociais. Foi muito complicado para mim, psicologicamente falando, ficamos de quarentena e n�o sab�amos se o Enem ia ser feito. Conciliar os estudos com EAD foi mais complicado ainda. Fiquei bem mal e senti muita falta de um apoio. A maioria dos estudantes votou na enquete do MEC para as provas serem realizadas em maio. N�o consigo entender o porque do governo n�o ter seguido nossa opini�o”, explica.
A jovem, que mora com av� de 78 anos, conta que sentiu medo de ser contaminada pela COVID-19. “Eu fiquei apreensiva. Ela mora comigo e posso colocar a vida dela em risco”, conta. “S�o 200 mil pessoas mortas e mesmo assim a prova est� sendo aplicada”, finaliza.
*Estagi�ria sob supervis�o do subeditor Daniel Seabra