H�bito de interpretar textos ajuda a lidar com grande volume de informa��es

Pensa que h�bito de leitura n�o � importante quando a ferramenta � a tela de computador, tablet ou celular? Se a resposta � sim, acaba de cometer um erro. Ainda mais se a discuss�o diz respeito � vers�o digital do Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem).

 

T�o importante quanto na prova em papel, ler corretamente e saber interpretar a quest�o � o grande trunfo para quem est� fazendo o teste fora dos moldes tradicionais. �ltima etapa da edi��o 2020 da avalia��o ocorre neste domingo (7/02), com provas de matem�tica e ci�ncias da natureza.

“O h�bito de interpretar textos jornal�sticos ou liter�rios faz o c�rebro depender menos de papel e lidar melhor com o grande volume de informa��es”, afirma o professor de matem�tica da Rede Chromos de ensino, Guilherme Ant�nio Lara Camargos.

 

Ele lembra que a maioria dos participantes do Enem � de uma gera��o digital, logo, sem problemas para se adaptar � ferramenta. E, se no primeiro momento preocupa o fato de uma prova com dura��o de cinco horas em frente � tela, as estat�sticas acalmam.

“Estudos mostram que o pessoal passa tempo equivalente em redes sociais e, este ano, muita gente foi obrigada a mudar essa rotina. Aluno do 3º ano (do ensino m�dio) que fez preparat�rio no contraturno teve em m�dia 10 horas por dia de tela”, relata.

 

“Essa gera��o est� habituada, mas quando falamos de leitura mais profunda, muda tudo. Passa o dedo na tela e se perguntarmos o que viu depois de tr�s imagens, n�o lembra mais. H�bito de leitura trabalha a capacidade de interpretar, o que fortalece ainda mais os participantes do Enem digital que precisam dessa habilidade mais desenvolvida.”

O professor Guilherme acredita que o Enem digital veio para ficar. A mudan�a da forma, que normalmente assusta e traz dificuldades, teve como ponto positivo o fato de o primeiro ano de aplica��o ter coincidido com o fechamento dos estabelecimentos de ensino em decorr�ncia da pandemia do novo coronav�rus.

 

“O lado positivo � que ela obrigou muita gente a ter contato com o digital, o que n�o ocorreria t�o rapidamente. Os estudantes fizeram o tempo todo simulados digitais. Acabamos criando uma mec�nica que seria implementada por causa da nova vers�o do Enem, mas dentro de cinco ou 10 anos”, avalia.

E, mesmo j� tendo transcorrido um domingo de prova, o conselho n�o muda: o primeiro ponto, de acordo com o professor, � prestar muita aten��o na orienta��o da mec�nica da prova, independentemente do conte�do. “Como passo para a pr�xima quest�o, como marco a alternativa correta?”, ensina.

 

“As orienta��es iniciais, momento no qual normalmente os alunos ficam dispersos por j� conhecerem, s�o agora fundamentais. Cada detalhe da orienta��o � muito importante. E n�o tenha receio de se desprender da timidez para perguntar, caso haja d�vidas”, diz o professor do Chromos.

 

“N�o tem que ficar acanhado achando que deve saber, porque � novo para todo mundo, n�o importa minha idade. E os aplicadores est�o ali para auxiliar. Fundamental este ponto para a pessoa n�o ser prejudicada n�o pela falta de conhecimento, mas pela mec�nica da prova.”

No campo pedag�gico, valem as mesmas orienta��es da prova impressa: conhecer o estilo da prova do Enem, que tem a particularidade de ter por tr�s de suas quest�es um vasto rol que exige dos estudantes dezenas de habilidades e compet�ncias.

 

“Tem texto, tem suporte e comando. O �ltimo item s�o as alternativas. O tempo � precioso no exame e h� muitos enunciados longos. Por isso, leia o comando primeiro para saber o que pede a quest�o e o que se deve buscar, como forma de fazer uma leitura mais direcionada.”

Guilherme Camargos lembra que na vers�o digital ou impressa valem as regras estat�sticas da teoria de resposta ao item (TRI) como corre��o. “No peso, quest�es mais dif�ceis valem mais, mas elas n�o s�o corrigidas individualmente. Quest�es com a mesma compet�ncia s�o corrigidas juntas”, explica.

 

“N�o pode anular quest�o, pois, se acertei, o ponto � meu. Mas se erra quest�es f�ceis e m�dias, o acerto das mais dif�ceis passa a valer menos. Tenho que ter a liberdade de fazer f�ceis e m�dias e deixar dif�ceis para o fim. Se gastar tempo na dif�cil e, porque n�o teve tempo, chutar e errar f�ceis, esse erro prejudica minha prova inteira.”

O professor achou o formato interessante e tranquilo. Ele foi para Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, fazer a prova para conhecer o projeto-piloto que deve se tornar a nova forma de se aplicar o Enem nos pr�ximos cinco anos.

 

“Precisamos entender o Enem digital e h� ainda muitas perguntas para serem respondidas, principalmente na quest�o da seguran�a da prova”, diz.

Mesmo j� tendo sido descortinada por uma parcela de brasileiros, algumas d�vidas ainda restam sem respostas, principalmente no tocante � seguran�a da avalia��o.

 

“H� pontos importantes a serem observados. Como essa prova � transmitida para os computadores dos locais de aplica��o? Todos os estabelecimentos est�o aptos a oferecer o mesmo sistema operacional, o mesmo hardware? O fato de usar hardware de terceiros nos preocupa, mas vamos ver antes de pensar que ser� ruim.”

FONTE: Guilherme Camargos/ Chromos