
O Sistema de Sele��o Unificada (Sisu) encerra hoje as inscri��es e, em meio ao “leil�o” de notas para garantir uma vaga em universidade federal, pelo menos uma faceta da educa��o superior j� est� definida. Ao contr�rio de anos anteriores, grande parte de quem ficar de fora de institui��o p�blica n�o correr� para se matricular nas particulares. Entre pandemia e crise econ�mica, a palavra prud�ncia parece tomar o lugar do sonho da gradua��o. J� na corrida das federais, especialista alerta para “pegadinha” do sistema.
Num ano de adiamento excepcional do Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem) e de toda a cadeia que dele depende, foi quase consenso entre as faculdades particulares postergar o per�odo de matr�culas do primeiro semestre de 2021, na expectativa de captar estudantes n�o aprovados por meio do Sisu. Mas, a segunda edi��o da pesquisa Observat�rio da educa��o superior: an�lise dos desafios para 2021 mostra um cen�rio igualmente at�pico.
O levantamento foi feito depois da divulga��o das notas do Enem pela empresa de pesquisas educacionais Educa Insights em parceria com a Associa��o Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes). “Dois ter�os da base de entrevistados receberam aux�lio emergencial. Para 56%, a interrup��o afetou a decis�o do curso superior”, afirma o diretor da Educa Insights, Daniel Infante.
“Quem recebe aux�lio emergencial � a classe menos favorecida economicamente e isso vai ao encontro do que temos martelado e tentado mostrar ao governo: que precisamos ampliar a pol�tica do Fies para essas pessoas terem aceso � educa��o”, completa o diretor-executivo da Abmes, S�lon Caldas. A pandemia surgiu como golpe duro para o setor, que vinha amargando queda de 700 mil para 50 mil contratos firmados pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) nos �ltimos sete anos, pondo em risco o aumento do acesso ao ensino superior. “Para reverter, o governo precisa fazer pol�tica p�blica que atenda o interesse dos alunos e n�o tratar educa��o como poss�vel rombo fiscal”, ressalta Caldas.
Para o presidente da Abmes, Celso Niskier, a retra��o s� n�o � maior por causa da educa��o a dist�ncia. “Pre�os mais acess�veis s�o alternativa para recupera��o. Por isso, � importante as institui��es investirem na inova��o e adaptar modelos para oferecer educa��o de mesma qualidade, mas de maneira mais acess�vel.”
SISU Se nas particulares a capta��o do in�cio do ano parece definida, nas federais, a primeira parte do jogo encerra nas pr�ximas horas, com mostras de que essa partida ter� nuances diferentes de anos anteriores. At� ontem, notas de cortes, principalmente dos cursos mais concorridos, como medicina e algumas engenharias, estavam mais altas. Mas nada que desanime os candidatos, caso o novo sistema de inscri��es tamb�m guarda surpresas indesejadas, como explica o diretor de Ensino do Bernoulli, Rommel Domingos.
Segundo ele, a reda��o � um dos pontos que fizeram “inflacionar” as notas de corte: mesmo que apenas 28 candidatos em todo o pa�s tenham cravado nota mil, aumentou o n�mero daqueles que tiraram notas acima de 900, com destaque para pontua��es na faixa de 980. A nota da produ��o de texto � considerada decisiva no Enem e, logo, no Sisu.
A segunda explica��o tem a ver com um processo implementado no sistema ano passado e considerado falho pelo especialista. “Na simula��o, o aluno joga uma nota alta em duas op��es. A simula��o o p�e nas duas vagas e, com isso, sobram menos lugares. Quando de fato essas notas forem distribu�das, essa vaga sai e a nota cai”, explica. Ele d� como exemplo o curso de medicina da UFMG, ano passado, que no �ltimo dia de inscri��es do Sisu fechou com nota de corte em 799 e, na segunda-feira, com as notas e vagas j� distribu�das, caiu para 794.
“O estudante que estiver muito longe do corte sabe que n�o conseguiu, mas aquele que estiver 10 ou 15 pontos est� vendido, sem saber se ser� ou n�o aprovado”, diz Rommel Domingos. “Objetivamente, se o corte de um curso � 800, o aluno pode pensar que ele cair� de uns seis pontos e depois tem lista de espera que faz cair mais uns 10. Se ele tiver at� 785 pontos faz sentido querer a vaga. Com 20 a 30 pontos de dist�ncia n�o entra mais na l�gica do sistema.”