
Segundo Magno Augusto, morador da regi�o e ex-aluno da escola, a comunidade � atendida pela institui��o desde 1963, quando foi inaugurada, e preserva toda a cultura do quilombo De Felipe. As aulas s�o para crian�as de at� 11 anos, que est�o na 5ª s�rie e cerca de 70 delas frequentam a escola.
Ap�s problemas com a caixa escolar, a institui��o ficou sem receber recursos e passou o ano de 2018 sendo sustentada por familiares de alunos, professores, comerciantes locais e a comunidade em geral, que fazia compra de material como folhas A4, merenda escolar e qualquer manuten��o que fosse necess�ria.
O problema foi causado h� anos, quando outra coordena��o estava � frente da escola e deixou presta��es de contas irregulares. As dire��es seguintes precisaram ajustar a situa��o, por�m, atualmente, o local est� sem coordenadores, j� que a �ltima diretora saiu do cargo em mar�o deste ano.
Sem coordena��o, a SRE alegou que a escola, que j� vem enfrentando problemas desde 2018, seria fechada, municipalizada ou tornaria um ‘bra�o’ de outra institui��o, a Escola Estadual Edmundo Pena, que fica no Centro de Bom Jesus do Amparo.
Caso a escola “De Felipe” se torne parte do munic�pio, os funcion�rios temem que as verbas destinadas n�o sejam suficientes para sustentar toda a estrutura e o local seja fechado futuramente. A outra op��o, se tornar um ‘bra�o’ da Escola Edmundo Pena, tamb�m causa preocupa��o em rela��o �s ra�zes da comunidade, que receia perder o nome da institui��o, al�m de todas as comemora��es tradicionais que s�o feitas no espa�o.

"� importante manter a escola aberta pela hist�ria. Manter a identidade das crian�as, os costumes, as festas da localidade. L� � um ponto de refer�ncia cultural da comunidade quilombola, n�o s� dos alunos, mas de toda comunidade que participa das atividades” conta Magno Augusto.
Se a escola for mesmo fechada, as crian�as precisariam ser transferidas para centros de educa��o no munic�pio e outro custo entraria para as contas, o transporte escolar. “A escola est� dentro de uma comunidade quilombola, n�o tem risco e nem custeio do transporte dos alunos. S�o cerca de 11km da comunidade at� o centro da cidade, isso geraria custo de transporte, risco para as crian�as, al�m de tirar a identidade delas, que estudaram a vida inteira na comunidade quilombola”, diz o ex-aluno.
Funcion�rios da escola acreditam que a solu��o � encontrar uma dire��o exclusivamente para a escola e n�o colocar uma das professoras para exercer os dois cargos, que causa ‘muito desgaste’, de acordo com Miriam Mota, uma das educadoras. “Como a professora vai cuidar da sala de aula e ainda ter uma coordena��o? N�o querem pegar, porque o cargo � muito trabalhoso e causa muito desgaste”.
Duas fun��es e um sal�rio baixo s�o apontadas como os problemas da falta de coordenadores no local, que teriam uma solu��o caso a Secretaria de Estado de Educa��o de Minas Gerais escolhesse um profissional exclusivamente para o cargo, segundo os funcion�rios.
“L� � uma comunidade especial, � quilombola. Merece uma aten��o especial. Nenhuma professora concorda com isso, � uma revolta geral dentro da escola. Toda vida trabalhamos ali, temos a escola como a casa da gente”, diz Miriam.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado de Educa��o afirmou que os alunos n�o ser�o prejudicados e um processo de escolha para novo coordenador est� em andamento.
Veja a nota:
A Secretaria de Estado de Educa��o de Minas Gerais (SEE/MG) esclarece que o atendimento na Escola Estadual de Felipe, em Bom Jesus do Amparo, segue normalmente sem preju�zo para os alunos da comunidade que estudam nesta unidade. A Superintend�ncia Regional de Ensino Metropolitana A, respons�vel pela coordena��o da escola, est� acompanhando a situa��o da unidade e o processo de escolha de um novo coordenador, que j� est� em andamento.
*Estagi�ria sob supervis�o da editora-assistente Vera Schmitz