
Para se inscrever, os candidatos devem acessar a p�gina do participante e escolher entre fazer a prova impressa ou digital.
Este ano o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais An�sio Teixeira (Inep), respons�vel pela realiza��o do Enem, vai oferecer mais de 101 mil inscri��es para a vers�o digital da prova. Apenas alunos que j� conclu�ram o ensino m�dio ou v�o concluir em 2021 podem optar por este modelo.
Al�m disso, as provas impressa e digital ser�o feitas na mesma data e, portanto, ter�o as mesmas quest�es e proposta de reda��o.
Essa � a segunda edi��o do exame realizada durante a pandemia.
“Para esse ano, n�o esperamos grandes mudan�as. � fato que todo ano tem algumas pequenas varia��es. �s vezes uma prova mais f�cil, outra mais dif�cil, mas n�o � uma mudan�a dr�stica. N�s acreditamos que o Enem n�o deva ter mudan�as estruturais”, afirma o diretor de ensino do Grupo Bernoulli, Rommel Domingos.
Apesar de n�o acreditar em muitas diferen�as, segundo ele, a prepara��o dos alunos foi afetada pela pandemia e as aulas remotas.
“A prepara��o do aluno foi afetada desde o ano passado, em fun��o da pandemia. Grande parte deles se adaptou bem ao ensino remoto, conseguiu desenvolver e crescer apesar das dificuldades. Est� agora se preparando para o Enem e n�o deve ter perda no seu rendimento. Mas � fato que h� um grupo de alunos que n�o se adaptou e est� tendo dificuldade de administrar o seu tempo e estudar. Em particular, os alunos mais pobres, que t�m menos espa�os em sua resid�ncia, que n�o tem bons equipamentos, a qualidade da internet.”
Outro que n�o acredita em mudan�a no n�vel das provas � o diretor da Associa��o Pr�-PUC e UFMG Pr�-vestibular, Richard Thuin.
“A maior altera��o seria a prova on-line. As duas v�o ser no mesmo dia esse ano. Quanto ao conte�do n�o vejo diferen�a n�o.”
Ele tamb�m destaca que a pandemia dificultou a prepara��o dos alunos, principalmente os mais carentes.
“Eles tiveram aula on-line, alguns conseguiram acompanhar, outros n�o. Em fun��o disso, n�s estamos formando muitos alunos no EJA (Educa��o de Jovens e Adultos). Principalmente alunos de 3° ano que n�o conclu�ram na escola p�blica e est�o buscando o curso EJA. Com a pandemia, os pais de alguns alunos perderam o emprego e os filhos precisaram buscar atividades para ajudar no sustento da casa. Com isso, alguns pararam de estudar e resolveram terminar o curso com o EJA, por ser mais r�pido. E ele habilita o aluno a fazer as provas do Enem”, explica.
Mas, para Rommel Domingos, existe um fator positivo para a edi��o deste ano. “A ansiedade � menor. Esse ano a pandemia continua. O retorno do pr�-vestibular j� aconteceu e do col�gio ainda n�o, estamos aguardando. Mas � um retorno muito comedido, muitos alunos ainda continuam em casa. Mas a ansiedade esse ano � muito menor que a do ano passado. O ambiente n�o est� pesado, com uma ansiedade t�o grande.”
Aprova��o n�o foi afetada
Os dois diretores afirmam que, apesar de alguns alunos terem apresentado dificuldades com as aulas on-line, a aprova��o n�o foi afetada.
“De uma maneira geral, a aprova��o n�o � afetada. S� que o indiv�duo � afetado porque tem aquele que se adapta bem e tem aquele outro que n�o tem esse perfil, n�o gosta de ficar em casa, n�o tem bom ambiente em casa ou simplesmente porque ele n�o se adapta. Esse aluno acaba sendo prejudicado pela imposi��o de uma realidade que � a pandemia”, ressalta Rommel Domingos.
Para ele, o fato dos cursinhos j� terem retornado com as aulas presenciais pode ajudar nesse problema.
“Tem a quest�o do pr�-vestibular j� ter voltado. Ent�o vem para a aula presencial justamente os que precisam mais. O aluno que j� est� mais adaptado, continua estudando em casa. E o aluno que est� sofrendo mais e n�o conseguiu se adaptar, acaba entrando no rod�zio e sendo beneficiado. Foi important�ssima a volta ao presencial, nesse caso.”
Richard Thuin acredita que as aulas on-line exigem um esfor�o maior dos alunos.
“Na aula on-line, os alunos ficam mais t�midos e n�o perguntam. As aulas ficam gravadas. O curso remoto precisa de muita dedica��o. Com as v�deo-aulas, apesar do aluno ter mais carga de conhecimento e mais tempo, � mais superficial. O aluno n�o aprende o contexto todo. Esse aluno vai precisar de mais interesse e, alguns alunos nessa idade tem pouco interesse.”
Apesar disso, ele afirma que a aprova��o na edi��o deste ano n�o foi afetada. “Em 2020, n�s t�nhamos diversos alunos de escolas p�blicas que continuaram as aulas mesmo a dist�ncia e tivemos uma aprova��o muito expressiva, de 86%.”
Dois alunos com perfis diferentes
Ana Beatriz Gontijo tem 19 anos e vai fazer o Enem pela segunda vez. Ela se formou em 2020 e tenta o curso de medicina.
“No in�cio deste ano foi a primeira vez que eu fiz (o Enem) valendo, n�o como treineira. No in�cio, a adapta��o �s aulas on-line foi muito dif�cil. E a confus�o toda de fazer enquete, falaram que seria uma data, depois foi em outra. S� foi adiando. Isso foi muito angustiante, a gente n�o tinha nenhum cronograma para seguir e planejar porque n�o tinha uma data.”
Ela acredita que o impasse sobre a realiza��o do exame pode ter atrapalhado seu desempenho.
“N�o posso colocar a culpa 100% nisso, mas acho que prejudicou sim. Foi uma prova muito diferente em rela��o ao conte�do. Por exemplo, Hist�ria do Brasil, n�o caiu praticamente nenhuma quest�o. E os professores nos prepararam de acordo com as experi�ncias anteriores do Enem.”
A estudante conta que, este ano, a prepara��o est� sendo mais tranquila.
“Como a gente j� teve a experi�ncia do on-line ano passado, esse ano est� sendo um pouco mais f�cil. Eu j� peguei o ritmo, o jeito de estudar em casa. Inclusive eu estou no pr�-vestibular em que as aulas presenciais j� voltaram (no modelo h�brido). Mas eu nem estou indo porque j� me acostumei com a rotina de estudar em casa.”
Para ela, as aulas remotas tem suas vantagens. “Voc� pode pausar a aula, assistir de novo, ver na velocidade mais r�pida, que acaba facilitando. Acho que vai ser bem melhor do que foi ano passado.”
Outro ponto positivo para a prepara��o, segundo Ana Beatriz, � o exame j� ter uma data definida. “Mesmo que ela seja adiada em 1 ou 2 meses, a gente n�o t� totalmente sem dire��o. Isso facilita bastante.”
J� Wanderson dos Santos, de 24 anos, vive uma situa��o diferente. Ele vai tentar o Enem pela terceira vez, sempre estudou em escola p�blica municipal e terminou o ensino m�dio em 2015. Tamb�m quer fazer medicina, mas n�o conseguiu se adaptar ao ensino remoto.
“Foi uma experi�ncia muito ruim por causa da distra��o. Qualquer barulho te distrai e a prepara��o acaba prejudicada. Na aula presencial voc� tem um compromisso maior. Na aula on-line n�o, como ela � gravada, voc� sempre pode deixar para ver depois. Come�a a fazer outras coisas e quando v� est� com um monte de mat�ria acumulada”, explica.
Ele tamb�m fez as provas da edi��o 2020 do Enem e conta como foi a experi�ncia.“Achei a prova mais complicada, dif�cil. Acho que eles cobraram coisas que a gente n�o via no cursinho.”
Al�m disso, o estudante enfrentou dificuldades em acessar as aulas. “Nessa �poca de pandemia, com muita gente em casa, acaba que sobrecarrega o sistema. Ent�o a internet fica muito mais lenta. �s vezes, eu perdia a aula porque n�o tinha internet.”
Como n�o conseguiu se adaptar �s aulas remotas, decidiu voltar para o presencial. “Eu prefiro voltar para as aulas presenciais, on-line de novo eu n�o quero, me prejudicou muito.”
* Estagi�ria sob supervis�o da subeditora Ellen Cristie.