
A opini�o, exposta durante entrevista ao programa Sem Censura, da TV Brasil, se soma ao longo rol de tumultos promovidos pelo governo de Jair Bolsonaro no MEC - que j� teve um ministro colombiano naturalizado brasileiro que criticou os brasileiros, outro que pretendeu rebater acusa��es parodiando a dan�a de Gene Kelly em Singing In The Rain e at� mesmo um que durou cinco dias no cargo e foi derrubado por ostentar falsos t�tulos acad�micos. Para piorar, foram quatro titulares da pasta em um ano e meio de governo.
O primeiro da lista de confus�es foi o colombiano naturalizado brasileiro Ricardo V�lez, que assumiu j� tendo de enfrentar a guerrilha olavista que pretendia tomar conta da m�quina administrativa do MEC. Mas, numa tentativa de pacifica��o com a fac��o, anunciou uma revis�o nos livros did�ticos para reformular como a ditadura militar e o golpe de 1964 s�o retratados aos estudantes.
Em mais um aceno aos olavistas, pediu �s escolas de todo o Brasil que gravassem os alunos cantando o Hino Nacional e que fosse lida uma carta com o slogan eleitoral de Bolsonaro - "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos". Recuou das iniciativas depois da tempestade de cr�ticas, mas n�o se calou. Numa entrevista a um seman�rio, analisou de forma preconceituosa seus compatriotas.
"O brasileiro viajando � um canibal. Rouba coisa dos hot�is, rouba o assento salva-vidas do avi�o, ele acha que pode sair de casa e carregar tudo. Esse � o tipo de coisa que tem de ser revertido na escola", disse.
Foi demitido e substitu�do por Abraham Weintraub, dono de imenso apetite para a confus�o. Al�m de afirmar que as universidades p�blicas eram um "antro de maconheiros" e uma "balb�rdia", n�o se furtava em aparecer em situa��es constrangedoras. Tal como quando postou no Twitter uma suposta par�dia de Gene Kelly no cl�ssico do cinema Singing in The Rain para rebater a acusa��o de que reduzira as verbas destinadas � recupera��o do Museu Nacional - totalmente destru�do num inc�ndio em 2017.
A gota d'�gua, por�m, veio depois que chamou os ministros do Supremo Tribunal Federal de "vagabundos", na j� hist�rica reuni�o ministerial de 22 de abril de 2020, e quando "denunciou" um suposto plano chin�s de domina��o do mundo p�s-pandemia de covid-19. Foi denunciado na Justi�a por racismo, inclu�do no inqu�rito das fake news do STF e, a seguir, dispensado.
Sucedido pelo professor e economista Carlos Decotelli, pensava-se que o MEC entraria numa rota de serenidade. Mas, em poucas horas, procuradas pela imprensa para a confirma��o dos t�tulos acad�micos, as universidades de Ros�rio (Argentina) e de W�ppertal (Alemanha) negaram que ele tivesse o doutorado e o p�s-doutorado que registrou no Curr�culo Lattes. Ficou "no cargo" apenas cinco dias e sequer foi nomeado.
Depois de Decotelli, o pastor evang�lico Milton Ribeiro - doutor em educa��o pela Universidade de S�o Paulo (USP) e ex-reitor da Universidade Mackenzie - assumiu o MEC. A preced�-lo, por�m, havia v�deos de cultos que presidiu nos quais culpou a linha existencialista ensinada em universidades pela "pr�tica totalmente sem limites do sexo" - algo que tamb�m seria estimulado, segundo ele, pelos m�todos contraceptivos.
Al�m disso, Ribeiro defendeu que as agress�es fa�am parte da educa��o das crian�as porque considera ser a inoc�ncia delas "relativa". Outra posi��o que externou, mas relacionada aos tempos de antes do MEC, � que "quando o homem n�o imp�e a dire��o que a fam�lia vai tomar" a porta fica aberta aos desvios.
As inc�modas opini�es de Ribeiro
Inclusividade
"Quando eu falei (que as crian�as com defici�ncia) atrapalham, deixa eu explicar para voc�s. N�s temos, hoje, 1,3 milh�o de crian�as com defici�ncia que estudam nas escolas p�blicas. Desse total, 12% t�m um grau de defici�ncia que � imposs�vel a conviv�ncia".
Universidades federais
"Acho que o futuro s�o os institutos federais, como � na Alemanha hoje. Na Alemanha, s�o poucos os que fazem universidade. A universidade, na verdade, deveria ser para poucos".
Ensino t�cnico
"Com todo o respeito que tenho aos motoristas, uma profiss�o muito digna, mas tem muito engenheiro, muito advogado dirigindo Uber porque n�o consegue a coloca��o devida".
Reitores
"Tenho pelo menos uns 20 a 25 reitores que eu converso plenamente. Dez deles eu trouxe para visitar o presidente da Rep�blica. Coisa in�dita, um reitor de uma universidade federal que seja, n�o digo que precisa ser bolsonarista, mas n�o pode ser esquerdista, lulista (...). As universidades federais n�o podem se tornar comit� pol�tico de um partido A, nem de direita e muito menos de esquerda".
Conectividade das escolas
"A quest�o da conex�o � important�ssima. S� que, na minha vis�o como gestor e ministro, eu acredito que existem outras prioridades. (...) Hoje, n�s temos ainda muitas escolas que s�o rurais, onde n�o h� nem sinal de internet".
(Colaboraram Gabriela Bernardes* e Luiza Victorino*, estagi�rias sob a supervis�o de Fabio Grecchi)