
A especialista em educa��o inclusiva h� 21 anos entende que um dos principais anseios dos pais �, justamente, saber como a escola, esse outro n�cleo social, receber� aquela crian�a, principalmente se ela tem alguma defici�ncia. "O primeiro n�cleo social que essa crian�a tem � a fam�lia, e, dentro dessa fam�lia, ela tem uma prote��o. Ent�o, o primeiro anseio que vemos � o de ampliar as rela��es sociais. Entre as d�vidas, est�o a forma como a escola vai receber a crian�a com defici�ncia e como os colegas de sala a acolher�o", indica.
A socializa��o de Camila Gayoso, 12 anos, que nasceu com s�ndrome de Down, foi uma das principais preocupa��es da servidora p�blica Alessandra Gayoso, 49, na busca por uma escola para a filha do meio. "Acho que consegui achar uma escola que prioriza o que, para n�s, � o mais importante: a socializa��o dela. Ela estar no contexto escolar, na mesma escola das irm�s e n�o ter um tratamento t�o diferenciado, sempre foi muito importante", comenta.
Camila cursa o 6º ano do ensino fundamental no Col�gio Ideal, e a m�e acredita que encontrou um lugar no qual ela se sente parte da comunidade escolar, j� que nem sempre essa busca � f�cil. "A quest�o da inclus�o ainda � delicada, pois existem muitas institui��es de ensino com limita��es, como a forma��o e disponibilidade de profissionais, al�m da pr�pria estrutura da escola. A escolha de um col�gio envolve todos esses requisitos", aponta.
Perman�ncia
Mais do que estar aberta e preparada para aceitar alunos com as mais diversas necessidades, as escolas, para serem inclusivas, precisam estar preparadas para garantir a perman�ncia e a participa��o das crian�as no processo de aprendizagem. � o que explica a neurocientista Carolina Videira. Ela tamb�m � idealizadora da Turma do Jil�, organiza��o que visa garantir a educa��o inclusiva nas escolas p�blicas, e m�e do Jo�o, 13 anos, crian�a com m�ltiplas defici�ncias, e da Maria, 10, sem defici�ncia.
"Comecei a ver a falta de conhecimento geral sobre pessoas com defici�ncias quando meu filho foi para a escola. Enquanto ele estava na minha casa, com a minha fam�lia, a gente tirava as barreiras para ele, e comecei a cobrar da escola a participa��o e o aprendizado. O paradigma que vivemos hoje � que as escolas aceitam, essas crian�as est�o ali dentro, mas n�o est�o participando em igualdade de condi��es", relata.
Carolina tamb�m chama a aten��o para conceitos que a sociedade ainda confunde, como a educa��o inclusiva e a especial. "A educa��o inclusiva � aquela que respeita as diferen�as de religi�o, de cultura, de defici�ncias, de ra�as. Enfim, de toda essa pluralidade. Ela n�o substitui a educa��o especial, mas, sim, complementa. Assim, como a educa��o especial tamb�m complementa a inclusiva", explica.
A educa��o especial � vista como uma modalidade de educa��o voltada para esse p�blico-alvo - que s�o pessoas com defici�ncia, com transtornos de aprendizagem, com altas habilidades e superdota��o -, e tem que acontecer no contraturno da escola, com professores especializados. "Ela vai trabalhar essas dificuldades de aprendizagem do aluno, mas ele tamb�m tem o direito de estar em uma escola regular, com garantia de participa��o e aprendizado", ressalta.